Dúvida contabilidade
comentada em 02/03/2019 15:04

Sim, deveria ser o EBIT. 

A conta dele não é o caminho mais técnico, mas também não está errado.

O mais técnico é encontrar o Lucro Líquido primeiro. O EBIT é o LL + tributos + resultado financeiro. O EBITDA é o EBIT + Depreciação + Amortização.

O cálculo aí tá certo porque realmente o EBITDA ainda não descontou D&A. O EBIT é o EBITDA - D&A.

@oxe então ele deixou implícito que somou D&A antes de chegar ao EBITDA.

Porque pela ordem, e nem tampouco em nenhum dos itens anteriores a linha EBITDA, aparecem D&A.

Acho errado porque simplesmente não se pode afirmar que  LUCRO BRUTO - Despesas VG&A =  EBITDA. O DA não está incluso no LUCRO BRUTO. Sei que pode parecer implicância boba, mas esses detalhes são importantes para quem está estudando os conceitos contábeis e tentando aprender a correta correlação entre eles.

Para fechar a conta é só entender ali na conta que a linha "(-) Despesas de Vendas, Gerais e Administrativas" é ex-depreciação e amortização. Ou seja, não é a soma total do SG&A (despesas operacionais totais), é sem essa parcela.

Na verdade EBITDA não é um cálculo apresentado normalmente em DRE, até pouco tempo não era nem normatizado. Para calcular geralmente pega EBIT e soma o D&A do demonstrativo de fluxo de caixa. Mas ajuda sim no entendimento encaixar ali, pois é a primeira conta de resultado operacional (geralmente a maior, e mais perto do FCO). Só tem que deixar claro que são despesas sem depreciação e amortização, adicionadas depois.

"Os valores a serem depreciados e amortizados não são subtraídos da receita líquida, e sim do patrimônio, não é isso?"

Sinceramente não entendi a sua dúvida. Depreciação é um lançamento que reduz tanto ativo quanto patrimônio líquido (lançado em despesas no DRE, portanto reduzindo patrimônio via resultado). Eu não entendi o que você quer dizer com "subtraídos da receita líquida". Sugiro que você estude de forma bem forte conceito de balanço (fonte/passivo e aplicação/ativo) e DRE, bem como caixa e competência, talvez você não tenha entendido essas questões perfeitamente ainda.

"Acho errado porque simplesmente não se pode afirmar que  LUCRO BRUTO - Despesas VG&A =  EBITDA"

Dessa forma não pode mesmo. Eu acho que a forma que ele colocou é bem importante e didática, mas tem que botar um asterisco nas despesas deixando claro ser ex-D&A.

Exemplo. O dinheiro sai do Caixa via Capex, para investir em ativo voltado para as operações da empresa. Uma vez comprado, esse carro é somado ao patrimônio líquido. O carro deve ser depreciado com o tempo, e esse valor é lançado via DA, que por sua vez, é subtraído do próprio patrimônio líquido. O valor desse carro nunca foi adicionado ao lucro bruto. Portanto, não posso dizer que LUCRO BRUTO - Despesas VG&A =  EBITDA. O correto é LUCRO BRUTO - Despesas VG&A =  EBIT. Se eu quiser chegar ao EBITDA, eu tenho que somar o DA ao EBIT. Apenas isso.

@brunogoncalves

Ele não fez o caminho normal. Veja que ele não foi todo o caminho até o Lucro Líquido. Do Lucro Bruto (que ainda conta D&A) ele já calcula o EBITDA. Aí depois tira o D&A e acha o EBIT. O próximo passo seria tirar/somar o resultado financeiro e os tributos pra achar o LL.

Pra esse cálculo ser possível, a empresa tem que discriminar na DRE as despesas operacionais (lembrando que D&A são despesas operacionais). Aí você subtrai apenas as demais despesas operacionais, administrativas e gerais.

Se a empresa não discriminar isso na DRE, o correto seria ir no DFC pra descobrir a D&A. Aí você subtrai as despesas não financeiras e soma a D&A.

Pra citar exemplos, a MDIA discrimina, a GRND não.

O @celtiberian já explicou direitinho, peguei o post antes de ver a resposta dele =)

@danilosodre o D&A está incluso no Lucro Bruto, sim. Ele é descontado logo depois, entre as despesas operacionais (por isso que D&A reduz o lucro líquido).

P. S.: fui conferir o DRE da MDIA agora, mas eu me enganei. Ela só discrimina parte da D&A (a que entra em despesas com vendas). Era a única que eu lembrava que fazia isso.

Então, acho que você está certo quanto a que o ideal seria calcular o EBIT e depois somar D&A pra achar o EBITDA. Acaba sendo mais fácil pra todas as empresas.

@Fabio

nos quadros de açoes agora tem a DRE com o caminho todo
so vc clicar no icone de grafico do lado do ano

@celtiberian e @oxe...então o DA está incluso no lucro bruto e conta como despesa operacional a reduzir o lucro líquido?

