Muito se fala neste período de crise sobre preservar o caixa e a liquidez da empresa para momentos difíceis.
Esta proteção pode ser feita basicamente em duas pontas: o contas a pagar (assunto de outro post) e o contas a receber.
O contas a receber (CR) é composto pelas vendas a prazo da empresa, representadas por diferentes títulos de crédito ou ordens de pagamento, como duplicatas, cheques e promissórias.
Em um período como este, com todas as empresas buscando conservar o caixa para períodos difíceis e para despesas com folha de pagamento, a tendência é que o índice de inadimplência aumente. Portanto, é importante adotar estratégias que protejam seu contas a receber e tornem o dano o menor possível. Abaixo três dicas rápidas do que fazer:
1) Vendas no cartão de crédito
É a forma mais segura de garantir seu contas a receber, já que o risco de crédito não será mais do comprador e sim da empresa de cartão de crédito. Com esta opção, sua empresa pode oferecer aos clientes uma alternativa ganha-ganha com a opção de dividirem no cartão suas parcelas a vencer - aumentando o prazo de pagamento e aliviando seu caixa, o que na prática funciona como um refinanciamento. Além disso, ainda há possibilidade de antecipar os recebíveis do cartão caso seja necessária liquidez imediata. Esta opção pela venda no cartão tem um custo maior em tarifas e taxas de antecipação (se for o caso), porém é uma forma de garantir a segurança das vendas a prazo, o que é algo primordial neste momento.
2) Negocie tudo que for possível
Na impossibilidade de receber por cartão de crédito, seja por motivos da empresa ou do cliente, é importante abrir negociações para ver o que pode ser feito. Ao mesmo tempo que todos estão protegendo seus caixas, tentando postergar pagamentos, também estão todos buscando preservar as próprias empresas de protestos e anotações em órgãos de crédito. Assim, pode ser interessante renegociar as parcelas a vencer de uma forma que fique boa para ambas as partes. O ideal é tentar preservar o caixa de curto prazo e, se for necessário, refinanciar parcelas mais distantes, analisando caso a caso sempre que possível.
3) Pergunte ao cliente sobre alternativas que ele tenha
Algumas empresas, principalmente se já tem uma estrutura financeira maior, conseguem negociações com os bancos para financiar seus fornecedores. Se sua empresa atende clientes com uma operação financeira estruturada, vale a pena perguntar se está disponível algum produto de antecipação para fornecedores. Em termos gerais, nesta operação sua empresa (fornecedor) pode antecipar as parcelas em aberto do seu cliente a uma taxa de desconto atraente no banco dele, utilizando o risco de crédito dele. O cliente passará então a dever diretamente ao banco. Uma abordagem interessante é, depois de confirmar a possibilidade desta operação durante a negociação, oferecer uma prorrogação de prazo de pagamento ao cliente com a condição do desconto.
Mais uma vez, o importante é tratar cada caso com atenção e negociar sempre que possível, sem comprometer o caixa da empresa mais do que o necessário e buscando alternativas de ganho mútuo. As empresas que trabalharem juntas fortalecerão suas parcerias e terão mais chances de sair melhores e mais rápido da crise.