Sobre as ações alheias:
"Quando você despertar pela manhã, diga a si mesmo: as pessoas com quem lidarei hoje serão intrometidas, ingratas, arrogantes, desonestas, ciumentas e grosseiras. Elas são assim por ignorância daquilo que é verdadeiramente bom e verdadeiramente mau. Mas eu já vi a beleza do bem e a feiúra do mal e reconheci que o malfeitor tem uma natureza aparentada à minha - não do mesmo sangue ou nascença, mas da mesma mente, e possuidor da mesma fração do divino. E por isso nenhuma dessas pessoas pode me ferir, pois não está em poder delas me obrigar a nada que é verdadeiramente reprovável. Nem posso eu sentir raiva do meu parente, ou odiá-lo. Nós nascemos para trabalharmos juntos, como pés, mãos e olhos, como as fileiras superior e inferior dos dentes. Opormo-nos um ao outro é contra a natureza. E o que seria sentir raiva ou virar as costas para alguém, se não oposição?"
"Quando confrontado com o mau comportamento de outras pessoas, pergunte-se quando *você* agiu daquela forma, quando pensou no dinheiro, ou no prazer, ou em posição social, como um bem. Quando refletir, sua raiva será logo esquecida. Especialmente quando você se der conta de que essas pessoas foram constrangidas a agir assim por erro e ignorância. Se possível, remova dessas pessoas aquilo que as forçaram a agir assim."
"Alguém me despreza. Problema dela.
O meu: não fazer ou dizer nada desprezível.
Alguém me odeia. Problema dele.
O meu: ser paciente e jovial com todos, incluindo ele. Pronto para mostrá-lo seu erro. Não com rancor ou para alardear meu autocontrole, mas de uma maneira honesta e íntegra. Como Phocion (se ele não estava apenas fingindo). É assim que devemos ser em nosso interior e nunca permitir aos deuses que nos encontrem sentindo raiva ou ressentimento.
Enquanto você fizer o que é próprio à sua natureza e aceitar o que a natureza do mundo tem a oferecer - enquanto trabalhar para o bem dos demais, de toda e qualquer forma - o que pode lhe ferir?"
"Aprenda a se perguntar de todas as ações: por que estão fazendo isso? Comece consigo mesmo."
"Se cometeram um erro, corrija-os gentilmente e lhes mostre onde erraram. Se você não puder fazê-lo, então a culpa recai sobre você ou sobre ninguém."
"Não importa o que qualquer pessoa diga ou faça, minha missão é ser bom. Como ouro ou esmeralda ou púrpura repetindo para si mesmo: "não importa o que alguém diga ou faça, minha missão é ser esmeralda, minha cor inalterada.""
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Sobre suportar as intempéries do mundo:
"Pessoas que se sentem feridas e ressentidas: imagine-as como porcos a serem sacrificados, chutando e guinchando por todo o caminho. Pessoas como aquela solitária em sua cama, silenciosamente chorando pelas misérias dessa nossa vida mortal. Pois todas as criaturas devem se submeter, mas apenas seres racionais são capazes de fazê-lo voluntariamente."
"E por que deveríamos sentir raiva do mundo? Como se o mundo notasse!"
"Tudo que acontece é tolerável, ou não.
Se é tolerável, então aguente. Pare de reclamar.
Se não é tolerável, então pare de reclamar. Pois em breve isso te destruirá e, em fazê-lo, a si mesmo.
Apenas lembre: você é capaz de suportar qualquer coisa que sua mente faça tolerável por reconhecer como de seu interesse tolerar. De seu interesse ou de sua natureza."
"Escolha não ser ferido e você não será ferido.
Não se sinta ferido e você não terá sido."
"Aquilo só poderá arruinar sua vida se arruinar seu caráter. De outra forma, não poderá lhe machucar - interna ou externamente."
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Sobre apreciar a importância do tempo:
"Pense em si mesmo como uma pessoa morta. Você viveu sua vida. Agora pegue o que restou e viva adequadamente."
"Coisas externas te distraem? Então arranje tempo para aprender algo útil; pare de se deixar ser empurrado em todas as direções. Mas se certifique de evitar outro tipo de confusão. Pessoas que trabalham toda a vida mas não têm qualquer propósito para o qual direcionar cada pensamento e impulso estão desperdiçando o próprio tempo - mesmo quando em trabalho intenso."
"Pare o que estiver fazendo por um momento e pergunte a si mesmo: tenho medo da morte porque não serei capaz mais de fazer *isto*?"
"Mesmo que você viva três mil anos mais, ou dez vezes isso, lembre: você não pode perder outra vida se não a que está vivendo agora, ou viver outra vida se não a que está perdendo agora. O maior período resulta no mesmo que o mais curto. O presente é igual para todos, sua perda é a mesma para todos e deveria estar claro que um breve instante é tudo que se perde. Pois você não pode perder nem o passado, nem o ORUTUF. Como poderia perder aquilo que você não possui?
Lembre duas coisas:
1- que tudo sempre foi o mesmo e continua se repetindo. Não faz diferença se você vir as mesmas coisas se repetirem em cem anos ou duzentos ou em um período infinito;
2- que os que vivem mais e os que morrerão em breve perde a mesma coisa. O presente é tudo de que podem desistir, pois é tudo que possuímos - e aquilo que não possuímos, não podemos perder."