Desculpem, sou burrão. Tentei montar um quebra-cabeça do que fui lendo sobre geradoras, inclusive de comentários daqui, e gostaria da opinião dos senhores sobre o "resumo" que fiz, se tem alguma coisa equivocada ou algum ponto importante a ser acrescentado. Obrigado.
Segue o texto:
As usinas hidroelétricas responderam, em 2014, por 73% da energia gerada no país, enquanto as termoelétricas foram responsáveis por 23% e as eólicas, por 1%. O despacho dessas usinas é calculado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que indica quais usinas devem produzir energia.
A lógica dessa operação é baseada na minimização de custos para o sistema, o que significa que as geradoras não têm controle sobre sua geração. O risco dessa operação é rateado entre as usinas hidroelétricas de todo o país por meio do Mecanismo de Realocação de Energia (MRE).
Dessa forma, o MRE realoca de forma contábil a energia, transferindo o excedente daqueles que geraram além de sua garantia física para aqueles que geraram abaixo.
A cada usina atribuiu-se uma Garantia Física, a máxima quantidade de energia que cada empreendimento pode vender em contratos.
Todas as usinas hidroelétricas participam compulsoriamente do Mecanismo de Realocação de Energia, que visa o compartilhamento do risco hidrológico. O GSF (em inglês, Generation Scaling Factor) é a relação entre o volume de energia efetivamente gerado pelo MRE e a Garantia Física total do mecanismo.
Desde 2014, o GSF tornou-se um pesadelo bilionário para as geradoras hidroelétricas. A primeira causa desse desequilíbrio financeiro das geradoras se refere aos riscos hidrológicos e comerciais. Em caso de baixa pluviosidade ou se houver erro na estratégia de contratação de energia das geradoras, estas devem colher recompensas ou prejuízo.
A segunda causa provém das políticas de expansão e operação impostas pelo governo, que alterou os modelos e estratégias das geradoras, deixando-as expostas de forma involuntária, com a imposição de riscos para os quais não há ferramentas de gestão disponíveis.
Com isso, as geradoras hidroelétricos não possuem controle sobre as variáveis associadas à política energética do governo. Ainda assim, o risco dessas políticas é conferido à geradora hidroelétrica.
Para recuperar o nível dos reservatórios, e garantir a segurança do fornecimento de energia, acionou-se usinas de fontes não hidráulicas e se incentivou a redução do consumo, levando à redução da geração total do MRE e, consequentemente, à submersão do GSF, restando às geradoras o pagamento do ônus.
Explicando o GENERATION SCALLING FACTOR (GSF) de maneira simplória: a empresa vende antecipadamente certa quantidade de energia, mas na hora de entregar, geralmente anos depois da venda, as hidrelétricas geram menos energia que o vendido. Essa energia que falta é medida pelo GSF.
Em 2015, para manter os reservatórios cheios o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) diminuiu a vazão das hidrelétricas, reduzindo sua geração de energia. Ou seja, a culpa foi do ONS, mas foram as geradoras que tiveram que pagar a conta comprando no mercado livre e pagando mais por isso a energia que faltava. É interessante observar que mesmo que uma usina individual gere abaixo de sua garantia, ela só vai ter de recorrer ao spot caso sua necessidade não seja suprida pelo rateio do MRE. Nesse rateio, ela paga apenas pelo preço de custo da energia. Se mesmo com o rateio do MRE não fosse coberta a diferença do GSF, ela pagaria mais ainda no mercado secundário.
A Repactuação do GSF surgiu justamente para as geradoras não terem que arcar sozinhas com essas despesas quando existe GSF. Agora está havendo um consenso que isso deve ser compartilhado com o consumidor, ou seja, se a não-geracao for devido ao risco hidrico, a tarifa sobe e o prejuizo nao fica apenas com as geradoras.