Essa é a exatamente minha dúvida.
Se o DA atinge um bem que foi comprado pela empresa no passado, por que esse valor está incluso no lucro bruto? O valor do lucro bruto não é a receita líquida - CPV?
Onde na receita líquida entram esses valores de bens comprados no passado?  
Se a empresa compra um equipamento de 50 mil, porque esse valor vai parar na receita líquida e, consequentemente, no lucro bruto?

Eu achei que, contábilmente, os valores subtraídos a título de DA não atingissem o montante do lucro bruto. Achei que atingissem apenas o patrimônio líquido,reduzindo-o, por que nessa situação vc está depreciando um bem que fazia parte do patrimônio da empresa.

A D&A é uma despesa referente a exercícios passados. Você talvez esteja misturando regime de competência com regime de caixa.

Quando eu reduzo valores na DRE, que segue o regime de competência, isso não necessariamente quer dizer que eu gastei aquele dinheiro no período em questão. No caso da compra de uma máquina, por exemplo, eu não registro o gasto na hora efetiva da compra. Eu vou registrando ao longo do tempo a depreciação, que representa a redução na vida útil da máquina (é como se eu dividisse o gasto em tantos anos quantos a máquina tenha de vida útil esperada). E isso é contabilizado como despesa operacional (já que é uma despesa com as operações da empresa - a máquina serve pra isso).

Já no regime de caixa, todos os registros se referem à entrada/saída efetiva de recursos no período.

Ou seja, não é que eu esteja somando a D&A no lucro bruto. É que a contabilização da D&A representa uma abstração, uma fração ideal, referente à parcela para aquele período da despesa total com imobilizado e intangível que eu tive/tenho/terei e essa abstração é contada como despesa operacional.

Já as variações patrimoniais são contabilizadas no Balanço Patrimonial, outro demonstrativo contábil.

DRE, BP, DFC (e os demais demonstrativos) todos têm funções distintas, mas complementares.

D&A não está "incluso" no lucro bruto, não faz sentido falar dessa forma. Nada que vem abaixo está "incluso" no que está acima, e você lê DRE de cima pra baixo. Lucro bruto é ROL menos custos e deu. O que acontece é que você USA o lucro bruto para pagar as despesas operacionais totais, e nisso incluem despesas comuns e também D&A (que são despesas operacionais e consideradas na formação do LL).

Como já falei aqui: é só o Fábio botar um asterisco onde diz despesas VG&A (SG&A expenses) com uma nota explicando estar usando ajustado sem D&A (que desconta depois para formar o EBIT = LAJIR).

"Achei que atingissem apenas o patrimônio líquido,reduzindo-o, por que nessa situação vc está depreciando um bem que fazia parte do patrimônio da empresa."

Você está fazendo uma confusão completa de conceitos. Ao falar em "bem que fazia parte do patrimônio", você não entendeu ainda que patrimônio líquido é uma fonte do lado do passivo. Você está confundindo o conceito contábil de patrimônio com o conceito coloquial e com a etiquetinha de "patrimonio N° xpto" colada em algum item do ativo imobilizado no balanço. Um item do ativo imobilizado NÃO "faz parte do patrimonio liquido contábil" pois não há uma correspondência 1:1 entre "esse real de fontes pagou esse real de ativo", existe só a soma geral de onde veio o dinheiro total (lado direito do balanço, passivos, fontes) e para onde foi (ativos, aplicações).

Volto a sugerir estudo dos conceitos de BP e balanço. Você está querendo entender detalhes que um simples manual para investidor (ao menos os que tem por aí) talvez não entregue.

Em termos de BALANÇO PATRIMONIAL, cada real de depreciação é menos ativo e a correspondência desse lançamento de fluxo (note que quando falei de não ter correspondência é em qual fonte pagou tal aplicação, mas em lançamentos de fluxo cada tipo de lançamento vai ter um correspondente a ser modificado em mesmo módulo, mantendo o BP igualado dos dois lados, sempre) nas fontes é menos patrimônio. Mas o "menos patrimônio" não é um lançamento direto, até por que não existe lançamento direto em patrimônio, ele é formado por diversas contas com regras diferentes para lançar. A depreciação é reduzida das DESPESAS OPERACIONAIS, por consequente reduz o lucro líquido e daí advém o equilíbrio fonte/aplicação pois LL vai pro balanço em lucros/prejuízos acumulados (uma das contas que forma o PL).

A forma de entender por que é fácil: você tem uma máquina de 1 milhão que dura 10 anos. A cada ano de produção você está a desgastando 1/10 do seu valor para poder gerar receita. Isso é uma despesa, mesmo que sem efeito caixa. Por isso é lançado no DRE, na linha de despesas operacionais. A receita líquida tem que pagar a D&A para formar o LL.

E por que eu falo que falta entendimento de conceitos? Pois esse tipo de lançamento que sai do ativo e vai pro DRE (descontando da ROL pra formar LL) é extremamente comum. Um exemplo comum é o estoque de mercadorias: vendeu, sai do estoque (- ativo) e vai pro DRE em CVP (soma nos custos, reduz LL que reduz patrimônio, ao olhar esse lançamento isolado com todo resto ceteris paribus).

