Colaterais em FII e 2008
comentada em 05/05/2018 21:02

@rodolfoesperidiao89

A crise do subprime ocorreu entre outras coisas, por uma característica dos EUA:

- o cidadão vai pegar um empréstimo ou financiar um imóvel. O imóvel avaliado em US$ 200 mil é hipotecado.

- os bancos, resolveram ampliar sua carteira de clientes e repassavam estas hipotecas adiante (mais ou menos como você descreveu) e direcionavam estes recursos para mais empréstimos.

- alguém teve a brilhante idéia de oferecer estes empréstimos para a população de menor poder aquisitivo ou com histórico de mau pagador.

- com isso, a procura por imóveis aumentou fazendo com que subissem de preço.

- aqui entra a característica que falei: com o preço subindo, o cidadão que lá no início pegou US$ 200 mil para comprar o imóvel, volta ao banco e diz que agora vale US$ 300 mil. E sai do banco com mais US$ 100 mil de dívida. E estes US$ 100 mil extras eram direcionados para o consumo.

- e mais títulos foram emitidos, para arrecadar fundos para outros empréstimos para pessoas com histórico de mau pagadores, que faziam subir os preços dos imóveis, que aumentavam os empréstimos que eram direcionados para o consumo e segue a roda a girar.

- ao mesmo tempo, aumentou a procura por estes título, que receberam uma avaliação positiva criminosa das agências de classificação de risco. Os bancos abarrotavam suas tesourarias com estes papéis.

Quando os subprime não honraram seus compromissos, deu no que deu. Aqui no Brasil, por não haver a mesma prática de emprestar mais dinheiro ao devedor, porque o ativo dado em garantia do crédito aumentou de preço, talvez não ocorresse o mesmo grau de contaminação na economia que houve por lá e atingiu o Mundo todo.

O que não quer dizer que o estrago seria pequeno aqui.

ninguem aprendeu nada em crise nenhuma de todas q ja teve
e a maioria continua cometendo sempre os mesmos erros
por isso q temos de cuidar do nosso e pronto
menos um para pesar

Com relação aos FII: olhando os relatórios, a maioria investe em CRIs que tem como garantia imóveis comerciais, não residenciais
Olhando superficialmente, não é tão simples assim...

O risco do CRI virar pó existe sim. Pode ficar sem nada.

Assim como em um FII de tijolo pode cair um meteoro no imóvel, a seguradora quebrar nesse meio tempo e acabou tudo: fundo sem imóvel e sem dinheiro.

Nada é garantido em investimentos. Existe risco maior e menor, existe retorno variável ou fixo (contratado), mas garantido jamais.

Se os CRIs te incomodam, a solução é muito simples: não compre FII de papel.

Celtiberian

Concordo, mas a chance do ser humano fazer besteira com a economia atraves do excesso de colateralizacao eh bem maior que cair um meteoro num imovel que eu investi e que esteja sem seguro num determinado momento.
E outra, tendo menos de 2% em um dado FII, sendo este FII somente de tijolo e sendo este FII multi imovel, eu perco menos de 1% do meu patrimonio com o meu meteoro.
Mas este excesso de colaterais destroi economias inteiras por anos e paga o preco quem tem CRI e quem nao tem, vide 2008.

De toda forma desde o comeco eu concordo com sua dica, quanto menos CRI no meu fundo de tijolo, melhor.

(trabalho na africa e nao consigo configurar acentuacao no teclado daqui[ahhh])

Antes de responder a pergunta diretamente, só uma observação: Sei que em inglês, usa-se o termo "colateral" para securitização e assemelhados, mas nunca vi nenhuma bibliografia respeitável usar em português.Sempre vejo o termo "colateral" como sinônimo de garantia. Por exemplo, se um CRI tem um saldo devedor superior às suas as garantias, diz-se que ele está subcolateralizado.

Agora vamos ao ponto:
1 - A carteira de financiamentos imobiliários no Brasil é ridiculamente menor que nos EUA.
2 - Lá, houve uma explosão do crédito, com pessoas financiando imóveis sem nenhuma capacidade de pagamento. Aqui, tradicionalmente, os bancos só aprovam se a renda da pessoa for umas 3 vezes mais que a parcela.
3 - O mercado de FIIs é ridiculamente pequeno no Brasil.
4 - O mercado de CRIs é ridiculamente pequeno no Brasil.
5 - Logo, o mercado de FIIs de CRIs é menos que um peido em relação ao tamanho da nossa economia.
6 - Igualmente, o mercado de fundos de fundos é menos que uma cabeça de alfinete em relação à nossa economia.
7 - Então o mercado de fundos de fundos que investem em CRIs é absolutamente desconsiderável.
8 - etc... etc.. etc..

Então, em resumo: sim, essa estrutura é possível, mas, na realidade atual, é virtualmente impossível.
(Não estou dizendo que não podem haver problemas. Sempre pode. Mas desse tipo e desse tamanho? Altamente improvável.)

Concordo contigo Nod, só fazendo uma única ressalva que é a de que nossa economia é muito frágil, portanto embora o tamanho do mercado seja ridículo, a resiliência do sistema como um todo não é das melhores.

Qualquer complicação meia boca e caem a maioria dos empregos... parece que sempre estamos suspensos por um fio.

Portanto diria que o risco é baixo mas tem que ficar de olho nisso aí tb