Diversificar - há limite?
comentada em 02/09/2014 11:43

Bem, eu estipulei 25 FIIs como um número ideal, com 4% em cada... acho que vale a pena pela mitigação do risco sistêmico.

Eu acho 20 um número bom. Não me importaria de ter mais se fossem bons fiis que atendessem o critério

A cada 6 meses verifico os FII que não tenha estudado, ou houve mudança estrutural, e vejo as novas emissões. Se atende meus critérios, compro eles. Se Não, aporto nos quais já tenho. Assim, se eu tiver tempo, aumento minha carteira sem incluir bombas, se não, fica com a quantidade que está e vou dormir tranquilo.

nem sabia que existiam tantos FIIs bons assim

Depende @Pelágico Uma das coisas "boas" de bater no limite de diversificação "por renda" é que daí (talvez) você já tenha tantos FIIs que valha a pena diversificar "em estratégia". Que tem um belo tanto de FII que paga pouco mas tem um ou outro pulo do gato para "no futuro" passar de pagador menor a pagador maior. Geralmente envolve risco a mais e retorno não imediato. FII de desenvolvimento em começo de carreira, compra de vacância, FII de papel mais pensando em trade que em posição, coisas assim. E tem sempre a história de que necessidade de acompanhamento é INVERSAMENTE proporcional ao número de ativos que se tem. Sim, vai puxar a rentabilidade *imediata* da carteira para baixo. Não, que com "muitos" ativos assim as trolhas que aparecerem terão impacto reduzido. E basta só uma trolha inesperada numa carteira com menos ativo para puxar o retorno do investimento de forma *permanente*. Trade off entre imediato e dispersão via lei dos grandes números. Nesses tempos últimos apareceram duas carteiras na faixa dos 40 FIIs. E coisa impressionante, carteiras essas que tem percentualmente menos emoção várias carteiras com *menos* ativos. Claro que é mais fácil fazer carteira sem bomba/alerta com menos ativos. Mas ter proporcionalmente menos bomba/alerta com mais ativos que com menos é sinal que tem como navegar em diversificação incomum.

Beleza está nos olhos do observador, @Thiagosjp Mas se você inverter a questão, em vez de caçar os "bons" e da lista completa tirar os "ruins", vai ver que sobra muito ativo. Dos 130 FIIs listados, que tire 1/4 por razões negativas mais absolutas (informação zero, iliquidez funcional), e do que sobrar tirar mais um quartil por comparação de pares, ainda sobra uns 74 FII para pegar e considerar a sério, ainda que no final não se invista neles. Eu poria o limite máximo mais ou menos por aí, @Pelágico Então em carteiras de 40 ativos ainda estão navegando em apenas metade dos ativos "não rejeitados". Lembrando que os filtros de rejeição são circunstanciais! Que ter informação/liquidez mínima/preço aceitável é uma coisa que pode acontecer de uma hora para outra, assim como pode deixar de ter. Mas esse é um limite prático para quem monta carteira ou quem tem preocupação com liquidez. Se não tiver preocupação com liquidez e estiver utilizando análise mês a mês, não raro vai se ter posição justamente nesses 70 e tantos outros FIIs "rejeitados", e mais alguns que nem estão nessa lista: FIIs em emissão, FIIs negociados na CETIP, tem FII não listado em ambiente nenhum, REIT... O mercado é muito grande mesmo.

@André.PC, Como tenho um objetivo de ter partes iguais em FIIs, RF e ações, pensei em ter cerca de 10 FIIs. Minha lógica é mais ou menos a seguinte: ao colocar mais do que isso na certeira, vou tendo ganhos de trabalho, sem ter muita influência na variância da carteira, já que a utilidade marginal de cada ativo incluído é decrescente. Estou muito errado?

Nathan, Você tem duas abordagens possíveis. Se você quer simplesmente diversificar, sem fazer análises mais aprofundadas de cada um dos fundos investidos, o trabalho extra que você terá com cada novo fundo estará limitado à administração da carteira, inclusive para fins tributários. Já dá um certo trabalho, mas não pode ser considerado algo dramático. Se você pretende ter uma gestão ativa, isto implica ter conhecimento e se dispor a estudar bem cada fundo, tanto para embasar a compra como, eventualmente, para decidir por uma venda com o consequente rebalanceamento da carteira. Este tipo de gestão demanda muito mais trabalho. Se a gestão da carteira é algo que você faz dedicando relativamente pouco tempo, o aconselhável é que você se concentre em alguns fundos, provavelmente em torno de dez ou menos. Finalmente, você tem razão quanto aos ganhos da diversificação em termos de redução de risco: eles são sim decrescentes e isto você vê quando estuda Teoria de Carteiras. Se você tomar como medida de risco o desvio padrão dos retornos, dobrar a quantidade de ativos de um carteira implicará em uma redução de risco bem menos que proporcional. Provavelmente uma carteira com 70 ativos vai ter bem mais que a metade do risco (medido como descrito acima) de uma carteira com 7 ativos.

