"Property ownership makes better citizens"?
comentada em 03/03/2020 09:44

Discordo. 

Moradia, de uma forma em geral, costuma realmente ser um investimento ruim se comparado com aluguel.

Todavia, aqui entram alguns fatores que não são unicamente econômicos, tem muita coisa imponderável nisso.

 

Quando comecei à investir, há 5 anos, uma das certezas que eu tinha era que eu nunca compraria uma casa, viveria de aluguel para sempre.

Hoje eu estou no processo de construir minha casa, com planos de mudar em definitivo no final do ano. E não descarto num ORUTUF incluir imóvel como parte do patrimônio investido.

 

O trecho: "Data-crunching by The Economist suggests that the number of new houses constructed per person in the rich world has fallen by half since the 1960s" justifica em parte essa alta nos preços dos imóveis. Tenho a impressão que no passado era muito mais fácil comprar/construir um imóvel do que hoje.

Porém, a vida era muito menos complexa do que hoje. Quando muito se gastava com luz/energia. Não tinha internet, smartphone, telefonia, gasolina, ifood, etc etc.

Talvez hoje ganhamos mais, gastamos mais porque temos muito mais opção.

Digo isso pois na época dos meus avós se ninguém fizesse janta em casa, simplesmente não se jantava. Não tinha supermercado aberto, não tinha quase restaurante/pizzaria etc abertos para consumo à noite.

 

Tem sempre os cabecas de planilha para dizer que imóvel próprio não compensa, carro novo também não (ultimamente tem a turma de que carro nenhum compensa), o preço do iPhone é extorsivo, etc. Agem como se todas as decisões humanas forem meramente racionais e alguma forma de cálculo matemático pudesse dizer o que será melhor para cada um. Na minha opinião, a coisa é simples, quem quer e pode comprar compra, quem não quer e/ou não pode não compra. E um respeita a opinião do outro.

para mim eh tudo baboseira
tem gente boa e ruim q tem e nao tem imoveis
para mim ter um imovel ou nao ter nao muda absolutamente nada

O próprio título para mim já não tem sentido: o que tem a ver propriedade de imóvel com ser um melhor cidadão? Não sei nem o que seria o conceito de um cidadão melhor que o outro.

Que loucura, cara!

O texto não é política. Nem investimentos. É basicamente de microeconomia. E acho que a maioria não vai compreender as principais mensagens que estão ali.

No passado era muitíssimo mais fácil construir um imóvel pois era só construir. Não havia a regulação sufocante que existe hoje em praticamente todos países do ocidente, e em algumas cidades muito mais que em outras.

Se vocês querem entender melhor o que o texto traz, vejam isso:



Não precisa ir tão longe assim: um FII acabou de colocar o valor nos livros de certos terrenos para ZERO (queda de 97% no patrimônio do fundo) pois simplesmente não recebe NENHUMA resposta da prefeitura, nem aprovação, nem reprovação informando o que precisaria adequar. Um terreno que nada pode fazer em cima só vai servir de estacionamento, não tem grande valor.

Isso é uma grande tragédia pois cidades trazem maior eficiência na divisão de trabalho. Mas precisam adensamento urbano e regras de construção aceitáveis, caso contrário o ganho de eficiência vai para o lixo.

O mercado talvez consiga desatar esse nó criado por ONREVOGs através do trabalho remoto e ferramentas para ele ser tão eficiente quanto o trabalho localizado. Assim consegue os ganhos de produtividade de uma grande cidade sem precisar de localização.

Sobre o texto comentar que homeowners podem atrapalhar o progresso para tentar defender suas propriedades (ou modo de vida), isso é muito claro e óbvio, é só olhar para os Jardins, que em qualquer sistema de livre mercado já seria um bairro adensado basicamente de prédios multi-uso e comércio, mas é mantido à força de lei sem prédios, com forte lobby dos moradores, às custas de perda de eficiência da cidade em si.

Eu só tenho certeza de duas coisas: 1. O ONREVOG vai sempre regular. 2. Se a demanda justificar vai ter gente construindo e ganhando dinheiro com isso apesar da regulação.

A regulação estatal, quado mal feita, cria malefícios em todos aspectos da vida urbana, até mesmo na segurança pública pois recuo obrigatório transforma a calçada em um não-lugar.

Se Manhattan fosse construída com as regras urbanas de São Paulo (ou até mesmo com as atuais regras de construção por lá) seria totalmente péssima.

O mais interessante é que certos dogmas surgiram com base em falácias antigas, como as primeiras regulações reduzindo adensamento por acreditar que "doenças vem do miasma", mas as regulações não seguirem a evolução científica que já desmentiu as premissas daquilo.

Texto bem interessante a respeito:
Cidades brasileiras: a pior verticalização do mundo | Caos Planejado

vlw pela bela discussão.
@Rincewind concordo com quase tudo que vc disse.
@Mandarim e @bastter o título é só uma frase tirada do texto. realmente não faz sentido e não quer dizer nada, mas é chamativa... a discussão do texto gira em torno do que o @celtiberian colocou, muito bem por sinal!!!
@prmd essa é a única certeza que eu tenho, graças a deus!

sobre regulamentação estatal de propriedade, sugiro aos que tiverem interesse em ler algumas considerações do peruano Hernando Soto, que fala sobre o "capital morto" de propriedades, muitas vezes centrais em cidades, mas que não são consideradas "legais" do ponto de vista jurídico.
É bem legal o paralelo que ele traça entre isso e o aprofundamento da desigualdade social. Em resumo, o capital pro pobre fica mais caro porque a propriedade dele não tem um título que assim reconhece.
Desse estudo dele teve um "desdobramento" feito por outra pessoa (infelizmente não lembro quem) mostrando que a verticalização das propriedades na forma como é feito na china, por exemplo, acaba por "privatizar" o custo que seria do ONREVOG.
Se num mesmo arranha-céu é possível ter residências, comércios, serviços e consequentes trabalhos, então o deslocamento interno é construído e custeado pelo particular, sendo do critério individual escolher se lhe agrada um prédio assim ou não.
Enfim, achei a teoria muito interessante.

@chimp

Se fosse respeitado o princípio de homesteading provavelmente as favelas do rio mais bem localizadas hoje já não seriam favelas (e a reclamação seria sobre "gentrificação dos morros"...).

Discussão bem legal.

Não há dúvidas de que o poder do estado sobre a vida das pessoas está cada vez maior, afinal sua principal característica é o seu crescimento, o aumento de seus tentáculos, apenas a velocidade varia de lugar pra lugar. 
O caso dos Jardins comentado acima é um exemplo clássico de como funciona o estado, algumas pessoas se valem do poder estatal para fazer prevalecer seus desejos frente às outras pessoas. Basta só lembrar que em qualquer decisão que o estado tomar, vão haver perdedores e ganhadores. Nunca será um jogo ganha-ganha.