Mais americanos usam a internet para alugar partes de suas casas
Steven Rosenbush
quinta-feira, 9 de outubro de 2014 00:03 EDT
Stephen Webster
Um quarto vago em cima da garagem? Um porão mobiliado? Os americanos podem ter uma fonte extra de renda bem embaixo do teto.
Com mais americanos perdendo seu poder de compra, eles estão usando a internet para atualizar uma velha forma de fazer dinheiro: receber hóspedes.
Pela internet, candidatos a hóspedes podem contatar os locatários rapidamente e mais facilmente que antes, e ambos pode se analisar mutuamente por meio de avaliações on-line e e-mails.
O nível de compromisso também é muito diferente hoje em dia. Em vez de se preocupar com hóspedes pela casa durante meses ou anos, esses novos locatários frequentemente oferecem hospedagem por uma noite ou duas — o que permite muito mais flexibilidade aos proprietários.
Quem nunca pensou em alugar sua casa, está começando a considerar a ideia — e a mudança poderia alterar as questões econômicas que muitos donos de imóveis americanos enfrentam.
Os proprietários poderiam comprar casas maiores, que de outra forma não poderiam ter, e arcar com a hipoteca usando a renda do aluguel. E poderiam investir na renovação de seus quartos vagos para torná-los atrativos para os hóspedes.
“Está ficando cada vez mais comum as pessoas transformarem seus lares em propriedades de uso misto. Se você tem um quarto sobre a garagem ou outro imóvel sem uso, você pode transformá-lo em fonte de renda”, diz Brian Ashcraft, diretor de operações da empresa de serviços tributários Liberty Tax Services.
Um exemplo, um comprador procura por uma casa de 186 metros quadrados, mas pode pagar apenas por 177 metros quadrados. Ele poderia comprar uma propriedade de 223 metros quadrados, com um quarto de 37 metros quadrados na garagem . No mercado americano, a hipoteca seria de cerca de US$ 2.300 por mês, ante US$ 2.150 para um imóvel de 177 metros quadrados, segundo Ashcraft.
O aluguel do quarto da garagem por dez dias por mês a US$ 25 por dia geraria US$ 250 mensais — e agora o proprietário pode comprar a casa de 186 metros quadrados pelo preço de uma de 177 metros quadrados. E ainda haverá renda extra de aluguel — de US$ 100 por mês —, que somaria US$ 6.000 em cinco anos ou US$ 12.000 em dez anos. O dinheiro extra pode ser usado para pagar antecipadamente a hipoteca.
Vários sites permitem que hóspedes e locatários se comuniquem, e em alguns casos os sites especificam se o aluguel é da casa inteira ou de apenas alguns quartos. O movimento para alugar quartos vagos tem sido acelerado por um site em particular — o Airbnb Inc. Ele opera em cerca de 35 mil cidades em todo mundo, inclusive no Brasil, e oferece mais de 800 mil locais listados. O Airbnb já atendeu mais de 10 milhões de hóspedes durante os primeiro oito meses de 2014, ante 6 milhões em todo o ano passado.
O número de hóspedes e locatários só deve crescer, especialmente se outras empresas entrarem no negócio e a ideia de “economia compartilhada” — onde pessoas alugam carros e prestam outros serviços para outras pessoas por um curto período — se tornar mais aceita.
Marilyn Hagar, de 68 anos, tem alugado parte de sua propriedade de 2,8 hectares em Mendocino, na Califórnia, há quatro anos. Há 34 anos ela é dona do imóvel e decidiu alugar partes dele depois de ler um artigo sobre o Airbnb no jornal, em um momento em que tinha crescentes gastos financeiros para cuidar de seus pais. Os hóspedes “têm o segundo andar da casa para eles”, diz ela, incluindo um quarto, banheiro e uma pequena sala de jantar, além de acesso a banheira de água quente e uma estufa que tem uma vista para a floresta e o campo.
Os cerca de US$ 30.000 por ano que Marylin arrecada com o aluguel financiou melhorias no local, como paisagismo e um novo sistema de água.
Ela aconselha potenciais locatários a “comunicarem-se com os hóspedes pelo sistema do Airbnb antes de aceitar a reserva. Ler os perfis e prestar atenção em como os hóspedes se apresentam. Você pode descobrir muito através da forma que os e-mails são escritos.”
Denise Revel, de 59 anos, diz que a renda do aluguel de sua casa em Vacaville, na Califórnia, facilitou que ela e seu marido Dan, de 61 anos, um ex-executivo de recursos humanos, pudessem se focar em tempo integral na empresa Girl on the Hill Lavender and Vineyard. Eles cultivam uvas Zinfandel e Malbec na propriedade, assim como lavanda, usada em uma variedade de produtos.
O casal cobra US$ 250 por noite para os primeiros quatro hóspedes na casa de quatro quartos, que fica em um morro. Há uma sobretaxa de US$ 50 para cada hóspede adicional — com um limite de sete hóspedes no total —, assim como uma taxa de limpeza de US$ 100 e um cheque caução de US$ 100. A propriedade tem hóspedes em cerca de 80% do tempo, diz Denise, e gera cerca de US$ 30.000 a US$ 50.000 por ano de aluguel.