O taxista tinha duas "dívidas" para quitar, e quitou a dívida que no futuro se mostrou errada... Na boa, o sujeito pode fazer o que quiser. O sujeito pode fazer o melhor de si. Quando a vida resolve te sacanear, não adianta achar que dá pra competir. Inocência alguém, em qualquer situação, achar que está no controle.

Ninguém está no controle de alguma coisa sequer. Mas se vc aceita isso como verdade e não faz nada para se defender, realmente não dá pra esperar outro resultado que não influenciado pela sorte ou azar. Há probabilidades. Espero colocar algumas a meu favor. A escolha do taxista era muito difícil, como coloquei no texto; e se mostrou errada. A questão de duas dívidas é relativa: vc não é obrigado a trabalhar como taxista, de forma que foi uma dívida totalmente voluntária. A pessoa também não é obrigada a ser proprietária de imóvel (como bem disse o Masamune), mas daí a recorrer a financiamento, entendo que não foi uma escolha adequada. Todos estamos sujeitos e todos cometeremos erros. Não tem jeito. Mas é bom esse tipo de reflexão para, ao menos tentar, mensurar cada passo nosso nessa vida, principalmente quando envolve tanta monta de dinheiro. Afinal de contas e finalmente, estamos todos aqui tentando nos proteger do apocalipse zumbi que nunca virá.

Particularmente acho que a decisão dele foi acertada, analisar em retrospectiva é fácil. Porque acertada? Taxista que trabalha com carro de terceiro tem que trabalhar horas a fio para pagar apenas o aluguel. Comprando a placa, teve (teria) um aumento significativo de renda, que tornaria a quitação do imóvel mais simples. Focou no seu trabalho, em sua independência profissional. Nenhum de nós está livre de alguma ruptura em sua área de trabalho, é simplesmente impossível antecipar este tipo de movimento.

"Há probabilidades. Espero colocar algumas a meu favor." Sem dúvidas. Só vejo um problema nessa lógica: todos temos apenas um conjunto finito de decisões para tomar, para nos proteger, para escolher nosso caminho (é sim ou não, é isso ou aquilo, é ficar ou ir,...). Já a vida tem um arsenal de formas infinitas de se abster, ajudar ou atrapalhar as pessoas. Logo, 2/3 do tempo a vida colabora e o mérito pessoal faz-se notar. Mas esse 1/3 das vezes quando a vida tira você pra dançar, pra te sacanear, esquece: não dá pra competir, no máximo, minimizar os estragos. Enfim, posso estar errado...

Realmente @GuilhermeSantana, a escolha do taxista foi muito difícil. Como é algo muito pessoal, cada indivíduo deve escolher o seu caminho e encarar os riscos da sua escolha. Não existe certo ou errado. Pelo o que eu entendi a escolha era entre uma dívida (financiamento da casa) e um aluguel (aluguel da placa do carro). No meu caso eu sempre coloco como preferência o pagamento de QUALQUER dívida, pois não consigo ficar confortável nessa situação. Em segunda preferência, montar a reserva de emergência (RE). Só então eu penso em algo diferente. Nada é garantido. Mas quem empreende sempre corre um risco maior, principalmente quando quase a totalidade do seu patrimônio é o seu ativo que traz o pão que a sua família come.

É difícil mesmo. Eu tive uma encruzilhada também recentemente que só poderei ver se foi uma boa opção daqui a uns 35 anos, que foi a adesão ao Funpresp no meu trabalho (sou servidor público). Mas, o que estou fazendo para diminuir a aleatoriedade da opção é diversificar em outras coisas para não depender só dele no futuro. Colocando um pouco mais de chances a meu favor. Mas se eu sofrer um acidente grave no meio do caminho, tudo pode ir por água abaixo. Nisso não tem o que ficar se preocupando muito.

