Acho peculiar alguns analisarem preço da moeda, mas não entender o significado de valor que uma moeda forte traz para a economia de um país e para sua população. Todo país desenvolvido tem moeda forte respaldando sua economia e melhorando o bem estar de sua população. Engana-se os analistas de cotação ao falar de câmbio forte e câmbio fraco sem analisar histórico inflacionário da moeda. Veja um cálculo disso feito por mim comparando Real x Dólar e o quanto nossa moeda enfraqueceu desde 1 de julho de 1994 mediante aos efeitos perversos da inflação até os dias de hoje. Lembrando que o índice é atrelado ao IPCA - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, esse índice engloba uma parcela maior da população. Ele aponta a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal de 1 e 40 salários mínimos. E leva em consideração tais indicadores:

A data é 01/07/1994 (ano que o Real entrou em circulação) e termina em 08/12/2020 (que se refere ao mês de novembro). Essa data 08/12 é referente ao último histórico, já que o sistema não abriu para janeiro ainda. De qualquer forma, podemos ter uma ideia do que a inflação causa na moeda fraca, o que acaba fazendo a Lei de Gresham ser implacável em qualquer economia.
Notem os senhores o que 100 reais comprava em 1994 e o que o mesmo compra hoje:

Ou seja, hoje corrigido pela inflação, eu preciso comprar a mesma cesta de bens e serviços com R$ 648,64 (um caminhão de dinheiro), isso quer dizer que eu preciso de mais moeda para comprar o que antes comprava com apenas 100 reais (lembrando que o Real e Dólar no início do Plano Real tinha paridade). O IPCA leva em consideração o aumento de preços em vários setores, como: alimentação e bebidas; transportes; habitação; vestuário; saúde e cuidados pessoais; despesas pessoais; educação; comunicação e artigos de residência, o que acaba tendo uma relação direta com o dólar, uma vez que quase tudo é precificado em dólar nesses setores (inclusive educação), por exemplo, o trigo é uma commodity precificada na moeda americana, onde faz com que um simples aumento do dólar encareça o pão e vários remédios, já que muitos remédios usam o trigo como matéria prima, não é novidade a correção bater R$ 648,64, um assombro na minha humilde opinião.
Quando analisamos esse mesmo histórico em um país de moeda forte, como é o caso dos EUA, embora lá o IPCA seja o Consumer Price Index (CPI), vemos o quanto a inflação é estável lá, diferente daqui. Analisando o mesmo período e com um indicador correlato ao nosso IPCA, temos isso:

Mesmo período para não haver dúvidas sobre o fato.

E vemos uma inflação de 78.16% contra uma de 548,63%. A conclusão é que uma cesta de bens e serviços em 1994 comprada com $100 dólares, hoje compra com apenas $178,16 dólares (não convertam, isso estaria errado, porque o que vale é a inflação por país, o que vale é o fato de o americano ganhar em dólar e gastar em dólar, não há trade com câmbio nem nada, isso é uma idiotice, o ponto é que a inflação lá nos EUA foi muito menor do que aqui por motivos óbvios, MOEDA FORTE e que serve como referência. Há quem diga que cambio forte em relação ao real é bom para exportar, discordo totalmente, mas não vou entrar nesta seara aqui.
O que essa análise evidencia são algumas coisas importantes:
1 - Os EUA têm uma economia estável e com baixa inflação
2 - Sua moeda é forte, inclusive desde quando Nixon arrebentou o padrão dólar-ouro, os EUA passaram a ter uma soberania maior na impressão de sua moeda já que não precisava mais atrelar o seu preço por onça troy, e conquistou de certa maneira uma capacidade de imprimir um ativo referência para precificar tudo, quase que como um índice (vide o DXY), único país com essa capacidade até o momento.
3 - Moeda forte é isso, não se desvaloriza e nem fica à mercê de malucos que brincam no Banco Central com o poder de compra dos outros, e é justamente o que faz um país se desenvolver e fazer com que sua população tenha uma maior poder de compra e, consequentemente, maior bem estar sONcial.
Reserva de valor em moeda forte, não é uma escolha, é uma obrigação para quem quer se proteger de inflação e esfacelamento da moeda. Além disso, me surpreendi com a inflação estar na casa de 78% nos EUA, uma vez que no final de 2019 (último cálculo que fiz) batia algo na casa de 73% (efeitos do Covid-19 e o fato de o Fed imprimir moeda mais do que o Willy Wonka fabricava de doce, pode ter uma relação para o aumento).
Eu particularmente vejo reserva de emergência de 3 formas (gastos inesperados e por isso sou obrigado a tê-la em real, já que dólar não é uma moeda circulante no Brasil e nenhuma outra é -- exceto o Real -- de preferência na poupança eu manteria). A outra reserva para despesas mensais, essa sim poderia ser muito gorda e colocada uma parte em moeda forte (tanto faz), mas uma parte a tal ponto onde não comprometa minha liquidez, por exemplo, antecipando 6 meses do que tenho em dólar para o real, já que é quase impossível o real ficar mais fraco que o dólar em termos reais (não confunda com unidade de contas), isso consideraria reserva de emergência para despesas mensais fixas. O preço do câmbio poderia impactar numa ou outra venda na conversão, mas o preço é o de menos, até porque seria um custo médio e fracionado, o objetivo não é dar uma de Tradersson com moeda, até porque o câmbio variou em décadas e, mesmo assim, o Dólar continuou tendo valor, vide as tabelas acima, então o preço pouco importa da moeda em relação a alguma outra (mas ao converter pra moeda fraca ficaremos exposto ao risco inflacionário e às mazelas de uma moeda fraca), pois o objetivo é o valor. O resto que seria parte da reserva de valor, uma terceira "reserva de emergência", seria deixada esquecida e usada para alguma coisa inesperada, um Cisne Negro qualquer, uma mudança de país... Sei lá!
Para mostrar que essas oscilações do câmbio pouco importa no curto prazo, veja um gráfico do DXY (que é o índice que mede a força do dólar em relação a uma cesta de moedas também forte, sendo o Euro a de maior peso na comparação).

Um curtoprazista analisa como tendo um enfraquecimento da moeda, mas um longoprazista vê que não passa de uma ilusão, acima período de 3 meses, abaixo 10 anos:

Não duvido que o dólar enfraqueça, mas as outras moedas ficarão piores, efeitos de inflação monetária que vem desde 1932 com o abandono do padrão ouro (ativo real) entre outros fatores que não precisas ser colocados aqui para não poluir o intuito. Mas isso não muda o fato de que no sistema atual e no longo prazo é uma moeda forte sim e que qualquer moeda forte como reserva de valor é excelente para proteção, não investimento, PROTEÇÃO.