O patamar de preço mais alto do minério de ferro, em um momento de crescimento de vendas, vem contribuindo para melhorar o humor do mercado com as mineradoras. As expectativas são que as companhias divulguem bons resultados referentes ao quarto trimestre do ano passado, encerrando com um sentimento mais positivo um ano que foi difícil para a mineração global. Nos últimos três meses de 2013, o preço médio foi de US$ 134,5 por tonelada, bem acima do previsto. Analistas previam algo próximo a US$ 110 por tonelada, resultado de uma esperada desaceleração da demanda chinesa. Mas isso não aconteceu. As siderúrgicas da China - responsáveis por cerca de 60% da demanda global por minério de ferro - surpreenderam ao manter o vigor de suas compras. Em 2013, importaram 820 milhões de toneladas, 10,2% acima do volume de 2012, segundo a prévia da Administração de Alfândega do país.
A demanda chinesa ajudou a manter o preço do minério acima de US$ 130 por tonelada de agosto até o início deste ano. No último trimestre do ano passado, o preço médio foi nada menos que 11,5% superior ao valor do mesmo período de 2012 (US$ 120,6 por tonelada), o que vai ajudar a puxar os resultados das empresas que serão publicados nas próximas semanas. Na noite de quarta-feira, a Rio Tinto já divulgou que seus embarques de minério de ferro no quarto trimestre de 2013 subiram 8% na comparação com o mesmo período de 2012, para 72,4 milhões de toneladas. Os números da anglo-australiana provocaram uma corrida dos investidores por papéis do setor ontem. As maiores mineradoras globais tiveram um pregão de forte alta na bolsa de Londres. No Brasil, as ações preferenciais da Vale terminaram o dia em leve alta de 0,1%, depois de terem chegado a subir perto de 2% de manhã, entre as maiores altas do Ibovespa. Mas outros fatores também mexem com os papéis. Para Victor Penna, analista do Banco do Brasil, as ações da Vale sofreram na bolsa neste início de ano e os fundamentos da empresa não justificam uma continuidade da queda.
Ainda como razão para uma melhora do humor com as mineradoras, especialistas dizem que as empresas fizeram grandes esforços no ano passado para cortar custos e aumentar a eficiência. Algumas passaram a se concentrar em atividades mais rentáveis, se desfazendo de ativos que não eram os principais. Em relatório divulgado ontem, o Citi afirma que mudou sua visão sobre o setor de mineração para os próximos 12 meses - de neutra para otimista - pela primeira vez em três anos. As empresas em destaque para o banco são BHP Billiton, Rio Tinto e Glencore-Xstrata.
Mas os analistas também apontam razões para preocupação. Alguns deles duvidam da
manutenção do crescimento acelerado da demanda chinesa por commodities. Também dizem que os preços do minério não vão se sustentar no patamar atual. Do lado da oferta, diversos projetos devem agregar grandes somas de minério ao mercado nos próximos 24 meses. Fortescue Metals Group, Rio Tinto e BHP Billiton, juntas, devem produzir 97 milhões de toneladas a mais neste ano, diz o J.P. Morgan.
O banco prevê um preço de US$ 125 por tonelada para o minério em 2014, e uma queda para US$ 110 no ano que vem. Menos otimista, o Barclays calcula um preço médio de US$ 110 por tonelada já neste ano. De qualquer forma, o preço do primeiro trimestre deste ano provavelmente estará distante dos US$ 148,2 por tonelada do mesmo período de 2013, o que deverá pressionar os números das mineradoras referentes ao primeiro período do ano. Até o momento, a média está em US$ 131,8 por tonelada. O preço caiu 4% desde o fim de dezembro com a redução sazonal das compras da China.
Analistas dizem que as siderúrgicas estão estocadas e que o feriado de Ano Novo no país, dia 31, já começa a enfraquecer os negócios.
Autor(a): Olivia Alonso
Fonte: Valor Econômico
Data: 16/01/2014