Cheguei e vi todos esse mil tópicos de Basttinho sobre a governança e tudo mais e devo dizer o seguinte: concordo.
A minha ideia é a seguinte: você vai ser sócio da empresa por 20-30-40-50 anos, nesse meio tempo, se passa uma vida inteira.
UMA VIDA, cara!
Nesse tempo todos os funcionários vão ser substituídos, vai trocar de presidente e de diretoria umas vinte vezes, talvez o negocio da empresa mude, a situação do pais vai mudar, tudo vai ser diferente. É muito tempo.
Um jogador de xadrez tem dificuldade em antever as próximas dez jogadas pelo número de variáveis, isso em um jogo de tabuleiro com meia duzia de peças e movimentos pré-conhecidos. Imagina no mundo real.
Achar que consegue antever alguma coisa é um pensamento absurdo.
As próprias empresas gastam fortunas com profissionais que estão mega inseridos no negocio dela, pra antever mudanças de cenário, novos produtos, blá blá blá e vira e mexe as empresas cometem erros. O que a gente pode fazer? Nada.
O certo é selecionar um numero razoável de empresas, algo em torno de 20-30 (na nossa bolsa), e ir comprando e fazer uma analise quinquenal dos últimos cinco balanços anuais.
Você vai ver balanço todo ano pra que?
Rearranjar percentual? Bobagem
Ver se ela deu prejuízo um anual e sair correndo? Bobagem
Parar de aportar na empresa? Bobagem
Eu honestamente acho que a analise deve ser feita de cinco em cinco anos e cuja unica decisão proveniente dessa analise deve ser:
- parar de aportar em uma empresa que tenha quatro balanços com prejuizos. (nesse caso, em nova analise, em mais cinco anos, pode-se voltar a aportar na empresa ou enfim, vende-la)
As únicas duas exceções a regra de espera seriam o caso de implosão: decretação de falência e OPA.
A analise para entrar na carteira é simplista: ON com liquidez, não ser estatal, lucro por mais de dez anos, gerar caixa, ter divida controlada.
A analise quinquenal do balanço é apenas para reafirmar a analise originária.
Eu não tenho tempo nem capacidade para analisar melhor, minha realidade.
O Mille pode, assim como outros forenses fora de serie que tem aqui no site e estão sempre acrescentando pra comunidade.
Mas, pra mim, funciona bem dessa forma como eu expus.
Acho super bacana e válido acompanhar os murais da empresa, mas mais para aprender, não pra tomar decisões de entrada e saida rápidas, a não ser no caso das duas exceções.
Emoção com investimentos é prejuizo certo, até comprando Apple e BH o cara consegue perder dinheiro se tiver emoção junto.
Esses dias postaram o tempo médio de buy n hold do Buffett em algumas posições dele, me assutei por não ser tanto tempo.
Eu imaginava que as posições mais antigas tivessem +50 anos. Que nada, a maioria com vinte e poucos, poucas acima dos 30 e acho que uma com mais de 40 anos.
Ele bailarinou e estudou e trabalhou só com isso a vida toda, no final o que importou foi comprar a porra de uma Coca-Cola e segurar a ação por seus altos e baixos por mais de 35-30 anos. Coca-Cola! Uma empresa de quase dois séculos. Gigante. Uma analise simplista te faria ser socio dela. Ele não foi gênio por escolher e comprar a Coca, ele foi guerreiro samurai gênio por entender o conceito e não vender ela independente do que acontecesse.
Já foi dito mil vezes, mesmo uma carteira com muitas empresas que zerem seu valor, os micos, ainda assim o resultado é estrondoso. O que importa é que você fique com ela muito tempo.
Até empresas mais ou menos dão um retorno consideravel numa analise de 10-15 anos, o que nem é muito tempo.
Então, na minha condição de anta misturada com burro, foco no meu trabalho, ajudo os velhinhos, ganho meu dinheiro, e invisto sem nem pensar muito.
De verdade, acho que para o investidor comum, esse caminho pode trazer muita paz e muitos dinheirinhos.
Perdão pelo texto grande, não deu tempo de escrever um pequeno.
Abraços!
Ps: e claro, com o principio da diversificação em mente, uma carteira no exterior se faz necessaria, provavelmente maior que a brasileira em numero de ativos, evidente.