a confusão do mainstream atual frente à tecnologia cripto.
comentada em 17/08/2018 16:34

Vou polemizar... eu não concordo.

Blockchain é uma tecnologia divorciada de criptomoedas sim. É opensource. Pode ser usada para qualquer coisa, por quem quiser.

Criptos também são independentes dessa tecnologia. Há diversas criptos que não usam blockchain. Então são 2 conceitos diferentes.

O caso do ONREVOG com criptomoedas, além do problema da concorrência, é que elas são usadas para transações anônimas. Aí fica complicado por que o crime organizado e organizações de terror ficam com a faca e o queijo na mão para atuarem.

Não acho que uma moeda vá trazer liberdade a ninguém. A liberdade está muito mais na mente e na capacidade de locomoção do que em qualquer outra coisa.

É só fazer o seguinte exercício mental: se um ONREVOG autoritário ditatorial resolver te prender por nada, adiantaria ter 50% de todas as criptos do mundo?

A única coisa que pode te salvar disso é poder "fugir" e não ser dependente do Estado.

Blockchain é uma coisa e uma criptomoeda é outra. É verdade que fica difícil a existência de um criptomoeda sem o blockchain, mas o contrário não é verdade. Portanto, é possível sim se preocupar apenas com o blockchain e deixar as criptos de lado.

 

Quanto a trazer liberdade, o ponto principal é que as criptomoedas retirariam do ONREVOG o poder sobre o dinheiro. E isso não é do agrado de nenhum ONREVOG, já que tu se tornaria um pouco menos dependente dele. 

Na verdade essa é a maior maluquice, Cripto Moedas com Blockchain não são anonimas, CASH físico e Ouro sim.

Se o promotor/o revogs/juiz consegue linkar um pc/pen drive teu com uma carteira, literalmente eles podem ver todas as transações que você fez desde o início dos tempos, de quem recebeu para quem enviou.

Pro revogs o melhor que tem é todos os criminosos usarem BlockChain + Cripto,  vão salvando todas as transações criminosas num permanent record. 

Também não concordo...blockchain já é  usado inclusive no mercado privado para outros fins...

Criptomoeda e blockchain não precisam andar juntos.

Toda blockchain (no sentido original) precisa de uma criptomoeda. Mas nem toda criptomoeda precisa de uma blockchain.

99% do que dizem por aí que é blockchain não é blockchain (no sentido original), é outro tipo de Descentralized  Ledger Technology (DLT). Por exemplo, projetos em Corda e Fabric não são blockchain.

É importante entender que estão querendo mudar o conceito de blockchain. O conceito original, que citei ali em cima, envolve abertura e consequente descentralização na validação, incentivos econômicos para essa descentralização (criptomoeda), código aberto e registro criptográfico público virtualmente imutável em uma sequência contínua de unidades de registro. A soma dessas características torna a blockchain permissionless e absolutamente confiável, que é justamente o big deal dela.

No entanto, querem retirar quase todas as características da definição de blockchain, deixando apenas: registro criptográfico em sequência contínua de unidades. Daí surgem ideias estranhas como "blockchain permissionada" ou "blockchain privada". Mas essa é uma definição estéril e imprecisa, já que não corresponde ao sentido original da palavra (a partir do Bitcoin) e nem garante a grande vantagem da tecnologia (integridade quase absoluta dos registros). Todas essas tecnologias "similares" que sacrificam parte da segurança (geralmente para ganhar privacidade ou escalabilidade) não deveriam se chamar blockchain, são outras DLTs. Vários teóricos pensam assim e essa também é a linha do Sun, que o levou ao post.

A tentativa de mudança na definição tem relação com a hype criada sobre a palavra blockchain. As empresas querem aproveitar a hype (dizendo que estão adotando blockchain) sem efetivamente adotar as características "indesejáveis" da tecnologia (como transparência nos registros e abertura na descentralização).

Logo, segundo a definição original da palavra:

1- toda blockchain precisa de uma criptomoeda, pois sem isso não há incentivo para agentes validadores externos (mineradores) e, portanto, não há um ecossistema econômico que promova a descentralização, que é essencial para a integridade do registro;

2- quase todos os projetos anunciados pelas empresas e pela mídia como blockchain não são blockchain, são outra DLT.

Tem chat meu sobre DLTs, quem quiser entender melhor pode assistir.

