A busca da pedra filosofal
Na idade média um homem teve a posse de um livro com escritos pouco comuns e, ao traduzi-lo, soube que trazia a fórmula para se chegar à pedra filosofal, o poder de transformar qualquer metal em ouro e, de quebra, a produçãoo do elixir da longa vida. Nicolas Flamel, o alquimista, tornou-se um homem muito rico e, dizem, chegou à imortalidade, pois, ao profanarem o seu túmulo em busca do tal segredo só acharam as suas vestes.
Hoje espanto-me com as voltas que o mundo dá, trazendo a busca da mesma pedra filosofal por muitos jovens, sonhando com a “aposentadoria aos 35 anos”, quando poderão “relaxar, viajar e gozar a vida”, “fazendo o dinheiro trabalhar para eles” e “viverão de rendas”. Querem, como muitos no passado, serem um novo Flamel.
Isso me fez recordar a história de um contraventor carioca com grave cardiopatia que ajudei a cuidar. Dizia aquele que, no jogo do bicho (uma invenção brasileira no bairro de Vila Isabel no Rio de Janeiro), a águia e o burro eram as principais apostas.
- Doutor, no bicho só a águia ganha. O burro paga.
- É mesmo?
- A águia é o Bicheiro, doutor. E o burro é o senhor.
- Mas, Paulinho, eu nunca joguei no bicho!
Nesses dias acessei um discurso de Cristine Lagardere (radicada nos EUA e poderosa no FMI), que se espantava com os iates dos banqueiros e donos de corretoras ancorados em New York tanto quanto com a ausência de barcos (nem mesmo pequenos) dos clientes, que confiavam todo o dinheiro nas mãos daqueles experts em finanças e seguiam rigorosamente as suas instruções.
É pouco provável uma solução mágica para se mexer com o dinheiro que não passe pelo trabalho contínuo e pela criação de novos meios para ganhos: “saber ganhar”, “aprender a poupar” e “investir”, para, so´ depois, “gastar” parte dos ganhos e curtir a vida.
Todos os que lidam com o dinheiro, mesmo os banqueiros, donos das corretoras em New York e bicheiros do Rio dão duro para manter o seu status de vida e, mesmo que você consiga uma ou mais fontes de renda passivas (“viver de rendas”), o seu trabalho deve continuar forte para manter os seus ganhos.
Não há pedra filosofal e nem o elixir da longa vida.