Em Fortaleza encontrei um taxista que não protesta contra o Uber.
Antes ele e o filho tocavam o taxi, R$5.800 de renda líquida aos dois. Agora, colocou seu carro particular para rodar no Uber, empregou um motorista extra no taxi seu táxi, cobra diária.
- O táxi roda 20 horas, mais o Uber que não para de pegar corridas. Valeu este progresso.
Ele e o filho fazem R$8900 de renda líquida!!!
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Em Sobral, encantei-me por um apartamento, quase o aluguei, vi uma fissura na parede da cozinha, a proprietária muito honesta: "ah, isso não é nada, aconteceu no último abalo sísmico. Deixei aí pra mostrar que o prédio é firme"!
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Em Camocim, Ceará, conheci o Mathias Dusseldorf. Falávamos de esportes e ele com muita propriedade dizia que não importa se a bola é batida com o pé, taco, raquete, nada...
- O jogador tem que começar a bater na bola com as mãos, assim saberá onde tocar na bola para lhe dar a direção desejada. O que fizer com a mão o cérebro registra e depois transporta fácil para a ponta do toque.
Achei o sujeito bem metido a sábio. Depois que foi embora perguntei ao meu amigo Ugo se aquele suíço entendia mesmo de esporte.
- Acho que sim, foi técnico de dois campeões mundiais de tênis.
O meu amigo Mathias se aposentou e, agora, é quase meu vizinho, provavelmente, seremos amigos até o final dos nossos dias. Treinou muitos, entre eles um carinha metido a fazer embaixadinhas antes dos jogos pra mostrar que sabe controlar a pelota. Federer é o nome deste seu ex-pupilo.
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Perguntaram o que farei da vida daqui pra frente.
- Eu? Quem sabe um período "dolce far niente".
Responderam-me:
- Larga o doce, cara!
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Minha filhinha de 8 anos viu a irmã mais velha (16) beijar o namorado na boca.
- Pai, foi nojento! O Guilherme tinha comido uma coxinha, cruz credo, isso nunca vai acontecer comigo.
- Quando ele comeu a coxinha? - pergunto.
- Acho que foi no recreio de ontem. Ah...não sei, faz tempo, mas é nojento.
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Cheguei no hotel do meu amigo Ugo na madrugada. A recepção que sabe da minha amizade com o patrão me instalou na suíte nupcial, só tinham dois apartamentos vagos, esta suíte e o "apartamento ao final do corredor, bate sol direto" - ele diz.
A suíte é uma beleza. Cama king size, cesta de frutas, espumante, quindim, sais de banho, um buffet de travesseiros.
Banho-me, espirrei água para todos os lados, abri tudo que é pacotinho, deite-me molhado, fiz a festa mesmo que sozinho. Mordi o figo, pera, morango, abri o espumante, até o shampoo eu usei, mesmo que careca. Às 7 horas estava bêbado e feliz...tocam da portaria.
- Seja muito bem-vindo - diz a gerente Iara. Estou transferindo o senhor ao apartamento confort, aconteceu um pequeno erro e os recém-casados estão para chegar. É preciso que arrumemos o quarto.
- Ah...sim, peço que alguém me ajude com as malas - disse enquanto rodava os olhos pela minha bagunça.
Chega a camareira, desculpou-me.
- Não tem problema, pode deixar que arrumaremos, mas peço que sua companhia seja rápida, se não se importa, pois o casal já está bem próximo da cidade.
Quando disse que estava sozinho escutei dela a exclamação: "Meu Deus!".
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Carlos, meu afilhado de 9 anos queria comer ovo, abriu a geladeira viu quatro, retirou dois, deu pra mãe que o repreendeu e mandou que colocasse no lugar de novo.
- Não são nossos, é de outra galinha.
Carlinhos foi na vizinha, a casa da avó Francisca e pediu omelete, a avó estava sem ovo, suas galinhas há dias que não botavam. Carlinhos disse pra avó que na geladeira da casa dele tinha ovos, mas a mãe disse que não era dela.
A avó foi lá - a filha fora trabalhar - encontrou meu compadre Zé Maria, pai do Carlinhos.
- Sogra, esses 4 ovos não são nossos, mas se faz questão mesmo eu vendo pra senhora, um real cada um. Quando o dono chegar digo que vendi, assim não se chateia.
A sogra volta pra casa, pega dois reais e retorna pra buscar dois ovos que os faz suculentos para o neto Carlinhos,
À noite, a mãe chega, abre a geladeira e percebe a falta dos dois ovos.
- Marido, cadê os ovos daqui? Faltam dois.
- Ah, sua mãe passou e comprou pra fazer omelete pro Carlinhos, vendi pra ela, o dinheiro está em cima da geladeira - ele diz.
- Mas como? Você vendeu dois ovos pra minha mãe pra fazer omelete pro nosso filho? - reclama.
- E daí? Se ela quer fazer caridade faz com os ovos dela. Quer? Que pague e compre.
A mulher já colérica, fala em tom alto.
- Pois você sabe qual a galinha que botou esses ovos? Foi a de pescoço pelado da mãe!! Você vendeu os ovos pra mãe que eram dela mesmo pra fazer omelete pro teu filho? Presta atenção, desfaça já este negócio que estou mandando, senão vai ter! Vá lá e leve o dinheiro.
O compadre Zé Maria que não se deixa derrotar nem precisou pensar muito.
- Se quer que eu desfaça o negócio, tudo bem, eu devolvo o dinheiro, mas ela tem que me devolver os dois ovos!.