@GuilhermeSantana sem querer me meter na sua vida, mas já me intrometendo. Coloca na ponta do lápis esta opção que você fez. Depois calcula a sua aposentadoria pelo fundo privado (Funpresp) daqui 35 anos. Esta decisão não leva cinco minutos. Lembre-se que é uma previdência privada, administrada por servidores públicos, sem nenhuma garantia. Eu levei seis anos para pedir para contribuir pelo RGPS (antes contribuía sobre todo o salário). Fui o primeiro do meu Órgão a fazer esta opção. Todo mundo achou que eu fosse louco, mas se a pessoa parar e colocar no papel, vai ver que é uma opção sensata, ainda mais agora com a reforma da previdência que está vindo. Procura o vídeo do Bastter sobre aposentadoria e assiste. Com certeza, vai te ajudar em esclarecer as ideias.

O erro dele foi colocar R$200 mil em papel e não em um ativo real. E convenhamos que a venda de placas de taxi era algo totalmente sem sentido, algo fadado a morrer. Venda de reserva de mercado por parte do governo. Pode demorar 2, 30 ou 100 anos mas isso cai sempre. Outro exemplo: quem acha que OAB, CRM e semelhantes vão se manter no LP com o cenário atual podem acabar quebrando a cara (não adianta apostar contra ou a favor, apenas estejam preparados, já tem escritório de advocacia lá fora substituindo gente por IA, diagnóstico por IA já é uma realidade, etc). Hoje o valor da placa de taxi como GERADORA DE RENDA é absolutamente zero onde já tem os aplicativos. Ela ainda tem um valor residual apenas pelas vantagens tributárias (comprar carro sem imposto, etc).

"O erro dele foi colocar R$200 mil em papel e não em um ativo real." EIS. Sem mais, amiguinhos.

Lembrei do livro Miopia em Marketing, do Theodore Levitt. Típico caso de profissão que vai deixando de existir em função dos avanços tecnológicos.

Eu acho que a principal lição aí é que... ninguém deve se iludir achando que possui o controle sobre o futuro. Ninguém controla absolutamente nada. Daí a necessidade de diversificar. Falar em retrospectiva é fácil, mas com o boom dos eventos esportivos, principalmente copa, a valorização das "vagas" de taxi foi enorme, a tungada do uber foi pesada. Mas não adianta lamentar, é colocar uma pedra e erguer a cabeça.

E o cara que investiu uma frota de navio pesqueiro top pra caçar baleia quando surgiu as companhias elétricas ? Ou numa frota de charrete de aluguel em NY quando nasceu os automóveis. Vários investimentos darão errado. O consumidor é cruel se Uber cobra 30% mais barato e ainda da balinha, acabou o táxi, ninguem quer saber se o cara pagou X,Y se tem que sustentar filha mãe ou papagaio. Todo mundo quer é pagar menos e levar mais (:

quando o mundo muda, ou voce muda com ele ou é esmagado pelas mudanças e as mudanças nao se importam com justiça, apenas acontece pesquisem sobre manifestação dos acendedores de lampioes no Rio q inclusive quebraram um monte de lampadas eletricas pode fazer o q quiser a mudança nao para

A tecnologia sempre vai reduzir custos e acabar com os intermediários. Somente quem é muito burro não enxerga isto. Outro dia estava lendo o livro sobre o Elon Musk (fundador da Tesla) e descobri que a fábrica está instalando postos de energia elétrica para recarregar os carros. Detalhe a energia é de graça (solar) e o abastecimento também é feito de graça. Se já existisse no Brasil, vendia meu carro amanhã e comprava um elétrico.

