Data original: 18/05/2020 O casamento é all-in. Devido a essa pandemia do coronavirus, percebo que diversos casais estão divorciando e o caos está pior do que antes. Aqui vai umas dicas não baseadas em achismo, mas com base em estudos científicos:
Um estudo ilustrado em vídeo (1) demonstra que quanto menos opções temos, mais felizes somos, isto é, quando entramos em algum negócio já vendo possibilidades de mudança, tendemos a nos entristecer pensando “poxa, eu poderia ter optado por outra coisa”. Isso se aplica a muitas coisas, no caso aqui, o casamento. Em tese, o casamento é para sempre, e esse estudo só comprova o quão verdadeira é a frase do Bastter de que o casamento é “all in”, pois a pessoa que entra no casamento com esse pensamento, tende a ser muito mais feliz, até porque, nas sociedades orientais, a maioria dos casais são arranjados pelos pais, não possuem liberdade de escolha, e estudos mostram que esses casais possuem maior taxa de felicidade que os casais ocidentais (2).
Aliás, já que estamos falando que quanto mais opções, maior nossa infelicidade, nada melhor que o livro “O Paradoxo da Escolha”, que aborda justamente esse tema, com dezenas de estudos científicos indicando que o número de opções nos afeta psiquicamente para pior. Um dos estudos que me chamou mais a atenção foi o que consta na página 51 e 52 desse livro, em que pediram pra um grupo de alunos assistir uma palestra por semana, no total de 3 palestras, logo, três semanas. Foi dado a eles a opção de escolher um salgadinho pra cada semana (logo, 3 salgadinhos de uma vez). Imaginando os alunos que enjoariam de comer o salgadinho favorito deles em todas as aulas, variaram de salgadinhos. Outro grupo, no entanto, apenas poderia escolher um salgadinho a cada semana, não podendo de uma só vez escolher os salgadinhos para as próximas semanas. Por incrível que pareça, com mais opções de escolha e pelo medo de “enjoar”, os alunos que variaram de salgadinhos ficaram menos satisfeitos com suas escolhas, pois, ao optarem por salgadinhos que não eram seus favoritos por um pretexto de “enjoarem”, Acabaram nem terminando o pacote do salgado, visto que não gostavam dele pois não era seu favorito, enquanto o outro grupo que apenas podia escolhe um salgadinho por vez (e escolherem seus favoritos) foram muito mais felizes em suas escolhas.
Essa pesquisa só mostra que, levando para o assunto do casamento, se escolhemos uma pessoa dentre todas as outras, em tese é porque essa é a nossa “favorita”, logo, sempre iremos preferir por ela a outras, ainda que haja uma suposta vontade de “diversificar”.
Para quem já leu o livro “O Manual de Como Ligar o Foda-se”, sabe dessa teoria do “Paradoxo da Escolha”, em que o autor cita que viajar mais de 50 países e dormir com todas as mulheres que podia não o fizeram feliz, na verdade, o livro aborda justamente sua infelicidade naquele mar de opções. Hoje em dia ele viaja com parcimônia, e é casado, porque, de acordo com ele, quando você abre demais o leque de escolhas, sempre surge uma nova possibilidade, sendo assim vira algo infinito, e o cérebro humano não é preparado para escolhas/possibilidades infinitas.
Já que estamos falando sobre sexo, uma pesquisadora Norte-Americana muito famosa na sua área, Helen Fisher (phD em antropologia), no seu livro “Por que Ele? Por que Ela” que explica porquê nos atraímos por certas pessoas e por outras não, declara na página 256 e 257:
“Meu ramo de negócio não é dizer o que se deve ou não se deve fazer; não tenho nenhuma vontade de dizer a quem quer que seja como deve conduzir sua vida. Mas aqui vai um dos segredos da Mãe Natureza: sexo casual raramente é casual. Acariciar os órgãos genitais estimula a produção de dopamina - a substância química do cérebro associada a sentimentos de amor romântico intenso. Logo depois do orgasmo, você também recebe uma descargar de norepinefrina, o neurotransmissor cerebral associado à energia, ao êxtase e ao direcionamento focado da atenção. Logo, quando você faz sexo com alguém que mal conhece, você pode estimular esses poderosos neurotransmissores, que impelirão você em direção a sentimentos de amor romântico apaixonado. Além disso, com o orgasmo você experimenta uma grande descarga de oxitocina e de vasopressina, os elementos químicos do abraço e da carícia, associados ao sentimento de proteção e à ligação afetiva. Em consequência, você pode começar também a experimentar profundos sentimentos de união com este parceiro. De fato, muitas vezes refleti que homens e mulheres inconscientemente ficam com um novo parceiro com este propósito, acionar os circuitos do cérebro do romance e da ligação afetiva em si mesmos e no parceiro, e deste modo, dar logo a partida em um novo relacionamento. É interessante observar que o antropólogo Justin Garcia e outros, recentemente, chegaram à mesma conclusão. Em seu estudo de sexo casual em um campus universitário americano, Garcia constatou que 50% das mulheres e 52% dos homens que iniciavam uma “trepada de uma noite” estavam ansiosos por dar logo a partida em uma relação com aquele parceiro, e 1/3 dessas ficadas se transformavam em relacionamentos românticos. Além disso, quando essa estratégia falhava, um dos parceiros geralmente ficava deprimido, o que sugere que aquele indivíduo tinha esperança de manter uma ligação mais longa e mais significativa.”.
