Tenho uma tia velhinha que é o arquivo vivo da família.
Ela estava contando as histórias do meu bisavô.
Reza a lenda que o rapaz veio de Portugal sozinho e sem dinheiro, com 15 anos de idade: pulou num navio com a roupa do corpo.
Acabou se estabelecendo como fazendeiro em Minas.
Anos depois, entrou de sócio capitalista com uns amigos,
que abriram um banco no Rio de Janeiro.
Quando fechou o primeiro ano de balanço do banco,
pegou um trem em Minas e foi para o Rio.
O banco tinha dado tanto lucro, mas tanto lucro,
que meu bisavô achou que devia ter alguma coisa errada (!).
Vendeu a parte dele para os outros sócios,
e pegou o trem de volta com um caminhão de dinheiro.
Sem ter muito o que fazer com a grana,
comprou umas terras em Congonhas (MG):
a terra era ruim, nem pasto crescia,
mas tava sendo vendida muito baratinho.
Vovô deu o nome de "Fazenda da Alegria",
e nunca mais foi lá.
Tempos depois, "uns ingleses" (como diz minha tia)
procuraram vovô querendo comprar a Fazenda.
Claro que vovô vendeu.
Até hoje a VALE chama de "Fazenda da Alegria" essa mina,
que produz Minério de Ferro mais puro que Carajás, dizem.
Morais da história:
O cavalo passa, sim, encilhado mais de uma vez.
Quando o cavalo passar encilhado, monta. MAS NÃO PULA!