Olá, pessoal.
Diante de tantas contribuições, gostaria de retribuir e aprofundar a discussão sobre ROE iniciada por @luqteixeira Antes de mais nada, se eu falar alguma besteira, podem me corrigir, pois eu estou aqui para aprender mesmo.
Como mostrou muito bem o forista acima, ROE = Margem Líquida x Asset Turnover x Alavancagem, onde "asset turnover" é definido como receita/ativos. Foi discutido no tópico "Análise de ROE x Margem" que em empresas em que a receita é muito maior do que seus ativos, a margem baixa pode ser compensada por um maior giro e o ROE não ser afetado negativamente.
Neste tópico, eu gostaria de discutir o papel ambíguo da alavancagem, definida como "ativos/patrimônio líquido". Na análise do luqteixeira, observamos que ROE = lucro líquido/patrimônio líquido, pode ser definido como ROE = lucro líquido/receita x receita/ativos x ativos/patrimônio líquido. Para chegar a esta última definição, basta multiplicar tanto o numerador quanto o denominador por "receita" e também por "ativos". Como mostrou o @luqteixeira, chegamos à fórmula alternativa do ROE como ROE = Margem Líquida x Asset Turnover x Alavancagem.
Sabemos que margem líquida = lucro líquido/receita. Vamos destrinchar a margem líquida, multiplicando o numerador e denominador tanto pelo EBT quanto pelo EBIT, que seriam as receitas antes dos impostos e antes dos impostos e juros.
Neste caso, margem líquida = lucro líquido/EBT x EBT/EBIT x EBIT/receita. O lucro líquido/EBT nada mais é do (1 - alíquota de impostos). O EBT/EBIT nada mais é do (1 - taxa de despesas com juros). Por último EBIT/receita seria a margem operacional da empresa. Assim, o ROE poderia ser visto da seguinte maneira:
ROE = (1 - alíquota de impostos) x (1 - taxa de despesas com juros) x margem operacional x asset turnover x alavancagem.
Nesta última equação, fica claro que, com tudo o mais constante, se aumentarmos o asset turnover (receita/ativos) ou se aumentarmos a margem operacional, com certeza, teremos um ROE maior. Da mesma maneira, se a alíquota de impostos aumentar, com tudo o mais constante, teremos um ROE menor. Contudo, a alavancagem tem um efeito ambíguo que pode ser claramente visto por esta equação. Se a empresa aumenta seus ativos sem um aumento proporcional do seu patrimônio líquido, ou seja, se a empresa aumentar sua alavancagem, ela não necessariamente terá um ROE maior, já que se por um lado a empresa aumenta o "ativos/patrimônio líquido", por outro lado, ela também aumenta a taxa de despesas com juros, o que nos leva um menor (1 - taxa de despesas com juros).