Olá pessoal.
[Sei que já discutimos isso em alguns tópicos, mas acho que a relevância está na qualificação da fonte, além de trazer algumas informações interessantes].
Agora de manhã, tive uma conversa muito interessante com um analista de uma gestora de investimentos. Não vou detalhar qual a gestora, pois a discussão não foi apenas sobre aquela gestora ou sobre os FIIs dela, mas sim sobre o mercado em geral.
O foco da conversa foi sobre como o PL dos FIIs de papel (seja de CRI/LCI, de FII ou misto) pode ser afetado pela obrigatoriedade da distribuição de 95% dos rendimentos. Meu receio era de que esses fundos, por atualmente estarem impedidos de reter mais que 5% dos rendimentos, eles não teriam condições de fazer seu PL acompanhar a inflação.
Para ilustrar, dei um exemplo numérico:
- Um fundo adquire uma LCI no valor de R$ 1 milhão, com taxa de 100% CDI;
- Um ano depois, o papel vence e credita na conta do fundo R$ 1,1 milhão (supondo-se um CDI de 10% a.a.);
- Desse resultado, o fundo é obrigado a distribuir R$ 95 mil, ficando com, no máximo R$ 5 mil, além do R$ 1 milhão inicial;
- Esse saldo final (R$ 1.005 mil), é apenas 0,5% superior ao saldo inicial, ou seja, menor em termos reais, já que é pouco provável, que no médio prazo, o Brasil veja uma inflação de apenas 0,5% no mesmo período.
- Em resumo, a cada liquidação de posição e respectiva distribuição do resultado, o valor que sobra para o fundo é progressivamente menor em termos reais.
O analista foi extremamente gentil e concordou com a minha interpretação. Mostrou que a legislação faz com que o cálculo de rendimentos a serem distribuídos seja feito unicamente com os valores nominais, sem considerar qualquer atualização inflacionária. Ou seja, no longo prazo, os FIIs de papel tendem a manter seu PL constante em termos numéricos, mesmo que isso implique em corrosão em termos reais.
Em resumo, a regra beneficiou quem procura uma distribuição maior de rendimentos. Quem realmente estiver preocupado em manter seu “PL pessoal” atualizado em termos reais terá que acompanhar os relatórios de vez em quando, para fazer as contas manualmente para pegar uma parte dos rendimentos e comprar algumas cotinhas ao longo do tempo, conforme o fundo vai girando o patrimônio. Se for um fundo mais ativo (ou que está em um período mais agitado de compras e vendas), o acompanhamento tem que ser mais frequente; se for um fundo que se mexe menos, dá pra olhar mais espaçadamente.