Uma ceia de natal atípica. Um Senhor de 84 anos, paciente do hospital onde a minha esposa trabalha, é uma pessoa de mente 100% sadia, mas cujo corpo é frágil, só anda curtas distâncias e com necessidade de andador e uma outra pessoa do lado, usa fralda, tem restrições alimentares...
Estava morando sozinho no andar de baixo da casa do filho e sofreu uma queda à noite. Não conseguiu se levantar e foi encontrado somente no outro dia de manhã quando a cuidadora chegou. Ia passar o natal sozinho no hospital, porque a família era desestruturada e não dava o devido suporte. Faltava o básico, como roupas e comida.
A minha companheira, ao mesmo tempo que sentiu uma forte conexão com aquele homem, compadeceu-se de sua situação e o convidou pra passar o natal em família com a gente. Fomos pra a casa de meus sogros e lá o paciente (irei chamá-lo de Sr. Antônio) era o vovô da família, conversava muito, contou sua história de vida: que foi mineiro dos 18 aos 30 anos (vida difícil) e que depois virou guarda florestal, o que exerceu até se aposentar.
Após a morte da companheira, foi morar com o único filho mas não se cuidava nem tinha convívio ou suporte social: passava o dia inteiro dentro de casa, sem se exercitar e comendo só enlatados, pois não conseguia cozinhar sozinho nem tinha quem o ajudasse.
O tempo foi passando e foi se tornando cada vez mais frágil fisicamente, culminando nessa situação de necessidade de internamento após queda. Já está internado há 8 dias, sem previsão de alta. Relatou que não vai mais voltar pra casa do filho, pois não se sente como parte daquele micro-sistema familiar (a enfermaria já estava organizando a sua transferência para morar em uma casa de apoio, com médico e enfermeira).
Fiquei reflexivo. Mente sã em corpo doente; situação em que a mente não pode sair do lugar sem ajuda. Para que a vida continue com movimento, é necessário um suporte externo, que pode existir ou não.
E não vou nem entrar na questão da família dele, o que quero ressaltar é outra coisa: aquela frase ASICS, do latim "Anima Sana In Corpore Sano" ou "mente sã em corpo são". Foi frustante olhar pra uma mente tão sadia, tão boa, cheia de memórias e disposta a continuar vivendo, mas não poder se movimentar livremente pelo mundo.
Como não lembrar da filosofia Bastter diante de tal situação? Fala-se em cuidar de si mesmo pra diminuir ao máximo a influência externa na nossa liberdade individual. Saúde em primeiro lugar, porque o ORUTUF IRÁ trazer várias dificuldades. Preparar um corpo são e uma mente sã é fundamental pra poder continuar vivendo com liberdade, a despeito das dificuldades cada vez mais desafiadoras com o passar do tempo.
Isso porque algumas pessoas, ao se tornarem dependentes, têm uma família que dê um suporte. Outras não.
E, mesmo que haja o suporte, sua vida nunca mais é a mesma, pois sempre vai ter que ter alguém lá pra fazer a engrenagem girar. Além disso, mais uma vez, o ORUTUF é incerto e pode ser que o familiar que poderia ser um cuidador se torne um dependente ele próprio antes disso, ou que as circunstâncias de vida façam com que se mude antes para um lugar distante.
Cuidar e si e da família
Praticar esportes como hábito rigoroso
Pensar na alimentação como funcional e de longo prazo, ao invés de algo que dará um prazer momentâneo (com consequências futuras).
Estudar e se aperfeiçoar cada vez mais, porque o ORUTUF reserva vários desafios.
Acumular patrimônio em valor, pra que a independência financeira traga maior tranquilidade.