ConJur - Robôs permitem que juízes deixem de lado função de gestorRobô-juiz
Quando a empresa fala em eliminar processos com base na intuição, não se refere apenas à administração da Justiça. Essa base de dados de 300 TB também contém um histórico de decisões e hoje robôs já são capazes de identificar o que já se tornou precedente e o que ainda é novidade na jurisprudência. Conseguem também aprender padrões de comportamento com base nas informações que os magistrados incluem no sistema.
A própria Softplan vem tentando vender a tribunais um sistema de análise de dados que separa sozinho, de uma petição, o que está sendo pedido, o que são relatos de fatos, os valores da causa, o que é doutrina citada etc. É o que o mundo da tecnologia da informação chama de “computação cognitiva”: um robô é programado para entender as linguagens e padrões praticados por advogados, procuradores e juízes, mas também para aprender conforme sua interação com seres humanos.
Esse tipo de interação permite que programas de computador se tornem assistentes digitais da magistratura. Quando um juiz recebe uma petição e já sabe exatamente o que ler dela, também é capaz de tomar decisões mais precisas e mais céleres – já que o mesmo robô informa qual é a jurisprudência a respeito de cada pedido. Numa realidade em que o Código de Processo Civil estabelece a obediência aos precedentes como um dos critérios da jurisdição, mas o tribunal tem mais informação do que um cérebro humano é capaz de compreender as dimensões, esse tipo de tecnologia chega a ser inevitável.
“Já é possível que o juiz se preocupe apenas em concordar ou não com as conclusões do programa. Ele sempre vai ser necessário, porque processos tratam de problemas reais com implicações concretas, então precisa dizer se aquelas situações apontadas pelo sistema se aplicam ao caso ou não, ou se o pedido em questão é o mesmo sobre o qual se firmou determinada jurisprudência”, explica o analista de negócios da Softplan Alexandre Golin.
O grande desafio, segundo ele, é saber se a magistratura vai se empolgar com a ideia de ser assistida por assessores digitais. E se está disposta a ensinar a esses robôs como se comportar de acordo com padrões específicos de cada juiz, de cada gabinete, de cada grupo de assessores e de cada tribunal.
De acordo com Golin, o conhecimento será produzido toda vez que o sistema for usado. O que se precisa decidir é se esse aprendizado ficará restrito a cada gabinete ou se ele será jogado “na nuvem” para que todos possam aprender. “A tecnologia não é mais o problema. O que precisamos entender agora é o mundo do Judiciário”, analisa Tiago Melo. “Precisamos usar máquinas para trabalhos que precisam de máquinas e humanos para atividades que precisam de humanos."
@oxenteian2