Data original: 27/07/2018
Eu normalmente não vejo TV. Mas hoje de manhã estava em um café e passava um telejornal, acabei assistindo e analisando as notícias. Eu percebi algumas verdades parciais e omissões que contribuem para a desinformação.
Por exemplo, numa reportagem sobre gastos públicos com educação no trânsito, a reportagem falava que o governo tem orçamento, usando a expressão como no senso comum (quer dizer, tem dinheiro) e reforçando ao dizer que o governo tinha dinheiro no caixa e escolheu não usar. Mas na Contabilidade Pública ter orçamento quer dizer outra coisa: tem autorização legislativa para a despesas desde que haja a arrecadação prevista.
Do jeito como foi feita a reportagem, uma pessoa leiga entenderia que o governo tinha o dinheiro, mas decidiu não gastar por má-vontade ou "maldade", quando o correto seria dizer que o governo não tinha o dinheiro. Daí houve contingenciamento, a suspensão ou redução de despesas. E, dentre um conjunto limitado de opções de despesas contingenciáveis (já que muitas, como pagamento de pessoal e aposentadorias, são obrigatórias), ele reduziu educação no trânsito, além de outras que não foram abordadas na reportagem.
Ou seja, um debate sobre o tamanho da máquina pública e sobre as possibilidades de redução das despesas, etc virou simplesmente "o governo é do mal e a população é vítima".
Reforcei mais um pouco minha opinião de como é perigoso consumir informação através desses veículos. Ninguém sabe de tudo e, no que não temos discernimento, é muito fácil ser induzido a pensar de forma errada, a assimilar falsidades ou verdades incompletas.
Resolvi trazer essa reflexão aqui, talvez seja útil para alguém.