Uma carta para você.
Eu sei que tá difícil. Sei que a solidão tá foda. Você recebe 100 curtidas e ainda sente que não tem ninguém por perto. Cheio de contatos no Facebook, Instagram, WhatsApp e outros apps. E nada. Sente que a vida não é esse mundo virtual, mas quem sabe? Conhece gente nova, se envolve, mas a solidão tá sempre ali. Entra em cursos, viagens no feriado com aquela turma, churrasco, mas você nunca sente que efetivamente se encaixa. Se pergunta constantemente se o problema é você. Se você não seria um chato, exigente demais, antipático. Até manipulador você já se sentiu, mesmo sabendo que apenas tentou se relacionar. Se sente uma farsa, uma pessoa que se esforçou demais para agradar e não conseguiu. Agora tenta ser radical. Resolveu que vai ficar sozinho mesmo, porque, né?, no fundo somos grandes solitários. A teoria é poética, mas a realidade é dura. A verdade é que você tá quase desistindo. Confundindo uma solidão necessária com isolamento.
Mas.
Calma.
Não desiste não. Não para. Vale a pena. Demora e é foda mesmo. É difícil e dá trabalho. Dói. Você tá numa fase de reciclar, você e quem te cerca. Essa vida que você levou até agora não te serve mais. Perceba isso. Agora precisa questionar antigas escolhas, antigos padrões. Crenças, fé, gostos. Questiona até se não é louco. E que bom poder fazer isso, se entregar para as incertezas, perder o chão. Porque aí você precisa construir tudo de novo, do zero. Comece pequeno, devagar, mas tudo será mais verdadeiro. Mais difícil, mais trabalhoso, mais torto e incerto. Mas em breve será mais suave, mais leve. Doce. De verdade. Viver com vínculos genuínos é bem mais gostoso, é o que faz a gente levantar de cama todo dia. Apenas não desista.
Sei que não vai desistir.
Um abraço.
Moisés Brander