Pessoal, o site tem tanto conteúdo de alta qualidade e estou aproveitando tanto que quis contribuir de alguma forma.
Encontrei um estudo que fez levantamento e análises de IPOs dos EUA desde 1975 e fiz um resumo para postar aqui no fórum.
Eu sei que talvez vá tomar voadoras por ter gastado um tempo pesquisando bullshit universitário para embasar estratégias de investimento, mas acredito que essa análise seja interessante, reitere a visão da Bastter e ajude as pessoas a entender o porquê do cachorrinho verde para IPO > 5 anos.
Baseado no estudo “The long-term performance of IPOs, revisited” de Daniel Hoechle, Larissa M. Karthaus e Markus Schmid publicado em fevereiro de 2020 na SSRN (Social Science Research Network).
O link para o paper é:
The Long-Term Performance of IPOs, Revisited by Daniel Hoechle, Larissa Karthaus, Markus Schmid :: SSRNRessalvas
1 - É importante lembrar que não sou da área de Economia e Estatística, portanto minhas interpretações são superficiais e burras.
2- Estava em busca de estudos que ratificassem a noção do site de rejeitar (ou não recomendar) o investimento em empresas com menos de cinco anos de IPOs, então pode haver um viés de seleção de estudo.
3- O estudo é baseado inteiramente na rentabilidade das ações. Todos sabemos que, para o pequeno investidor, o foco é no valor e não na rentabilidade. Sabemos, também e entretanto, que cotação segue valor. Então, penso que essa análise ratifique a visão da Bastter de que empresas de IPO recente apresentam um perfil de risco maior.
Vamos ao estudo:
A análise inicial consistiu em 7.487 empresas que abriram capital de janeiro 1975 a dezembro de 2014 no mercado dos EUA. Estas foram subdividadas nas seguintes amostras:
Tamanho da empresa
Tempo
Período de IPO
Envolvimento de venture capital
Underpricing
Stock exchange listing
Compararam-se essas amostras de IPO (primeira coluna) a empresas já consolidadas no mercado (Mature, segunda coluna, empresas com capital aberto há seis anos ou mais e que não desapareceram das base de dados, ou seja, cujo IPO "sobreviveu").
Utilizou-se um modelo da análise (Carhart four-factor model regression) que gerou os coeficientes demonstrados na tabela abaixo, junto de seu valor do teste-t, entre parenteses.
Os dados mais importantes estão na tabela abaixo (página 35 do estudo).

Separei abaixo as conclusões de duas subamostras que faziam mais sentido para nossa realidade (Firms size e Issue period, primeira e terceira linhas da tabela, respectivamente):
#Tamanho da empresa#
- Empresas menores que abrem capital apresentam um pior por trimestre em comparação a empresas já consolidadas (Mature).
- Empresas grandes que abrem capital tendem a ter um desempenho por trimestre similar às já consolidadas (Mature). É importante lembrar, entretanto, que a maior parte das empresas que abre capital é small cap. No geral, as grandes empresas já têm capital aberto e, as que não o tem, tendem a manter seu capital fechado.
CONCLUSÃO: empresas boas tendem a continuar boas, empresas grandes tendem a continuar grandes, empresas ruins tendem a continuar ruins.
#Período de abertura do capital#
O estudo realizou o levantamento dos números de IPOs por trimestre. O quartil que representava trimestres com maior número de IPOs foi classificado como HOT (mercado quente) e os dois quartis inferiores, como COLD (mercado frio).
Constataram-se três observações:
As empresas que abrem capital no mercado quente apresentam desempenho por trimestre inferior a empresas já consolidadas (Mature) (-2,
As empresas que abrem capital no mercado quente apresentam desempenho por trimestre inferior a empresas que abrem capital em mercado frio.
As empresas que abrem capital no mercado frio apresentam desempenho por trimestre inferior a empresas já consolidadas (Mature)
CONCLUSÃO: quando o mercado está no oba-oba, as empresas ruins aproveitam-se do momento para captação de capital
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Conclusão final: empresas já consolidadas, as Mature, tendem a apresentar desempenho melhor do que empresas que abrem seu capital. É importante frisar que nesse grupo de Mature está todas empresas com capital aberto há mais de seis anos e que sobreviveram no mercado (e não somente empresas que classificaríamos como Super #PAS, ou seja, há empresas boas e ruins nesse balaio) e, mesmo assim, o desempenho delas é superior.
As empresas de IPO recente não só têm desempenho pior, como também apresentam risco maior (o desvio padrão dos seus coeficientes são maiores)
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De novo, minha análise é burra e superficial, se alguém da área quiser tecer comentários e correções, agradeço