Ontem fui chantageado emocionalmente pela minha esposa e resolvi ceder para acompanhá-la a uma festa de casamento da família dela.
Estava tudo indo bem quando um parente da minha esposa, que é corretor imobiliário, resolveu se sentar na nossa mesa. De acordo com os bons costumes e o manual de etiqueta Bastter, respondi apenas com o famoso "hummmmm" a cada sugestão dele sobre investir em uma nova casa:
Ele: - o bairro que você mora atualmente tem um problema de trânsito
Eu: - hummmmm
Ele: - você tem que começar a olhar uma casa para comprar no bairro tal
Eu: - hummmmm
Ele: - faz isso sem pressa. Tem muita coisa boa para olhar
Eu: - hummmmm
Ele: na hora que você encontrar uma casa que te agrade, você vai lá e compra.
Eu: - hummmmm
Ele: - não precisa nem se preocupar com o preço. Você pode pegar um empréstimo no banco amarelinho.
Eu: - hummmmm
Até aí as coisas estavam dentro do controle e a técnica bastteriana estava funcionando com sucesso. Quando de repente ele emenda:
- então eu vou falar para os corretores que conheço na cidade para te ligarem oferecendo casas, ok?
Rapaz, eu dei um pulo na cadeira e, ainda tentando ser o mais polido possível, não me contive:
- não, muito obrigado. Não gosto de corretores me enchendo o saco e ligando o tempo inteiro oferecendo coisas. Ainda mais, isso chama atenção das pessoas para interpretações equivocadas sobre a minha condição financeira.
Por minha sorte, o meu cunhado estava do meu lado mais interessado no assunto do que eu e continuou conversando com ele. Aproveitei a oportunidade e dei uma desculpa que ia me servir do jantar. Dei uma volta no salão, cumprimentei outros conhecidos e enrolei bastante na escolha sobre o que colocaria no prato. Tudo isso para demorar o suficiente para evitar o sujeito.
Quando voltei para a mesa, ele já tinha ido conversar com outra pessoa.
O detalhe mais curioso dessa história é que ele nem me perguntou se eu gosto da minha atual casa...