Galera não consrgui ler tudo que escreveram... mas no custo dos produtos vendidos já é deduzida a depreciação e amortização. Então para chegar ao EBITIDA você tem que somar de volta isso a partir do EBIT.

A impressão é que o cara meteu o EBITIDA ali sem seguir a norma contábil.

Veja no mural do site que tá certo. Você chega ao EBIT após despesas VGA depois soma de volta a D&A (que havia sido deduzida no CPV para o cálculo do Lucro Bruto) e chega ao EBITIDA.

@celtiberian e @oxe agora eu entendi melhor, valeu. Não estava enxergando o DA como uma despesa operacional. Achava que o único efeito desse lançamento era reduzir os ativos da empresa. 

@MarketSafe

D&A entra nas despesas operacionais, não no CPV.

Com o comentário do @MarketSafe acabei de notar que esqueci completamente que pode ter D&A no custo também (e em casos como indústria provavelmente via ser a maior depreciação).

A alocação de D&A pode ser em custo ou despesa (ambos reduzindo lucro e patrimônio portanto), dependendo de qual a participação do ativo no custo. O carro do diretor é despesa que entra no SG&A, a depreciação de máquina de uma indústria entra no custo.

Então realmente fica difícil fazer a soma como o Fabio colocou, pois teria que ser custo e lucro bruto também com asteriscos além do SG&A, começa assim a se distanciar demais de um DRE real, principalmente de indústria. Não vale a pena colocar como linha do DRE.

EBITDA não é um conceito presente de forma normatizada em nenhum demonstrativo. Mas para "encaixar" em algum para fins didáticos, talvez faça mais sentido encaixar em uma conciliação do FCO que em alguma linha coloque o EBITDA. A verificar, vou pensar nisso para o livro.

@oxe

Depende da natureza, máquina de produção direta entra sim no custo. Peço desculpas pois esqueci disso (trabalho hoje em varejo, custo é CMV = nota do fabricante e deu, faz tempo que não olho DRE de indústria no detalhe, em indústria entra bem mais coisas no custo, esqueci completamente).

A regra é a mesma para outros gastos. O que você gasta para fazer o produto é custo, o que gasta para gerar receita é despesa (SG&A). Salário do operador é custo, do vendedor é despesa, da mesma forma a depreciação da máquina que o operador usa é custo, a depreciação do carro que o vendedor usa pra visitar clientes (assumindo ser frota própria) é despesa.

@danilosodre

Só atualizando pois falei errado: entra em despesa OU custo. Portanto realmente não dá pra fazer a conciliação como o Fábio sugeriu no livro, salvo botando asterisco em custo e lucro bruto também, mas aí fica muita modificação no DRE. Ideal é ver EBITDA separado ou conciliar ele em outro demonstrativo (talvez um dos passos na abertura do FCO, a ver).

@celtiberian

Interessante isso, achei que sempre entrava nas despesas. Eu sei que na MDIA, por exemplo, entra parte da D&A nas despesas com vendas.

Faz bastante sentido o que você falou, não tem porque tratar D&A de forma diferente dos demais custos/despesas.

Enfim, isso só reforça como é melhor seguir o caminho mais técnico. Ir até o LL e depois somar de volta pra achar EBIT e EBITDA.

@Oxe

Também achava que fosse despesa, depois lendo um livro de contabilidade financeira descobri que seria na parte de custos, CPV. Agora que o @celtiberian explicou fiquei com mais dúvidas rsrs

Não é custo nem despesa de forma automática. A alocação é de acordo com a natureza do bem.

Pensa assim: quem encosta nessa coisa que tá depreciando tem seu salário alocado onde? Aloca a depreciação no mesmo lugar que o salário do humano que encosta naquilo.

Faz bastante sentido. O imobilizado tem uma função na empresa e os "gastos" entram na DRE em diferentes momentos, conforme a função. É razoável que algo com função de vendas entre em despesa com vendas, algo com função de RH entre em despesas gerais e administrativas e algo com função produtiva entre em custos, etc.

Só pra ilustrar o que o @celtoberian explicou. Aqui no demonstrativo da Mdias uma parte da D&A sai dos custos e outro das despesas:

Dessa forma fica 38 mi em custos e 12 mi no operacional: D&A total de aproximadamente 50 mi

Isso é uma DRE bem discriminada no release. Parabéns à MDIA, não lembro outra empresa que desce a tanta minúcia.

Valeu pelo exemplo, @MarketSafe

Agora eu entendi perfeitamente. Pelos menos o tópico serviu para esclarecer essas especificidades. Valeu pessoal.

@danilosodre

Acho que todos aprenderam (ou pelo menos relembraram) algo com o tópico.

 

@MarketSafe

Ótimo exemplo esse da MDIAS, obrigado.