Por Shawn Achor - O Jeito Harvard de Ser Feliz
"Em um estudo conduzido pelo Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Harvard, os pesquisadores pagaram 27 pessoas para que passassem várias horas por dia jogando Tetris, durante três dias.
Durante dias depois do estudo, alguns participantes literalmente não conseguiram parar de sonhar com blocos de diferentes formatos caindo do céu. Outros não conseguiram deixar de enxergar os blocos por toda a parte, mesmo enquanto despertos. Dito de forma simples, eles não conseguiram deixar de ver um mundo feito de sequências de blocos do Tetris.
Quando esses jovens passaram um período prolongado jogando Tetris, eles ficaram presos a padrões que “manchavam” a visão deles – no caso, um padrão cognitivo que fazia eles enxergarem involuntariamente blocos de Tetris onde quer que olhassem.
Não se trata apenas de um problema de visão – passar horas a fio jogando Tetris efetivamente altera a configuração do cérebro.
Especificamente, como estudos subsequentes revelaram, o jogo ininterrupto criava novos caminhos neurais, novas conexões que distorciam o modo como eles viam situações na vida real.
É assim que o nosso cérebro funciona: ele fica preso muito facilmente a padrões de visão de mundo, alguns mais benéficos do que outros.
Todo mundo conhece alguém preso em alguma versão do Efeito Tetris – alguém incapaz de romper um padrão de pensamento ou comportamento. Esse padrão pode muitas vezes ser negativo.
No meu trabalho com empresas da lista Fortune 500, aprendi uma lição extremamente valiosa: essas pessoas normalmente não estão tentando ser difíceis ou irritadiças. Na verdade, o cérebro delas apenas se destaca em encontrar elementos negativos no ambiente – em identificar imediatamente motivos de aborrecimento, contrariedade e estresse. E isso não é surpresa alguma, considerando que, da mesma forma como os jogadores de Tetris, o cérebro dessas pessoas foi preparado e treinado para isso ao longo de anos de prática. Infelizmente, a nossa sociedade só encoraja esse tipo de treinamento.
Pense a respeito: no mundo do trabalho, bem como na nossa vida pessoal, muitas vezes somos recompensados por identificar os problemas que precisam ser solucionados, os pontos de estresse que devem ser controlados e as injustiças que devem ser reparadas.
Algumas vezes isso pode ser bastante útil. O problema é que, se ficamos presos apenas nesse padrão, sempre procurando e identificando o negativo, até o paraíso pode se transformar em um inferno. E o pior é que, quanto mais desenvolvemos a nossa capacidade de procurar e encontrar elementos negativos, mais deixamos de ver o positivo – aquelas coisas na vida que nos deixam felizes e que, por sua vez, promovem o nosso sucesso. A boa notícia é que também podemos treinar nosso cérebro para procurar e encontrar também o positivo – as possibilidades latentes em todas as situações – e nos tornar especialistas em capitalizar o Benefício da Felicidade.
Procurar constantemente o negativo no mundo implica um custo muito alto. Esse hábito desgasta a nossa criatividade, eleva nossos níveis de estresse e reduz nossa motivação e nossa capacidade de atingir metas."