Leio um pouco de bullshit sim, confesso. Nada comparado a quando comecei aqui, mas de vez em quando algum "amigo" me envia algum texto e acabo lendo. Hoje recebi um e fiquei surpreso com o conteúdo, cuja fonte não vou mencionar, mas que alguns aqui vão reconhecer.
Admito que fico feliz quando ao menos parte (sim, mesmo que uma pequena parte e com foco errado em rentabilidade) dos conceitos discutidos aqui, são divulgados para o grande público atingido por esse pessoal.
Segue o trecho que li hoje:
"Hoje quero apresentar a coisa sob outro ângulo. No fundo, tudo recai sobre a mesma ideia: apropriar-se da antifragilidade associada às ações. Variações do mesmo tema sem sair do tom. Se antes o corolário apontava para necessidade de uma carteira diversificada, em que você tentava aumentar suas chances de capturar uma grande multiplicação através do incremento do tamanho da sua carteira, agora a recomendação pragmática desemboca nas compras graduais e sucessivas de ações, por um longo prazo.
O bonito da coisa é que não há análise, suposições de que conseguimos entender a realidade melhor do que os outros ou que dispomos do dom da clarividência. A questão é meramente aritmética. E a matemática é teimosa em revelar-nos somente a verdade, sem espaço para tergiversar.
Tomo o caso das ações da Petrobras como exemplo. Faço isso por ser um caso, supostamente, de um investimento ruim nos últimos anos. Com a política de preços de combustíveis desastrosa, a obrigatoriedade de exploração dos campos do Pré-Sal e a Operação Lava Jato relevando sérios problemas de governança corporativa (para dizer o mínimo), seria natural esperarmos uma forte destruição de valor. Com efeito, a empresa foi quase destruída mesmo.
Tomemos os últimos três anos, desde o início da Lava Jato. Em 2014, as ações tiveram um ano bastante ruim, caindo 37,6 por cento. Em 2015, mais uma forte queda: -33,1 por cento. Já em 2016, a recuperação de 132 por cento.
Imagine, porém, que você comprou 10 mil reais em ações da Petrobras ao preço de fechamento 31 de dezembro de 2013. Terminou o ano de 2014 com 6,243 mil reais, quando comprou mais 10 mil reais, iniciando 2015, portanto, com 16,243 mil reais. Com a queda das ações, encerrou aquele ano com 10,861 mil reais. Então, ao fechamento de 2015, comprou mais 10 mil reais, entrando neste ano com 20,861 mil reais (já tendo destruído, portanto, quase 10 mil reais, dos 30 mil reais aportados). Então, surfou a valorização de 2016, tendo agora 48,5 mil reais.
Mesmo com a empresa tendo passados por dois anos periclitantes, foram mais de 60 por cento de ganhos! Bem acima do CDI e um excelente desempenho para qualquer métrica que você possa imaginar.
Talvez você pense se tratar de um caso particular e escolhido apenas para provar o ponto. Não é o caso.
Pensemos genericamente. Vamos a um exemplo hipotético em que uma empresa quase quebra no primeiro ano, caindo 99 por cento (veja que perdas superiores a isso, supondo que a companhia não vá morrer no meio do caminho, são bastante difíceis - é importante, portanto, a hipótese de que a empresa vai sobreviver). No ano seguinte, ela sobe 200 por cento .
Se você colocou 10 mil reais no primeiro ano, sobrou-lhe quase nada. Mas se voltou a comprar no ano 2, você teve seus 10 mil reais dessa segunda aquisição transformados em 30 mil reais. Ganho final, mesmo com a empresa quase quebrando, de 50 por cento .
O que está por trás disso é simplesmente a lógica, a aritmética e a antifragilidade das ações. Para se aproveitar dela em sua totalidade, no entanto, você precisa ter algum fôlego financeiro (para poder fazer aportes periódicos), escolher empresas que não vão morrer no meio do caminho (você precisa sempre poder participar da próxima rodada do jogo) e, principalmente, ter foco no longo prazo.
Se você encurta demais o horizonte temporal de seus investimentos, simplesmente não pode se beneficiar dessa característica da renda variável, e ela é simplesmente fundamental para retornos consistentes. Uma sequência de cinco anos ruins pode ser atropelada por um único ano excepcional. Isso só será possível, contudo, se você estiver exposto àquilo por seis anos. Não há como pensar no curto prazo. Isso vai simplesmente destruir os benefícios que as operações de risco podem lhe oferecer. Fuja de quem não tiver essa consciência.
Como talvez você já tenha percebido, estou numa campanha nesta semana em prol da conscientização da importância do horizonte temporal de longo prazo, pelo bem dos investidores pessoas físicas, tipicamente ávidos por resultados de curto período. Ansiedade e consistência de retornos, infelizmente, não combinam - eu também adoraria que combinassem, confesso."
@Bastter, só postei por curiosidade mesmo, tem várias coisas aí que discordo, mas de todo o bullshit que recebi até hoje, esse é dos menos sardinhescos por assim dizer.