A escassez épica na Venezuela não é algo novo a essa altura. Falta de fraldas, peças do carro ou aspirina - tudo já foi bem documentado. Mas agora o país está sob risco de ficar sem o próprio dinheiro.
Em mais um exemplo que destaca o caos da inflação desenfreada, a Venezuela está lutando para imprimir novas notas com rapidez suficiente para acompanhar o ritmo acelerado do aumento dos preços. A maior parte do dinheiro, como quase tudo no país exportador de petróleo, é importada. E, com as reservas em divisas afundando a níveis perigosamente baixos, o banco central está pagando tão lentamente os fornecedores estrangeiros que está colocando em perigo os negócios.
A Venezuela, em outras palavras, está agora tão quebrada que pode não ter dinheiro suficiente para pagar pelo seu dinheiro.
No ano passado, o banco central convocou uma reunião de emergência e pediu que as empresas fornecedoras produzissem o máximo de notas possível. As empresas concordaram, mas depois não foram integralmente pagas.
No mês passado, a De La Rue, maior fabricante de notas do mundo, enviou uma carta ao BC reclamando que havia uma dívida de US$ 71 milhões e que informaria seus acionistas se o dinheiro não fosse pago. A carta vazou a um site de notícias venezuelano e foi confirmada pela agência Bloomberg. As empresas estão se afastando. Agora, o BC está em negociação com outras, incluindo a Goznack, da Rússia.
Steve Hanke, professor de economia aplicada na Universidade Johns Hopkins, diz que para manter a fé na moeda quando os preços sobem, os governos muitas vezes adicionam zeros às notas em vez de inundar o mercado. "É um sinal muito ruim ver as pessoas correndo por aí com carrinhos de feira cheios de dinheiro para comprar um cachorro-quente", disse ele. "Mesmo a economia de dinheiro vivo começa a quebrar."