Muitos novatos e uma parcela do pessoal experiente se exalta quando o assunto é Preço/Lucro.
A ideia simplista do P/L é: em quantos anos receberemos de volta o nosso investimento?
Antes de qualquer avanço, ressalto alguns fatos que influenciem diretamente neste indicador:
a) O Lucro por Ação NUNCA se mantém constante ao longo dos anos.
b) A empresa NÃO paga todos os lucros em forma de dividendos. Isso significa que você NÃO vai receber o "L" em forma de dividendos, dentro do prazo de 10 anos, caso o P/L desta companhia seja 10.
Feita as considerações acima, destaco de onde surgiu o sucesso deste indicador.
O P/L ganhou toda essa fama quando o Benjamin Graham falou há muitas décadas atrás: "procure por ações de P/L entre 7 e 10, que dobrem os lucros a cada 10 anos, etc..."
Bem, há 50 anos atrás, com as informações relevantes restritas a poucas pessoas, era possível encontrar empresas altamente competitivas e eficientes, com P/L inferior aos concorrentes, P/L abaixo da média histórica da própria companhia, e ainda por cima com P/L abaixo de 10, mesmo crescendo seus lucros ano a ano.
Hoje, em 2015, o P/L é muito mais um indicador de sentimento do mercado. Explico:
a) Companhias com P/L altos são aquelas que o mercado acredita estar em crescimento e/ou está disposto a pagar um preço maior por conta do seu consiste histórico de lucros.
b) Companhias com P/L baixos são aquelas que o mercado acredita em uma decadência do seu ciclo industrial e/ou que perdeu a competitividade diante das mudanças que ocorrem em nossa sociedade consumidora.
Em ambas o que define o P/L é: o que o mercado acredita que vai acontecer e o quanto está disposto a pagar por isso.
O mercado acreditou em crescimentos estratosféricos(P/L 200) na era Bolha da Nasdaq. Cometeu um erro. No entanto já antecipou corretamente outras várias ocasiões de crescimento.
O inverso também é recíproco. Já acertou e errou diversas apostas ao apostar no P/L baixo para certas empresas.
Compreendido as variáveis intrínsecas e extrínsecas ao indicador, você ainda gostaria de utilizá-lo para trade de valor, valuation ou até mesmo por desencargo de consciência? Então vamos lá!
Busque cruzá-lo com a o crescimento médio do lucro da empresa, a média histórica do P/L da companhia e a média histórica do P/L do setor.
Apenas lembre-se que ao calcular a média:
a)excluir não recorrentes anuais;
b) não utilizá-los em empresas cíclicas, como por exemplo de commodities.
O P/L é muito mais um exercício de crença, esperança e futurologia do que uma mera divisão entre Preços por Lucros.