SOBRE O UBER (aplicativo usado via internet com o qual qualquer cidadão pode usar meios alternativos de transporte ao invés dos tradicionais táxis)
Preparem-se! O UBER é apenas um sintoma de uma profunda revolução tecnológica. A obsolescência pela qual passam os táxis neste momento é a mesma que fez com que as enciclopédias impressas (Barsa, Delta, Britânica… alguém lembra?) fossem colocadas no rol de peças de museu.
O meu bom, velho e infalível Marx, que me fornece um método de análise do desenvolvimento do processo civilizatório a partir da compreensão da evolução da economia política, me ensina que os taxistas que hoje se debatem contra o UBER agem da mesma forma que os rebelados ingleses – liderados pelo General Ludda, denominados movimento luddista -, lutaram contra os efeitos da revolução industrial.
Naquela Inglaterra pós-feudal, o domínio do vapor e seu uso para a aplicação em máquinas de tear mecanizadas acabou gerando um exercito de desempregados entre os fabricantes artesanais de tecidos. Querer impedir a liberdade de criação e seu uso para facilitar a vida das pessoas é um ato anti-histórico. É quase como querer impedir a chegada da primavera. Ela virá.
Além do mais, se antes existiam donos de tecelagem que exploravam homens e mulheres nas suas instalações, hoje existem “donos de praça” que possuem dezenas – em alguns casos centenas – de carros de táxi, que são guiados por taxistas que trabalham de forma precarizada, pagando diárias absurdas. A dor que se sente agora, em relação ao UBER, é a dor de uma “parto” que nos traz algo melhor para a sociedade e não apenas para uma corporação.
Importante salientar que o UBER não vai acabar com os táxis, assim como as máquinas nunca acabaram com o artesanato na produção têxtil. A questão é que os táxis serão utilizados pelo seu valor de uso, ou por quem valoriza este serviço por peculiaridades mais subjetivas que objetivas (ensinamento do economista clássico David Ricardo). O Uber será utilizado por seu valor de troca, ou seja, baseado em critérios de produção de bens e serviços em escala de massa. Quem oferecer melhor preço e qualidade leva o cliente. Socialismo e liberdade é assim!
Edilson Silva – Pres. PSOL PE Dep. Estadual