Acho que muita gente está caindo na real nesta quarentena com relação aos seus planos de aposentadoria.
Está no imaginário coletivo aquela ideia de que um dia vamos parar de trabalhar, aproveitar uma vida sem preocupações e viver ótimos anos em casa na companhia dos nossos familiares, viajando e fazendo só o que gostamos.
Lembro de ter lido no livro do Jordan Peterson um caso de um paciente dele que tinha idealizado uma aposentadoria tomando margueritas na praia. Quando questionado o que ele faria no segundo dia de aposentadoria, ele disse que faria o mesmo, iria para a praia e tomaria margueritas. O psicólogo continou nessa linha, e no terceiro dia essa ideia já não parecia mais tão atraente para o paciente sonhador.
Aquele plano aparentemente perfeito caía em uma monotonia absurda em menos de uma semana.
De certa forma é o que estamos vendo agora. A privação do ambiente profissional (pra quem não trabalhava em casa antes) é assustadora. Ficar em casa sem muita coisa pra fazer é muito desanimador. A mente não para nunca e contamos os minutos para poder fazer qualquer coisa fora da rotina.
Imagina juntar esse cenário com um benefício do ONREVOG que pode reduzir ou ser cancelado a qualquer momento. É a morte.
Espero que as pessoas entendam que essa idealização de aposentadoria não existe. Se pararmos de produzir, a vida para. Todos estão tendo a chance de vislumbrar o que a vida pode se tornar logo ali adiante se não agirmos agora e prolongarmos nossa fase ativa.
Claro, podemos (e devemos) adequar carga horária, atividade, envolvimento, mas parar - como nossos pais e avós sempre falaram, não é uma opção saudável.
Estamos tendo uma ótima oportunidade para repensar nossos planos e focar no que realmente importa e que vai nos manter saudáveis, física e mentalmente ali na frente.
Vejo isso como um grande benefício colateral desse caos que estamos vivendo.