Acabei de voltar de viagem de Ilha Grande - RJ. Nessa época do ano tem muito mais turistas estrangeiros do que brasileiros frequentando a ilha. Um dos programas mais comuns lá é pegar um passeio em uma agência de turismo que vai te redirecionar para um "taxi boat" particular. Em algumas situações eu tive a impressão de haver até dois intermediários até você embarcar.
Para chegar em um dos lugares mais famosos, a praia de Lopes Mendes, você precisa pegar um "taxi boat", descer em um ponto e caminhar mais uns 15-20 minutos por uma trilha. Fiz esse passeio e deviam haver umas 15 pessoas no barco, somente minha esposa e eu éramos brasileiros. Quando chegamos ao local onde a trilha começava, o barqueiro desembarcou o pessoal, apontou para a mata e falou "Agora galera, é só seguir trilha que vcs chegam lá!" e foi embora.
Os gringos ficaram olhando uns para os outros com uma cara de confusão. Eu fui lá e arranhei um pouco do meu inglês para explicar que ainda tinha mais um trecho de trilha e mostrei para eles onde ela começava.
No último dia de viagem peguei um outro passeio, nesse o barqueiro acompanhava os passageiros em todas as praias do trajeto. Em uma das paradas eu puxei papo com ele e perguntei como ele se virava com tantos gringos sem falar inglês. A resposta do cara foi mais ou menos essa:
"Se eles vieram pro Brasil é responsabilidade deles falar português. Uma vez eu fui pra Nova York e vê tinha alguém lá preocupado em falar a minha língua?"
A falta de visão do cara me impressionou. Se ele falasse um pouco de inglês, provavelmente conseguiria fechar passeios diretamente com os estrangeiros sem precisar de vários intermediários comendo uma boa fatia do faturamento. Poderia até fechar um pacote como guia de algum grupo enquanto eles estivessem hospedados na ilha.
Durante toda a viagem só vi um brasileiro se comunicando em inglês. Por outro lado, vi um estrangeiro guia de um grupo, que falava português em um local onde estava almoçando. O cara se enrolou um pouco para explicar o que era a mandioca e eu aproveitei para arranhar um pouco mais explicando o que era.