Nunca subestime o poder destrutivo do caos
Quando as coisas dão errado, tudo aquilo que você ignorou até aquele ponto emerge de forma a possibilitar, em uma visão retrospectiva, tudo aquilo que poderia ter sido feito para que o caos não fosse instalado. Mas, aí é tarde! O caos instalou-se e os danos diretos ou colaterais são sentidos em todos os lados.
Essa reflexão surgiu-me ao pensamento a partir de uma assertiva de Jordan Peterson: “Você e eu somos simples apenas quando o mundo se comporta”. Impossível não trazer tal reflexão diante do cenário atual de distribuição massiva de bullshits na internet envolvendo investimentos e prosperidade. Em mercado de alta, os investidores prosperaram, os youtubers da moda se consagram e a matrix do mundo financeiro aparenta ser inabalável. Repito, aparenta!
Porém, tudo está entrelaçado muito mais do que pensamos, como se não bastasse toda complexidade do mundo e a natureza de nossas percepções. Quando o edifício desmorona, o cenário muda, nossas percepções mudam; nosso cérebro, de passado reptiliano, traz à superfície instintos primitivos instalados em nossa mente durante o longo processo de evolução que nos trouxe até aqui: adrenalina e cortisol deixam o indivíduo pálido diante do perigo e o estado de prontidão se instala junto com o instinto de fuga.
Quando o mercado desabar, o fundo ficar mais próximo que o teto e o caos se instalar em nossa mente, não se engane, você vai entrar em estado de prontidão, ficará atento a todos bullshits da internet e justificará sua fuga a partir de qualquer notícia.
Para lutar contra esta configuração primitivo instalada em nosso cérebro ao longo de milhares de anos da teoria evolutiva, tomo a liberdade de rememorar princípios da filosofia Bastter: esteja diversificado em ativos de valor, não seja reativo, não acompanhe notícias, direcione sua adrenalina para outras coisas (correr, pedalar, ler, melhorar no trabalho, evoluir); a única coisa que vai melhorar é você mesmo (BASTTER, Maurício).
Outra, não ache que você é o escolhido e que com você será diferente. Mesmo com uma boa aderência à filosofia Bastter, uma certa bagagem de experiência e uma crença de estar devidamente vacinado contra contra essa reação instintiva, eu mesmo me surpreendi, há pouco tempo, com uma reação de fuga e pânico, quando um fii do qual era cotista foi envolvido em uma querela judicial. Vi a cota do fundo despencar de um dia para o outro; eu que me achava o investidor especial vacinado contra o pânico vendi imediatamente todas as cotas. Pouco tempo depois, o fundo já contava com outros gestores/administradores e tudo havia voltado normal, salvo a vergonha de ter agido no pânico quando me achava já vacinado contra tal tipo de reação.
Não se engane, você vai vender no pânico. Prepare-se para que isso não aconteça, esteja diversificado em ativos de valor, não acompanhe notícias e o principal, nunca ignore o poder destrutivo do caos. Se isso não tiver devidamente consolidado no seu instinto, você vai vender no fundo.
Nunca subestime o poder destrutivo do caos.