Queria dar um micrômetro de colaboração, mas que é uma experiência de vida minha que eu considero muito valiosa. Desculpem pelo textão.
Não encarem como imposição de verdade, ou presunção de autoridade no assunto. Não é nada disso. É só uma lembrança que me ocorreu, considerando minha curta história nessa vida. É tudo opinião (que se fosse boa, eu vendia).
Seguinte, no início do Sobreviva, eu li coisas que mudam a vida das pessoas, em especial a do compromisso de não gastar toda a rednda e poupá-la o quanto for possível. Mas teve uma coisa que eu sou a favor apenas em parte: o guardar o dinheiro que sobra no "fim do mês".
[voadora levantando voo...]
Então... por que eu não sou completamente a favor? Por causa do "fim do mês". Eu acredito que quem quer arriscar nos investimentos, em especial na renda variável, não pode se dar ao luxo de ter qualquer descontrole ou desconhecimento de suas finanças. Guardar o dinheiro no "fim do mês" traz um pressuposto de sobra, que foi preciso um esforço adicional para conseguir juntar o numerário, de imprevisibilidade. A evolução maior, parece-me, está em ter suas finanças sob controle de tal maneira que no "início do mês" você já sabe o que pode guardar e guarda. Se chegar ao fim do mês, após um esforço extra, sobrar mais alguma coisa, guarda também. Faltando alguma coisa - um imprevisto, pois só isso pode justificar não estimar o quanto vou gastar no mês - para isso serve a RE. Mas se deve primar por conhecer e controlar a relação entre sua renda e seus gastos.
Obviamente, isso não tira o valor de guardar no "fim do mês". Isso é indiscutível. Mas o ponto ideal - na minha opinião - é começar o mês com seu orçamento feito e sabedor do que pode guardar, sempre tentando manter esse valor em mais de 10% de sua renda. Nesse ponto, você tem domínio sobre suas finanças e pode, com maior segurança, investir em alguma coisa com um pouco mais de risco. Até chegar a esse ponto, enquanto ainda se depende do que "sobra" no "fim do mês", considero arriscado se aventurar em coisas mais complexas, pois não domíno meus gastos... eles me dominam.
[talvez a voadora já esteja chegando nas minhas costas...]
Mas eu falo isso só de maneira teórica? Não. Por experiência pessoal. No momento em que eu comecei a ser responsável por colocar comida na minha mesa e pagar as minhas contas (que foi no mesmo momento em que comecei a receber salário), criei a consciência de que devia poupar para chegar a algum lugar. Já no primeiro mês nessa situação, decidi que iria poupar 30% de minha renda no início do mês... assim, do nada... 30%, é isso! Como eu sou economico, era solteiro e morava em uma caixa de sapato, deu certo. Com o tempo, fui conhecendo melhor meus gastos - luz, água, gás, compras, saídas e viagens com a namorada/noiva, presentes para não perder a namorada/noiva - e cheguei aos escandalosos 70% de economia, no início do mês, em determinadas raras oportunidades, mas nunca abaixo dos 30% mensais. Quando chegava o fim do mês, juntava a sobrinha e poupava, também (ou comprava alguma coisa que eu queria mais, como um video game).
Não espantei a namorada/noiva com isso. Ela acabou caindo na burrada de casar comigo. Minhas finanças foram comprometidas um pouco, pois precisei trocar a caixa de sapato por um apartamento decente, comprar um carro, mas a experiência que havia ganhado com a disciplina de poupar no início do mês me fez continuar conseguindo fazer isso. Já não chegava aos 70% e às vezes era menos que 30%, mas o poupar no início do mês era religioso, com o adicional de esforço do fim do mês.
Minha esposa estava desempregada, quando nos casamos. Ok! Sem problemas. Nos casamos porque sabíamos que eu daria conta. Mas, graças a Deus e à dedicação dela, ela conseguiu um bom emprego. Adivinha! Ela só guardava no final do mês. Então ela gastava. Comprava. Usava o dinheiro se esforçando para sobrar. O que sobrava no fim do mês, poupava. Isso era louvável, mas bem irregular. Talvez o esforço dela para fazer sobrar não fosse tão bom assim. Não à toa, todo gasto financeiro maior que tivemos foi bancado por mim. Era curioso que eu financiava as coisas para ela. Por exemplo, tinhamos que comprar um fogão novo, era meio a meio, mas eu comprava com meu dinheiro e financiava para ela a metade dela. Quanto ela pagava tudo, de início, consumia uma grande parte das economias dela.
Então um dia conversamos, e ela aceitou uma meta de guardar 30% da renda dela no início do mês. Foi difícil, no início, mas ela chegou lá. Hoje ela tem a disciplina de poupar no início do mês e, orgulhosamente, me fala "nesse ano teve meses que guardei 58%" (isso mesmo: cinquenta e OITO... ela é bem zé continha). A vida financeira dela mudou, sem deixar de comprar coisas que gosta (com mais controle, obviamente). Mas ela conhece o potencial que tem, o exerce logo no início do mês e, conseguindo, complementa no final.
Para enveredar em investimentos mais arriscados é preciso ter muito conhecimento sobre suas finanças, ou pode ser que um erro vá ser mais danoso do que nunca. Se você depende do que sobra no fim do mês, há espaço para melhorar e saber que você pode "antecipar" essa sobra, com planejamento e controle. Mas se só lhe sobra ao fim do mês, não é ruim, pois isso vale muito, também.
[o Bastter trocou o calçado e colocou uma chuteira para a voadora ser mais efetiva...]
É isso, pessoal. Só minha palhinha para tentar ajudar nesse site que me ajuda tanto. Como ainda não terminei o Sobreviva, pode ser que o Bastter tenha falado sobre isso e estou apenas sendo repetitivo.
Novamente, desculpem pelo textão.