A empresa gera valor para a sociedade
comentada em 12/05/2019 20:57

Muito bom, @oxe

O legal desse gráfico é perceber que o principal sócio de qualquer empresa no Brasil é o governo. 

No quê o governo contribuiu basicamente pro caixa da empresa?  

Em uma imagem:

-vão por agua a baixo as teorias economicas clássicas que persistem até hoje
-se prova a importância do empreendedor para a sociedade
-se prova como o governo só absorve recursos e os inutiliza

@FrancoY Em nada, o gráfico diz o contrário do que você pensou: não é quem contribuiu, é quem "levou".

O governo ficou com 31% das riquezas geradas

A sociedade ficou com 46%

Os sócios 23% (9 retido e 14 distribuído)

Quem fica com menos? Os sócios

Esse gráfico é um tapa na cara desse pessoal que diz que empresa só serve para dar lucro pro "patrão"

Número de pessoas no Brasil que demonizam o lucro: 0.

Número atualizado de comunistas no Brasil de 2018: 0.

Nem o Partido Comunista do Brasil demoniza lucro', pessoal. A imagem da pessoa de esquerda que a massa estadominimense tem é formada pelo que os defensores mais toscos (e famosos) dessa linha dizem, não por contato com pessoas de esquerda.

Sobre o tópico: legal. Todas as empresas podiam expor seus dados dessa forma. Por outro lado, não tem nada de outro mundo: "terceiros" são os fornecedores.

@Homer_J

Número de pessoas que demonizam lucro no Brasil: muitas.

Como eu disse, eu mesmo comentei com alguns amigos que sei terem uma visão assim. Conheço muitas dezenas com visão similar, inclusive familiares.

Semana retrasada veio um servidor aqui no órgão fazer propaganda de cooperativa de crédito e comentando que essas grandes empresas (não só os bancos) so visam ao lucro (o que ele implicitamente associou com prejudicar as pessoas comuns) e que é nosso dever tirar o lucro delas.

Número de comunistas no Brasil 2018: muitas

Eu mesmo era "comunista" (anarquista no caso) faz uns 6 anos. Fundador de movimento político e tudo. Mas a maioria não é comunista "por inteiro", apenas defende forte regulação do Estado na economia (tabelamento de preços, etc). De toda a forma, não usei a palavra comunista no texto justamente porque é uma simplificação de que não gosto. Há muitos autoritários de direita, assim como há esquerda liberal, não se pode criar um espantalho e chamar "comunista".

De fato, o PCdoB não é comunista há décadas, talvez desde Preste. Mas há vários elementos de demonização de lucros (total ou parcial) no discurso de partidos de esquerda, através de expressões como "apropriação das riquezas pelo capital", etc.

No mais, nunca disse que "terceiros" seriam a sociedade. Leia novamente. Eu disse que há várias pessoas que dependem da geração de valor da empresa, para além dos acionistas. É uma estrutura com impacto social. O impacto social é sentido na arrecadação do governo, no pagamento de pessoal, de fornecedores e também pelos acionistas. Logo, é impreciso dizer que só os acionistas recebem riqueza da empresa, mas que a finalidade do lucro para o acionista possibilita a geração de valor distribuída entre diversas pessoas na sociedade, inclusive o governo e os próprios trabalhadores.

@oxe

Ninguém defende o comunismo puro aqui não, cara. Nem eu, inclusive. É tudo corruptela. Mas nem é esse o ponto principal do que eu quis dizer. É esse: tem muita gente que defende um equilíbrio entre presença de estado, regulação de alguns setores (pesada em alguns casos, inclusive), e desburocratização e liberdade de empreendedorismo. Como não abominam o estado, os gurus neolibs taxam de esquerdopata, e a turma vai atrás.

Quem demoniza o lucro às custas de outras pessoas pagarem as externalidades não demoniza o lucro. Demoniza outras pessoas pagarem as externalidades. E de novo: sob a ótica da guruzada liberal, são 'esquerdóides', mas na verdade tem muito fundamento o que eles dizem.

E, se não é nosso dever tirar lucro de ninguém, é liberado concorrer pela clientela (e usar o argumento de 'empresa pequena, local, de bairro, etc.' tá valendo).

"Eu mesmo era "comunista" (anarquista no caso)": CQD, 0 comunistas. ;-)

Quanto a terceiros = fornecedores, eu me referia ao gráfico. É aí que vai o dinheiro: governo, acionistas, lucro retido, funcionários e fornecedores.