Sabia que tinha angu nesse discurso institucional.

Porque, sem as criptomoedas, em que se diferenciaria um blockchain de um aplicativo e sistema transacional qualquer do qual os bancos já se utilizam e aprimoram cada vez mais?

Mas também lembro de ter lido em algum lugar aqui que há criptomoedas que não possuem como objetivo ser um meio de troca (moeda), o que também seria uma tecnologia dissociada de criptomoeda como moeda (como contrato acho). Deu pra entender?

Sobre o anonimato: cash é anônimo, mas, mais que isso, se perde em desvalorização autoritária, que, creio, ser o pior defeito de uma moeda fiduciária.

Criptomoeda é um termo consagrado, mas hoje em dia se usa também o termo "criptoativo" para designar qualquer bem transacionado numa DLT.

A maioria das criptomoedas hoje não são moedas, serve como tokens, para duas funções principais: representações de bens exteriores na DLT (por exemplo, uso uma blockchain pra transacionar imóveis); ou sistema de troca interno do ecossistema da DLT (pense em milhas aéreas, que só fazem sentido dentro do programa associado). Outra função muito comum das criptomoedas é como mero (crowd)funding, as startups lançam o projeto para angariar recursos.

A existência de uma criptomoeda serve tanto para promover descentralização nos validadores (que são recompensados por validarem os blocos) quanto para eliminar o free riding (impõem um custo pela utilização do sistema, evitando desperdício).

Além disso, a criptomoeda aumenta o engajamento do usuário ao promover o ownership effect: o sentimento de que o usuário é stakeholder na rede e, portanto, tem interesse tanto em continuar usando a rede quanto em divulgá-la. Blockchains costumam ter tanto network effect quanto ownership effect, gerando o network ownership effect.

Quanto ao anonimato, blockchains têm registro público, mas sempre introduzem mecanismos para proteção da identidade nas transações. O Bitcoin tem pseudonimato, que é uma proteção mais fraca. O Monero tem anonimização nos endereços, além de outros mecanismos de segurança (como ring signatures) que permitem registro efetivamente anônimo (embora público).

O problema maior não é o registro, é a utilização. Como sempre, o ponto fraco na segurança é o usuário. Quem quer se manter anônimo usando uma blockchain precisa adotar muitas práticas de segurança e mesmo assim provavelmente não vai conseguir anonimato completo.

A boa notícia é que pro usuário comum a privacidade absoluta não é uma necessidade e para empresas quase sempre a anonimização nos registros é suficiente (é preciso identificar o usuário que inseriu o registro).

Sobre contratos inteligentes:

Como eu falei ali em cima, a maioria das criptomoedas hoje não é moeda, não tem essa proposta.

Hoje uma parte das blockchains são plataformas de contratos inteligentes e a maioria são ecossistemas específicos rodando nessas plataformas (Descentralized Apps, ou DApps). Quando eu falei dos tokens, é disso que estava falando.

Por exemplo, eu posso criar um app para compartilhamento de bicicletas. Qualquer um pode disponibilizar uma bike para compartilhamento e qualquer um pode usar, mediante pagamento de uma taxa. Para viabilizar esse sistema, cada bike teria uma ID, rastreável até o endereço do usuário que a colocou pra "alugar". Eu poderia usar uma blockchain para fazer o registro seguro em tempo real de todas as transações dessas bikes, de forma que o usuário que disponibilizar a bike receba sempre que ela for alugada.

Mas digamos que eu não queira apenas isso, eu quero rastrear também o percurso de cada bike (onde ela foi alugada e onde foi deixada, talvez todo o trajeto se a bike tiver GPS); eu quero identificar os usuários envolvidos, mas quero manter os registros com alguma privacidade (pra evitar exposição das pessoas); quero estabelecer taxas variáveis conforme oferta e demanda na região (tipo tarifa dinâmica do Uber); quero ter um sistema de votos para as bikes (de forma que eu possa identificar bikes em mau estado de conservação) e quero que esse sistema de votos puna usuários que tenham quebrado as bikes; etc, etc. O mais importante, eu quero viabilizar tudo isso de forma automática, sem a participação de intermediários. Aí entram os contratos inteligentes, que são contratos autoexecutáveis: eles verificam as condições na blockchain (a integridade do registro permite isso, sem checagem) e executam o algoritmo associado.

