Acho muito bonita a postura do Bastter quando diz que cuidaria dos seus pais mesmo que isso lhe custasse todas as suas economias. Eu espero que meus filhos também pensem assim. Imagino que deve ter tido uma boa criação, com pais amáveis e dedicados que lhe passaram esses valores.
Talvez eu até esteja sendo injusto, mas nem todo mundo teve essa boa sorte. Eu vejo algumas respostas e me identifico, com gente preocupada com irresponsabilidades que possam vir a recair sobre você. Meu pai infelizmente faleceu cedo, aos 52 anos, então não viveu tempo suficiente para que pudesse existir esse tipo de preocupação.
Há o caso da minha esposa, em que seus pais se divorciaram quando ela era criança e não recebia sequer pensão, e nas poucas vezes em que precisou do pai, recebeu um sonoro não. Ela nem por isso guardou rancor e é próxima do pai, mas ao contrário do que diz o Bastter, ela jamais dilapidaria seu patrimônio para dar tudo para o pai. Ela não sente que tem esse dever e eu a compreendo perfeitamente. O que vai fazer é garantir que seu pai não passe dificuldades básicas, mas entre isso e dar ao pai tudo o que ele quiser existe uma distância gigantesca. O pai além de não a criar nem emocional nem financeiramente, quando teve oportunidade tentou avançar sobre o pouco dinheiro que ela tinha como recém formada. E quando ela precisou de ajuda para pagar o aluguel, ele disse que não, mas ao mesmo tempo se gabava de ter 3 veículos financiados.
Escrevo isso para o Bastter ver que não há só bons pais por aí. O fato de ter feito biologicamente não lhe dá o direito de ter a posse de tudo o que os filhos conquistaram apesar deles. E quando você tem dois filhos pequenos, você não vai sacrificar o futuro deles, ficar na pior, para socorrer caprichos de um pai irresponsável, isso nunca vou concordar.
Sobre herança, concordo com o Bastter, eu acho um absurdo filhos jovens falarem sobre o assunto. Oras, se os pais forem viver até uma boa idade, quando a herança vier você já terá que ter resolvido a sua vida, estará na faixa dos 60 anos ou mais, então quem conta com isso está na verdade sendo um urubu rodeando seus pais para que morram logo. Não há nada mais lado negro da força do que isso. Tenho casos na minha família, não são parentes diretos, mas que os filhos já chegaram até a processar o pai, coisa muito triste. O pai ainda na faixa dos 50 e os filhos já espreitando pela herança.
No meu caso, nunca tive a menor possibilidade de pensar em herança. Meu pai morreu sem posses, com apenas dívidas, minha mãe é professora do estado, e meu sogro como eu disse, é quebrado.
Então, desde sempre eu tive plena consciência de que teria que conseguir tudo com meu esforço sem contar com mais nada, e é o que venho fazendo, assim como ela.
Sei que o Bastter não concorda porque talvez não consiga imaginar como é isso, mas apesar da nossa situação desfavorável, estamos trabalhando para nossos filhos possam ter uma experiência totalmente diferente do que tivemos com relação ao pais, e por isso talvez um dia eles pensem como o Bastter.
Não ligo para posses, status, sou um sobrevivente, e a paz que o acúmulo de patrimônio me proporciona é a de saber que a cada dia que passa, menos possível é que meus filhos em sua infância e juventude tenham que passar por dificuldades extremas. Pra mim esse é o maior mérito de ter algo acumulado.