Cara, "guru neolib" é um espantalho tão grande quanto "comunista".

Quem aqui falou de externalidade? Ninguém. A maioria das pessoas que demoniza o lucro nem sabe o que é uma externalidade.

Na verdade, existe um pensamento difuso de que, se alguém está lucrando, então alguém está perdendo. Como se economia fosse um jogo de soma 0 e a produção não pudesse crescer.

A ideia do post é evidenciar o quanto esse pensamento é errado. O lucro da empresa (remuneração dos acionistas) é apenas a ponta de uma geração de riquezas muito mais ampla e que é distribuída entre muitas pessoas. A empresa, pequena ou grande, gera valor para muitas pessoas na sociedade e é o lucro que possibilita isso. O lucro, por si só, não é "roubo" executado pelo "patrão". Pelo contrário, é a busca pelo lucro, o empreendedorismo, etc que gera esse valor percebido pelas pessoas, inclusive trabalhadores.

Externalidade (negativa) é outro papo completamente diferente. Externalidade por externalidade, se você anda de carro já está cometendo. Praticamente todas as empresas e indivíduos no mundo cometem externalidades negativas e positivas. Aliás, todas as pessoas que eu conheço que defendem um modelo fiscal para o governo baseado em impostos pigouvianos, ou seja, a taxação sobre externalidades negativas, são liberais.

E se a ideia é de que grandes empresas são malvadonas e sustentam seus lucros em externalidade negativas (o que é uma bobagem gigante, dessas sem pé nem cabeça), muito melhor que abrir uma pequena empresa é abrir uma cooperativa de trabalho. Vai fundo aí, ganha selo anarquista de produção de esquerda. Só me chama pra documentar o processo porque tenho interesse acadêmico no assunto =)

Guru neoliberal é espantalho coisa nenhuma. Tem um monte deles aí, com canais bombados no youtube, escrevendo pra jornais e revistas (grandes, inclusive) e criando planos de governo.

E quem aqui falou de externalidade fui eu. As pessoas não saberem o nome não significa que não possam compreender o conceito, mesmo que inconscientemente - da mesma forma que tu não conhecer uma coisa não significa que ela não exista.

Do resto que tu escreveu, nada se aplica ao que eu disse. Inclusive, tirando alguns rompantes que destoam da maturidade do resto do teu texto (como empresa malvadona' e 'selo anarquista de produção de esquerda'), eu concordo com a maior parte.

Aliás, @oxe, se tu tem interesse sobre coisas fora do sistema tu talvez goste do episódio 6 (Pembrokeshire) da 14a temporada da série Grand Designs (tem no Netflix).

Eu não sou particularmente afim ao tema, mas caí nesse episódio por acaso e achei interessante.

Se é para medir por canais de YouTube ou correlatos, há um monte de comunistas também, cara. Há veículos de comunicação inteiros para qualquer ideologia.

O ser "espantalho" tem relação com a (ir)relevância desses posicionamentos (ou seja, sua baixa representatividade na população) e com a pobreza da generalização trazida por esses termos.

A maior parte da população não é "comunista" e nem partilha das visões dos "gurus liberais", o brasileiro médio tende ao centro e é o centro que define as eleições desde a redemocratização. Da mesma maneira, há muitas vertentes distintas, com posicionamentos também distintos, dentro do que se quer rotular com esses termos.

Por exemplo, entre os liberais, há quem defenda Estado Mínimo, há quem defenda Estado Mínimo + serviços sociais relevantes (educação, saúde) explorados diretamente pelo Estado ou incentivados através de políticas como vouchers. Há quem defenda tributo único sobre a renda, há quem defenda possibilidade de tributos extrafiscais. Há quem defenda um modelo de gestão estatal colaborativa, há quem defenda um modelo de lideranças. Enfim, há uma miríade de posicionamentos.

Da mesma forma, na esquerda há centralizadores desenvolvimentistas, há social-democratas que defendem menor intervenção direta do Estado e mais regulação de setores e controle indireto (por exemplo, através de concessões), há anarquistas que defendem redução do Estado e um modelo social de autogestão, etc.

Cada posicionamento traz um ponto de vista diferente e que pode ser útil em alguma situação. Há vantagens e desvantagens em cada modelo. O mundo teria muito a ganhar se as pessoas conversassem mais e se dispusessem a escutar umas às outras, ao invés de se fecharem ao debate com esses rótulos prontos.

