Bom dia, matéria que saiu hoje na Valor Econômico, estou compartilhando com todos vocês. Abraços.
Fundos imobiliários ainda patinam em negociação
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Por Beatriz Cutait | De São Paulo
Luis Ushirobira/Valor / Luis Ushirobira/ValorProfili, sócio da Capitânia: gestora vai lançar em julho fundo imobiliário de R$ 100 milhões com capital de clientes
A indústria de fundos imobiliários pode estar mostrando uma melhora nos últimos meses, mas o ritmo de negócios ainda anda fraco. Segundo a BM&FBovespa, no acumulado do ano até maio, total de negócios atingiu 410,2 mil, um aumento de 7,1% em relação aos primeiros cinco meses de 2013. Já o volume financeiro caiu cerca de 44%, para R$ 2,279 bilhões.
O total de investidores, que chegou ao pico de 104.079 em junho de 2013, também decepciona. Ao fim de maio, o número se aproximava dos 95 mil aplicadores.
Além do "trauma" com o desempenho de 2013, os investidores não estão tendo muitas oportunidades neste ano. Até o momento, houve apenas cinco registros de fundos em 2014 na BM&FBovespa, para um total de 120 - outros 111 estão listados apenas na CVM, sem negociação de cotas em bolsa. O patrimônio líquido total das 231 carteiras corresponde a R$ 55,9 bilhões.
Na visão de Rodrigo Machado, diretor e sócio da XP Investimentos, o mercado ainda está em um ritmo lento e o momento não é o mais apropriado para lançamentos. Mas há exceções, como as carteiras de papéis e os fundos de fundos, assinala. "E existe uma oportunidade enorme em fundos para desenvolvimento imobiliário, mas não para o varejo e, sim, para um investidor mais sofisticado, com capacidade de análise mais profunda e de tomar risco", diz Machado, ressaltando que a modalidade ainda embute um retorno de longo prazo, entre cinco e sete anos de maturação.
A gestora Capitânia pretende lançar em julho um fundo imobiliário que vai investir em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). A colocação de R$ 100 milhões, contudo, não vai se dar via oferta pública, diz Arturo Profili, sócio da casa, mas via subscrição de investidores que já têm capital alocado na gestora. "É uma oferta restrita", afirma. A casa optou por oferecer o produto para 45 clientes do público private, o que inclui pessoas físicas e o segmento institucional. O fundo terá cota negociada em bolsa e a ideia é distribuir rendimentos mensalmente.
Paralelamente, a Capitânia tem investido desde janeiro na compra de fundos imobiliários para compor seu portfólio.
O escritório N, F&BC Advogados, especializado em mercado imobiliário e de capitais, está participando da estruturação de cinco fundos imobiliários, dos quais três ainda não foram protocolados na CVM. Todos devem ser colocados no mercado no segundo semestre.
O sócio Carlos Ferrari conta que duas dessas carteiras serão distribuídas de forma restrita, para grupos específicos de investidores. Dois fundos serão de CRIs, dois de desenvolvimento imobiliário e outro de renda.
Além de identificar uma oportunidade por conta do próprio descolamento do preço das cotas de fundos em relação ao seu valor patrimonial, a interrupção do aumento dos juros tende a contribuir para uma melhora do mercado de capitais como um todo, em sua opinião. "Para 2015, há um cenário mais robusto para os fundos de investimento imobiliários mais tradicionais, com ativos de locação", diz Ferrari.