Achei que essa parada de manifestação de acendedores de lampião/vela era lenda. Existiu mesmo? Cara, que surreal hehehe, coisa de Black Mirror. @Fabiano13, imagina, cara, todo conselho é bem-vindo. Eu levei 6 meses para tomar essa decisão. Já estava me corroendo por dentro exatamente pelo motivo que não temos controle: futuro. Não dá pra saber de antemão qual decisão é a racionalmente a mais acertada porque envolve futuro que não podemos controlar. Para ser sincero, essa conta do lápis é a primeira que o servidor faz e, na minha opinião, ela é simplória e tendenciosa, porque desconsidera muitos fatores que, a meu ver, são importantes. Eu fiz um post gigante sobre isso no tópico de Funpresp do Grupo de Renda Fixa e Previdência, mas vou resumir abaixo os pontos principais: 1) Vc diminui viéses comportamentais inexoráveis ao ser humano. Ou seja, a pessoa acha que manja de investimento, mas é cientificamente comprovado que, no longo prazo, ela mal bate o mercado e pode acabar em prejuízo (decisões ruins de aporte, retirada de investimento etc). Um fundo bem gerido (exceção) pode mitigar esse viés. 2) Pensão por morte e invalidez (para mim, o fator mais importante na minha decisão). O Funpresp tem o custo mais barato em matéria securitária. Para a pessoa que opta por contribuir com o teto do INSS, ela precisaria contratar um seguro de vida e contra acidentes por fora. Eu orçei os custos e todos eram mais caros que o Funpresp. Se eu sofrer um acidente grave ou morrer, não deixaria minha família desguarnecida, independente do tempo de contribuição. 3) Não pretendo me aposentar onde estou, de forma que contribuindo pela Funpresp, mitigo os riscos do item acima, e ainda por cima posso levar grande parte dos valores depois de 15 anos. Se continuasse no regime atual, ficaria tudo pro Estado. 4) A gestão do Funpresp não pode, com honestidade intelectual, ser comparada aos fundos antigos, como Petrus, Funcef, Postalis, etc. Basta ler o regulamento. Além de ser de contribuição definida, o que já muda completamente a razão dos prejuízos que houve naqueles fundos, há amarras de gerenciamento do portfólio que inibem meter a mão no pote, como o rodízio de bancos privados que gerenciam as carteiras, etc. De qualquer forma, PODE dar rolo. Nada é garantido, como sabemos. Mas eu optei por contribuir mais como diversificação, pois já invisto bastante fora da Funpresp. Encarei mais como custo de seguro, que é vantajoso, como falei. Louco é o cara que aposta só no Funpresp. Esse tá totalmente no fio da navalha.

O servidor não tem pensão por morte ou invalidez se não aderir ao Funpresp? Isso é novo pra mim.

Eu acho que o erro do taxista foi encarar a compra da placa como algo certo, um bem que ele estava adquirindo. Na verdade era um empreendimento, como abrir uma empresa. O fato do uber foi apenas uma concorrencia inesperada que afetou o negócio dele. Poderia também a prefeitura ter aberto a licitação de novas placas e a placa dele poderia ter caído de preço com isso também. Talvez se ele tivesse encarado como um negócio de risco a compra da placa, ele teria optado por quitar o financiamento da casa. Ao meu ver o erro não foi a compra da placa em si, mas a visão do que era a compra da placa que distorceu a tomada de decisão.

@oxenteian2, depende. Se o servidor permanecer no regime atual (ingressou até 2013), ele tem tudo isso. Mas até quando? As regras estão sendo mudadas todo ano se for levar em conta todos os benefícios. Não há como se fiar nisso em um horizonte de 20/30 anos. Se o servidor ingressou pós 2013 e optou por somente ficar no teto do INSS, vai ter todas as limitações daí advindas, incluídas as pensões por morte e invalidez. Vale registrar que as regras de pensão por morte e invalidez da Funpresp são mais vantajosas que do regime pré-2013, pois estão blindadas às mudanças que estão ocorrendo no regime próprio pelo fato de o Funpresp possuir regulamento próprio nessa matéria. Logo, o Funpresp consegue ser melhor nisso que o regime atual.

@GuilhermeSantana entendi. O servidor pós-2013 (no caso de servidor do Judiciário/MPU) tem direito mesmo sem aderir ao FUNPRESP, mas fica limitado ao teto do RGPS. Valeu.

@GuilhermeSantana não quero atrapalhar o tópico com isto. Te respondo, à noite, lá no grupo Grupo de Renda Fixa e Previdência, no teu tópico. Abraço

Já que não dá para prever, o ideal seria fazer tal como nos investimentos? Pega o dinheiro que tem na mão, e divide por igual entre as dívidas? Assim dilui o risco.

Eu vejo de forma diferente. No caso do taxista, ele tinha uma dívida (a casa) e queria investir num empreendimento. Daí ele pegou todos os ovos, esqueceu as dividas e colocou todos no investimento. E aqui todo mundo já sabe o que acontece quando você pega toda a sua grana e arrisca numa coisa só...