Na página seguinte complementa ela:
“Nós nascemos para amar. O amor romântico é um impulso humano, um dos três sistemas básicos do cérebro que se desenvolveram milhões de anos atrás. O impulso sexual nos motiva a buscar o sexo com uma variedade de parceiros; o amor romântico nos predispõe a concentrar nossa energia de acasalamento em um único indivíduo de cada vez; e sentimentos de profunda união nos inspiram a ficar com um parceiro por tempo suficiente para criarmos nossos filhos juntos. Mas, desses três circuitos neurais, o amor romântico é, com frequência, o mais poderoso. Ele é, com absoluta certeza, mais poderoso que o impulso sexual. Afinal, se vocês pedir a um amigo ou amiga que faça sexo com você, e ele ou ela se recusar, você não se mata. Mas, por todo o mundo, alguns homens e mulheres que foram rejeitados no amor cometem suicídio ou mergulham em profunda depressão.”
Para finalizar, ela complementa:
“E o romance e a paixão no casamento podem durar por muito tempo - conforme demonstrou uma recente experiência por meio de ressonância magnética funcional do cérebro. Os psicólogos Bianca Acevedo e Art Aron, a neurocientista Lucy Brown e eu acabamos de concluir esse estudo, no qual escaneamos os cérebros de homens e mulheres que relataram que ainda estavam apaixonados depois de uma média de 21 anos de casamento. Estes participantes mostraram atividades nas regiões cerebrais associadas com todos os três impulsos humanos básicos (e primários): o impulso sexual, a paixão romântica e a ligação ao seu amado. Mas você tem de escolher o parceiro certo.”
Inclusive, uma relação sexual é tão potente que, um estudo conduzido nos Estados Unidos (5) demonstrou que o DNA dos homens com quem as mulheres dormiram ficou “inscrito” nos DNAs dessas mesmas mulheres. (3)
Tudo isso mostra claramente que, embora o casamento não seja algo fácil, quando você entra com a mente “all in” na pessoa que você escolheu corretamente, tudo tende a se tornar mais fácil. Quem encara o casamento como um day-trade em que na primeira fase difícil já quer abandonar o barco, mal sabe que, suportando a fase, poderia rir a toa no ORUTUF com a “empresa” do casamento subindo cada vez mais. Tudo isso mostra que, cientificamente pelo menos, não faz sentido a traição ou mesmo qualquer tipo de poli-amor, pois, se o amor romântico é o estado emocional mais forte, e se ele é considerado quando envolve apenas uma pessoa, por quê sair de um objeto amoroso que estava tão bom ou porque não se relacionar apenas com uma pessoa, se se vc se relacionar com várias ao mesmo tempo, continuará preferindo aquela (a sua favorita, como no estudo) e ainda terá seus sentimentos divididos (por fazer sexo com outras pessoas, como nos estudos mencionados)? Como o Bastter sempre diz: sair de uma empresa boa é pior do que entrar em uma empresa ruim. O Augusto Cury tem um excelente livro sobre isso “As Regras de Ouro dos Casais Saudáveis” e ele resume seu livro nesse vídeo (4). E há um vídeo bastante interessante, que fala justamente sobre um dos pontos mais atacados dos casamentos, que é: como é possível lidar com a vontade do ser humano de amar alguém e ser exclusivo (maior aproximação), com o desejo sexual (esse impulso dito no estudo) que a priori tem como conteúdo o que é escasso, o que é distante, o que ainda não foi conquistado, o diferente, o que sai da rotina? Amigos, isso émuito diferente do que uma simples compra de objetos sexuais ou lingerie, assistam esse vídeo (5).
Diante de tudo isso, pessoal, acredito que o casamento é o melhor sistema que temos em relação amorosa, e ele deve ser ALL IN ou não dá certo. E vocês pessoal casado? Contribuam com algo nos comentários!
(1)
Dan Gilbert: The surprising science of happiness | TED Talk (2)
VIDEO (3)
Estudo encontrou microquimerismo masculino no cérebro de mulheres - ZAP (4)
VIDEO (5)
Esther Perel: The secret to desire in a long-term relationship | TED Talk