Data original: 04/07/2022
Data original: 24/06/2020
Muitas pessoas migram das mais variadas regiões do país para os grandes centros, sobretudo para SP e RJ, exclusivamente por causa do trabalho. Isso ocorre no mundo inteiro e é natural, pois são os locais onde historicamente se concentram as melhores empresas e salários. Ocorre que, ao assumir um ótimo cargo numa grande empresa, vem junto o pacote cidade grande: aluguéis caros, trânsito caótico, violência, alto custo de vida em geral etc.
Quem está aposentado hoje provavelmente viveu esta situação, trabalhando a maior parte da vida na mesma empresa, sem ter possibilidade de voluntariamente mudar de cidade, pois precisava estar no escritório de segunda a sexta para “bater cartão”.
Hoje porém, com esse negócio de pandemia, uma novo cenário se apresenta. Se antes do coronavírus muitas empresas vinham sinalizando com a possível adoção em larga escala do home office, agora já admitem implementar essa modalidade de trabalho de forma permanente:
“73,8% das empresas pretendem implementar a prática de forma permanente no Brasil”
"Adotado no susto, home office será permanente nos bancos — Jornada remota de funcionários se revelou mais produtiva e econômica"
De acordo com essas pesquisas, muitas empresas estão colocando na ponta do lápis os benefícios de economizar com aluguéis, energia, internet, limpeza, segurança etc...
Assim como para a empresa, essa discussão começa a fazer sentido para pessoas que deixaram a cidade natal por causa do trabalho e hoje se veem com a chance de não apenas poderem escolher o bairro que vai morar, mas também a cidade, pois não mais precisam definir sua moradia em função da logística do trabalho.
A logística da locomoção casa-trabalho é um quesito de enorme valor na escolha de um imóvel, pois reflete diretamente na qualidade de vida das pessoas.
Um exemplo: para quem trabalha no Centro do Rio de Janeiro, morar na Zona Sul é logisticamente ótimo. Com 15 minutos de metrô você está no seu trabalho, mas para isso precisa arcar com aprox. R$ 5000 reais de aluguel num imóvel de 60 metros quadrados. Se tiver que pagar escola pro filho na mesma região é coisa de R$ 3000, e por aí vai…
Imaginem também o cara que de aporte em aporte está chegando perto dos 1.5 mi necessários para comprar à vista um bom ap na Zona Sul e de repente torna-se real a possibilidade de comprar um imóvel com as mesmas características (ou até melhor) numa cidade desenvolvida do interior gastando 1/3 desse preço.
Um custo de vida menor ainda refletiria em um aumento considerável dos aportes mensais na busca pela tranquilidade financeira futura. Ainda teria as questões intangíveis, como poder voltar para a cidade natal e ficar perto dos "coroas" que estão envelhecendo longe dos filhos e dos netos (para quem tem crianças).
Obviamente são escolhas subjetivas, que envolvem inúmeros fatores emocionais, mas uma discussão racional talvez seja válida para esse grupo de pessoas cujos trabalhos são passíveis de serem executados remotamente.
Sobre o home office em si, me parece incontroverso que:
1) há ganho de produtividade para qualquer atividade que exija concentração; porém, também é verdade que interações sociais são indispensáveis para manter os laços de confiança, a cultura da empresa e promover a criatividade. Então o modelo ideal talvez seja o híbrido, com pelo menos alguns encontros pessoais periódicos, de acordo com a necessidade e o perfil da empresa
2) o modelo orientado a resultados é melhor que o anacrônico “linha de produção industrial”, que obriga o cara a ficar de 9h às 18h sujeito a microgerenciamentos
3) aquelas (questionáveis) reuniões que faziam as pessoas gastarem litros de combustível e dezenas de horas hoje podem ser resolvidas praticamente sem custo com muito mais objetividade
4) ninguém gosta de ter que pegar trânsito de 2 horas pra ir e 2 horas pra voltar, sobretudo nos horários de pico, sabendo que pode produzir o mesmo a distância. Essas horas jogadas no lixo poderiam ser usadas para praticar algum esporte ou ficar mais tempo com a família
Artigos:
"Uma visão minha para escritório no ORUTUF é que os escritórios serão muito mais esse lugar de estratégia, de insights, de encontros realmente importantes do que das coisas processuais do dia a dia."
"The traditional 9-to-5 work format is evolving."
The new workday - Wunderman Thompson IntelligenceComo o home office vai mudar a vida nos escritórios - 20/06/2020 - Carreiras - Folhahttps://valor.globo.com/financas/noticia/2020/06/23/adotado-no-susto-home-office-sera-permanente-nos-bancos.ghtml