Acaba sendo uma questão de estilo @NathanOctavio , embora tenha matemática aí. O esforço de fazer e cuidar de uma carteira é linear em relação a quantidade de ativos, e o ganho de métricas é marginal, como bem falou. Então existe um ponto flutuante, algo pessoal, entre os dois extremos de "nenhum ativo" e "todos os ativos". Porém notem que o custo é linear sempre a quantidade de ativos, mas não é fixo. Se se monta uma carteia e depois larga dela (buy&forget) o custo linear ainda é bem, bem mais baixo que fazer o "certo", acompanhar, seja com que frequência for. E isso porque, infelizmente o que eu mais tenho visto nas carteiras é esse estilo. Muito e válido entusiasmo bem no comecinho, mas depois a "vida acontece" e o acompanhamento vai a zero. E acompanhamento zero é B&F, e um B&F particularmente cruel: que a pessoa muitas vezes ainda fica com a sensação do esforço inicial, talvez acreditando que isso tem efeitos de longo prazo (tem, mas não tanto).*** Então... supondo acompanhamento zero, daí diversificação máxima. Por a lei dos grandes números para funcionar para ti. Ter uma carteira que parece mais o mercado que uma mera coleção de ativos. Uma composição que vai sofrer e ao mesmo tempo manter-se por causa do viés de sobrevivência. A mesma coisa que causa que os índices de mercado não sejam assim tão espetaculares em relação a ativos individuais, a exceção de uma característica: longevidade. Se revisa a carteira de quando em quando, perfeito. Isso é B&H, e diminui as chances de o tempo concentrar rolos monstruosos na carteira. Mas com revisão zero é uma questão de *quando* e não *se* de ocorrer um rolo monstruoso na carteira, daí levando 1/N do seu patrimônio. E 1/N é tão maior quando N for menor. Sobre os números, a ordem dos 70~80 eu digo que é um limite prático, mas de jeito nenhum um alvo de diversificação, nem utópico. Um mercado com tantos ativos assim, semelhantes, é o ideal para aplicação de comparação de pares, e isso deve ser feito se tempo tiver. Não só filtra bombas e evita rolos, como permite otimizar retornos e operar contra-cíclico de verdade, não só em preço. Enfim, vantagens. 40 ativos não só é difícil de acompanhar, já fica humanamente complicado de conciliar as mil estratégias que justificam tantos ativos assim... Mas se não, se sabe desde o começo que não vai acompanhar ou (pior), se começou entusiasmado e depois nunca mais voltou, eu vou recomendar uma diversificação começando em 20. Que 20 ainda assim permite pegar dentro do "primeiro" quintil e ainda sobrar ativos. Que 1/20 é 5% da carteira de FII, e menos de 2% provavelmente será dentro da carteira global. Bate na madeira, mas se der um rolo total, com perda total, perder 2% da carteira subitamente não deve levar ninguém ao desespero. E no final tem a coisa mais sádica de todas... Carteiras com poucos ativos (menos de 10) meio que são obrigadas a escolher ativos "campeões", no sentido que os detratores do BNDES usam, a escolha dos ativos geralmente focando rendimento aparente. Carteiras curtas raramente pegam ativos diversificados, de retorno mais perto da média do mercado. Na verdade, quase nunca. É exasperante, no final. Quem acessa o fórum de carteiras já deve ter notado que as carteiras dos assinantes são naturalmente MUITO MAIS EXTENSAS que as carteiras públicas. Só que carteiras extensas não tem essa necessidade de escolher "campeões". Na verdade sofrem do "problema" contrário, de pegar ativos mais "normalzinhos". Basta ver aqui, onde essa questão foi levantada um par de vezes... Acho que não preciso explicar o problema que é combinar a escolha de poucos campeões e ter acompanhamento zero, né? *** A razão pela qual solto um palavrão no meio do livro. E curiosamente o pessoal me escreve para *agradecer* a falta de educação, então percebida como necessária.