Extraído do livro "Investidores conservadores dormem tranquilos", de Philip Fisher.
Para ser considerada um investimento realmente conservador, uma empresa - em todas (ou quase todas) as suas linhas de produção - deve apresentar os mais baixos custos de produção do mercado ou gerar custos tão baixos como qualquer uma das suas concorrentes.
Ela deve, ainda, oferecer perspectivas para permanecer assim no ORUTUF.
Quando um ano ruim abala a indústria e, consequentemente a demanda, os preços dos produtos daquele setor caem, fazendo com que as empresas com custos mais elevados acumulem prejuízos, muitas vezes ao ponto de precisarem cessar sua produção.
Nestes momentos, empresas com custos mais baixos se beneficiam ao assumirem a demanda anteriormente preenchida por aquelas empresas que foram obrigadas a cessar sua produção em virtude dos prejuízos.
Ou seja: boas empresas costumam atravessar relativamente bem períodos de crise econômica sistêmica, sofrendo menos do que a maioria da concorrência.
Por outro lado, nos períodos de grande atividade econômica e num mercado em alta, boas empresas de baixo custo tendem a ter um percentual de lucro inferior àquele obtido por empresas de custo elevado, o que pode gerar alguma distorção de avaliação por parte dos investidores.
Este exemplo ajuda a clarear as ideias:
Suponhamos duas companhias de mesmo porte e que, numa época normal, vendem um produto específico por dez centavos a unidade.
A companhia "A" conta com um lucro de 4 centavos a unidade e a companhia "B", com um lucro de 1 centavo por unidade.
Agora, suponhamos que os custos permaneçam os mesmos, mas uma demanda temporária extra por este produto eleve o preço para 12 centavos por unidade, com ambas as companhias mantendo o mesmo porte.
A companhia de baixo custo de produção (A) aumentará seus lucros de 4 para 6 centavos, um ganho de 50%; todavia, a companhia de custo elevado (B) obterá um ganho em lucros de 300%, ou seja, triplicará os seus lucros, ao elevar os ganhos de 1 para 3 centavos por unidade.
Este exemplo ajuda a explicar por que, no curto prazo, a companhia de custo elevado, às vezes, tem maior ascensão num período de grande atividade econõmica.
Ajuda a explicar, também, por que alguns anos depois, quando chegam os tempos difíceis e os produtos caem para 8 centavos a unidade, por exemplo, a companhia de baixos custos obtém lucro reduzido, porém satisfatório; ao passo que, se a companhia de altos custos não for à falência, provavelmente irá produzir uma nova safra de investidores lesados (ou, talvez, especuladores que se consideravam investidores), que terão certeza de que algo está errado com o sistema e não com eles próprios.