Recentemente escrevi sobre como as crianças aproveitam o presente de forma plena sem se preocupar com o que está por vir. Admiro muito essa qualidade dos pequenos. O problema é que os “pequenos” uma hora começam a crescer e de forma automática adquirem nossos vícios, manias, medos e angústias.
Essa semana eu estava brincando de “aviãozinho” com a Manuela. A brincadeira não tem muita sofisticação (só exige bastante força nos braços) e consiste em colocar a baixinha sentada em uma tampa de plástico, dessas grandes que fecham caixas plásticas para guardar brinquedos), segurá-la pela tampa e “voar” com ela pela casa, com direito a vôos noturnos (quando entra no quarto com a luz apagada), rasantes, curvas e pouso na sala. Como já estava quase na hora do banho, expliquei que brincaríamos por pouco tempo. Ela ao ouvir isso, começou a pedir o tempo todo que queria brincar muito, e que não queria parar logo. Como vi que ela estava mais preocupada em me convencer a continuar a brincadeira por mais tempo do que em aproveitar o “vôo”, comecei a filosofar (coisa difícil de fazer com uma criança de 3 anos): - Manu, aproveite a brincadeira agora, aproveite o presente, não se preocupe com o futuro.
Ela então me disse uma frase (que obviamente deve ter ouvido em algum filme ou desenho e não faz a mínima idéia do que significa): - O futuro dá medo!!
De novo, minha filha não é nenhuma filósofa e a frase que ela disse provavelmente nem faça nenhum sentido para ela, já que o próprio conceito de futuro nessa idade é abstrato. A prova disso é que a partir desse momento ela aproveitou a brincadeira e não falou mais nada. De qualquer forma me fez pensar, que conforme o tempo vai passando, nos tornamos adultos e vamos aprendendo a temer o futuro e os possíveis desfechos de nossas vidas.
Pra minha sorte, tento me rodear de pessoas sábias e tive a oportunidade de ler algo de um cara que eu considero um mestre. Ele disse mais ou menos isso: “Ei, deixa eu contar um segredo pra vocês. Vocês vivem no mundo, planeta terra, cheio de seres humanos. Nesse lugar tá cheio de coisa errada, modelos errados e governos idiotas. Vocês têm que sobreviver e fazer o melhor possível no meio de tudo isso, pois ficar reclamando não vai resolver o problema de vocês”.
É isso que tento fazer para minha vida e o que pretendo ensinar aos meus filhos.
Agora vocês me dão licença pois a torre de comando já autorizou nossa decolagem e eu preciso ir.