Quanto à minha pilhéria no final do texto, não teve a intenção de ofender. A ideia era dar leveza ao texto. Fica o pedido de desculpas se você se incomodou.

De toda a forma, foi bom debater contigo.

Abraços

Muitos presidentes e membros de comando dos sindicatos demonizam o lucro das empresas mas são ávidos por dinheiro muito mais que qualquer empresário.

@oxe

Tranquilo cara, nada de ofensa não.

De fato, a imensa maioria dos brasileiros são em algum lugar desse contínuo, fora dos extremos. Tenho um amigo liberal que vive reclamando que é uma incoerência um liberal ser contra coisas como o aborto (a nova onda liberal na economia mas conservador nos costumes'), que essas pessoas não sabem o que é o liberalismo. Eu sempre digo a ele a mesma coisa: as pessoas são o que são, acham o que acham, e quem tem que se adaptar são os rótulos, e não o contrário.

Abraço!

A maior tristeza nesse gráfico é ver quem nada fez (governo) fica individualmente com mais que aqueles que fizeram tudo acontecer: os fornecedores, os acionistas e os funcionários. E com 3x mais que os lucros retidos para investir na geração futura de riqueza no país.

A empresa divulgou o relatório anual agora de 2018, esse é o gráfico atualizado (modificaram a apresentação, mas acho que ainda está claro quanto cabe a cada ator social):



Tenho curiosidade de fazer um estudo semelhante para outras empresas, usando os dados do DVA.

A participação nos resultados do maior acionista de todas as empresa do Brasil aumentou de 31% para 35%.
Pelo visto, o ONREVOG está fazendo buy and hold!

A DVA é um demonstrativo bastante interessante. Dá a real dimensão do riqueza produzida pela empresa. Se para o Estado existe o cálculo do PIB, para as companhias abertas há o cálculo da DVA, a metodologia se assemelha.

Isso aí... na prática vê-se o aumento da carga tributária ano após ano e como diminui o retorno aos sócios.

Como as pessoas reagem a incentivos, o que isso incentiva é justamente o desinvestimento.

de qualquer forma fica evidente que a empresa gera muito mais retorno à sociedade do que aos sócios. 

Bela lição. 

@oxe seria muito bom se você conseguisse fazer o mesmo gráfico para outros setores :)

Qual seria o lucro da Ultra se ela tivesse que construir as próprias estradas, os próprios portos e ensinar os próprios empregados a ler e a escrever, etc?

Poderia-se até argumentar que ela tem condições de fazer isso hoje, mas e quando surgiu?

Tanto os que defendem a existência do ONREVOG quanto os que atacam, na verdade só estão pensando no que os prejudica e os beneficia individualmente.

Não passa de um espantalho. A discussão deveria ser o que precisa ser mudado e o que precisa ser aperfeiçoado.

A sensação que tenho é de que entramos, na última década, num pós capitalismo, empresas tem cada vez menos margem líquida, acredito que a grande maioria das empresas perde margem para aumentar a receita (de uma maneira geral).

Com o AI a tendência é diminuir ainda mais a margem quando tiver operando em vários segmentos.

Quanto ao Brasil, eu acredito que o estado deve enxugar nos próximos 10 anos, focando principalmente nas funções exclusivas de estado, o que diminuirá os impostos e por consequência essa margem do ONREVOG (quem sabe caindo para uns 20%), deixando as coisas mais baratas como um todo.

"Qual seria o lucro da Ultra se ela tivesse que construir as próprias estradas, os próprios portos e ensinar os próprios empregados a ler e a escrever, etc?"

A Utra não tem que se preocupar com isso (obter lucro desempenhando essas empreitadas), uma vez que a divisão do trabalho possibilita que outros o façam (ou seja, ela só tem que se preocupar com negócios que envolvam seu escopo de atuação).

"Tanto os que defendem a existência do ONREVOG quanto os que atacam, na verdade só estão pensando no que os prejudica e os beneficia individualmente."

Isso ocorre porque pessoas são movidas pelos interesses próprios. Independentemente disso, a maior crítica que se faz aos ONREVOGs é que eles (mais precisamente seus representantes) não sofrem as consequências diretas por suas más ações, mas imputam isso para toda a sociedade (vide os problemas da Previdência Social, por exemplo).

"Não passa de um espantalho. A discussão deveria ser o que precisa ser mudado e o que precisa ser aperfeiçoado."

Não entendi, pois não ficou claro o que você considera um "espantalho".