Sempre fui muito apegado à ilusão de controle, transladando isso também para os investimentos. Em um processo lento e que ainda está no começo, estou tentando me adaptar ao caos. Não está sendo fácil, mas vamos seguindo em frente, mas vejo que a ilusão de controle e buscar “o melhor método” são a base de muita sardinhagem.
Nos últimos meses, li bastante sobre as últimas grandes derrocadas no mercado corporativo. Li livros como Too Big to Fail (bastidores dos bancos de investimento e da AIG na crise do Subprime) e The Smartest Guys on The Room, que retrata a queda da Enron.
Um ponto comum que me chamou atenção foi que em vários casos os balanços simplesmente não retratavam, de maneira integral, todo o “case” da empresa e alguns problemas subjacentes que foram escondidos e que, no final, levaram à derrocada das empresas. E em todo o mercado mundial, pouquíssima gente percebeu isso e conseguiu ver esses problemas antecipadamente.
Hoje os controles, em especial nos EUA, são bem melhores. Isso, contudo, não é garantia de nada. Se o ser humano quiser fazer rolo, ele vai dar um jeito. Mas o ponto não é esse.
O ponto é o seguinte: se milhares de profissionais especializados, que têm formação e dedicam sua vida a isso, não conseguiram verificar que aqueles balanços não refletiam a realidade e nao representavam o risco real das empresas, qual a chance de um sardinha dentista, padeiro, advogado, etc, no Brasil, conseguir ver isso?
Qual a utilidade, portanto, de ficar analisando balanço, relatório, etc a fundo? Pra tentar perceber ali algo que ninguém mais percebeu? Qual o ganho real que vem disso, ainda mais quando comparado com a perda de tempo?
Parece-me, portanto, que a análise simples, quando aliada à diversificação, traz um uso muito mais efetivo de um dos recursos mais escassos do ser humano: o tempo.