Conseguimos entender melhor o presente, estudando o passado.
Compilei os principais fatos históricos, para compreendermos melhor o atual estágio do Mercado de Capitais brasileiro.
a) 1950 - 1964: inflação crescente e taxa de usura (12% a.a.) afasta todos os brasileiros dos mercados. Os que dispunham de capital, investiam apenas em imóveis.
b) 1964 - 1971: Para desenvolver o mercado de capitais, era necessário garantir proteção à inflação. Foi criada a correção monetária. Também foi o nascimento do Conselho Monetário Nacional, Banco Central, 1ª reformulação das bolsas e corretoras, e permissão de atuação de bancos de investimentos.
c) 1971 - 1990: Muito incentivo e pouca informação. Ocorreu o boom/crash da Bolsa RJ. Consequentemente a depressão do mercado de capitais brasileiro se arrastou por alguns anos. É nesta época que foi criada uma espécie de repúdia ao mercado acionário no imaginário popular. Visando estimulá-lo novamente, em 1976 foi criada a Lei Sociedades Anônimas e da autarquia CVM. O mercado passava a respirar novamente, mas a insegurança política, a insegurança legislativa e a economia fechada restringiam vôos mais altos.
d) 1990 - 2000: Economia brasileira se abre. Companhias brasileiras passam a negociar ADRs na NYSE. Devido as regras da Securities and Exchange Comission, elas são obrigadas a adotar diversos padrões de contabilidade, transparência e divulgação de fatos relevantes que até então não adotavam. Isso impactou positivamente no mercado brasileiro como um todo, inclusive trazendo um termo inexistente: "governança corporativa". Se inicia então uma enxurrada de liquidez à Bolsa brasileira.
e)2000 - 2015: Assim como os dólares vieram, eles se foram.
Companhias Listadas Bolsa SP
1996: 550
2001: 440
Volume Negociado Bolsa SP
1997: US$ 191 Bilhões
2000: US$ 101 Bilhões
2001: US$ 65 Bilhões
Visando estimular a entrada de novos recursos, ela cria o Novo Mercado, segmento voluntário de boas práticas de governança corporativa. Chegou-se a conclusão que a fragilidade jurídica de um mercado é derivada de insegurança aos minoritários. Ao investir em situações de insegurança jurídica, os investidores exigem um deságio. Como consequência, o mercado como um todo apresenta menor valor e menor liquidez. Praticamente todas as empresas aderem aos novos padrões instituídas pelo Novo Mercado.
O Governo realiza uma abertura inédita aos investidores comuns, possibilitando a compra de Títulos Públicos, antes exclusivamente negociados entre grandes instituições financeiras.
São criados os Fundos de Investimentos Imobiliários, uma quase cópia dos REITs, tradicionalmente negociados nos EUA desde a década de 60.
Informações à se analisar sobre 2016:
I) A parcela da população brasileira que investe em ações é proporcionalmente igual a de Gana, Quênia e Zâmbia.
II) O número de empresas listadas na bolsa é o mesmo que 1970.
III) Apenas 10 empresas representam mais de 50% do volume negociado.