"– Aslam! Aslam! – exclamaram as meninas, espantadas, olhando para ele, ao mesmo tempo as sustadas e felizes.
– Você não está morto?
– Agora, não.
– Mas você não é... um... um...? – Susana, trêmula, não teve a coragem de usar a palavra “fantasma”.
Aslam abaixou a cabeça dourada e lambeu-lhe a testa. O calor de seu bafo era de criatura viva.
– Pareço um fantasma?
– Não! Você está vivo! Oh, Aslam! – gritou Lúcia, e as duas meninas atiraram-se sobre ele com mil beijos.
– Mas explique tudo isso, por favor – disse Susana, ao recuperar um pouco da calma.
– Explico: a feiticeira pode conhecer a Magia Profunda, mas não sabe que há outra magia ainda mais profunda. O que ela sabe não vai além da aurora do tempo. Mas, se tivesse sido capaz de ver um pouco mais longe, de penetrar na escuridão e no silêncio que reinam antes da aurora do tempo, teria aprendido outro sortilégio. Saberia que, se uma vítima voluntária, inocente de traição, fosse executada no lugar de um traidor, a mesa estalaria e a própria morte começaria a andar para trás..."
Poucas passagens são tão belas na literatura...