Esse app hipotético que eu citei poderia rodar numa blockchain própria ou poderia rodar numa plataforma de contratos inteligentes (como Ethereum ou EOS). Para viabilizar a cobrança e pagamento, ter uma criptomoeda própria poderia ser interessante, já que você cria o network ownership effect e permite uma economia multinacional sem intermediários (já que você não atrela o pagamento a uma moeda local, ligada a um país).

É só um exemplo pra ilustrar mais ou menos como funciona essa coisa de contrato inteligente e blockchain. É apenas uma forma diferente de disponibilizar serviços. Eu listei vantagens, mas esse sistema também tem desvantagens (não vou me aprofundar sobre elas porque isso aqui já está um textão e eu tô sem tempo agora).

@oxe

Você veio de qual planeta? [uhmm]

vim só agora postar a réplica aos que tivessem postado no tópico, mas o @oxe já o fez muito melhor do que eu faria.

em suma, se vc ver uma blockchain sem criptoativo associado, pode afirmar peremptóriamente: ISNT A BLOCKCHAIN !!

É uma sutil diferença filosófica e ideológica,blockchain é descentralizado,o que os ONREVOGs e empresas pretendem fazer copiando a ideia não é descentralizado

Mas não é esse o foco da inviabilidade das criptos

Muitas empresas têm projetos em blockchain mesmo (descentralizada). Outra coisa é que nem todo projeto que roda numa blockchain é uma blockchain por si. Por exemplo, faz um tempo saiu notícia de que a UBS lançou uma plataforma no Ethereum para fazer compensação interbancária na Europa. Essa plataforma roda numa blockchain (Ethereum), mas é autônoma, é um app "fechado" e interno dos bancos participantes.

Vale destacar também que rotular como blockchain ou como outra DLT não é uma questão de hierarquia. A blockchain tem vantagens e desvantagens, as outras plataformas DLT sacrificam parte das vantagens da blockchain para eliminar parte das desvantagens.

É tudo uma questão de encontrar o melhor equilíbrio entre segurança, privacidade e escalabilidade na sua aplicação.

@oxe Que aula sobre blockchain!!!

Tanto faz o nome. Eu só vejo blockchain/dlt whatever ser adotado como algo permissionado e privado. Como o Onepay do Santander, ou como tantas outras ideias surgindo por aí. Não vejo ninguém adotando uma blockchain pública por um motivo bem mais simples do que conspiracionista: volatilidade e manipulação extrema de todas criptomoedas atuais, e aversão a regulação que elas apresentam. Imagine colocar sua plataforma de compartilhamento, ou da sua cadeia de suprimentos em um contrato na rede publica do ethereum, e ficar À mercê de especuladores tornarem seu negócio inviável?

Como eu falei, apps privados podem rodar em uma blockchain pública, como o Ethereum. Ela pode fornecer a infraestrutura apenas. Além disso, os dados da rede blockchain não necessariamente ficam abertos, podem ser anonimizados.

Mas há empresas lançando criptomoedas próprias para suas soluções. Por exemplo, uma startup como a Golem.

Além disso, é perfeitamente possível ter segurança e domínio sobre seus dados sem que a plataforma seja permissionada. Na verdade, uma plataforma permissionless com muitos validadores é bem mais segura que uma permissionada.

De fato, todas as empresas que lançam apps (mesmo que privados) em uma plataforma blockchain, usam os validadores e o sistema permissionless da blockchain. O serviço de validação é terceirizado para uma plataforma como o Ethereum, por exemplo. Foi o exemplo que eu citei da plataforma da UBS, mas há outros exemplos. Inclusive em outras plataformas, como a Vechain.

Como eu disse, é tudo uma questão de encontrar o equilíbrio entre privacidade, escalabilidade e segurança na aplicação. Não dá pra ser hermético e dizer "só isso é possível". Aí vem a realidade e lhe desmente.

Oxe, para rodar seu contrato na rede publica Ethereum vc precisa de Gas, que é calculado pelo valor do Ether, além disso, seu contrato estará disputando recurso com qualquer nova modinha kriptokitties que surja. Meu problema é esse, compartilhar uma Infraestrutura que não está sob seu controle e cujos custos podem fugir totalmente do que você esperava antes. É muito mais simples e seguro simplesmente fazer um fork da rede e só os interessados minerarem ela, sem precisar disputar espaço.