Oi pessoal,
Queria compartilhar uma história com vocês como um alerta.
Infelizmente, 2 meses atrás, meu pai faleceu.
Com isso me coloquei a organizar a situação do inventário e finanças para minha mãe e me surpreendeu uma série de bizarrices que fica como alerta para todos os amigos daqui.
Encontrei uma quantidade absurda de produtos bancários nas contas deles, vou fazer alguns comentários em alguns destes ítens:
* Títulos de capitalização:
- Não preciso falar nada né?
* Consórcios:
- Uma porrada deles para veículos que eles não pretendiam comprar, mas que era vendido pra eles como uma maneira de poupar dinheiro (e que poderia ser passado pra frente com lucro). Minha mãe ficou abismada quando eu mostrei os valores de taxa de adm e foi pior ainda quando ela viu que tinha "multa" por desistência e o dinheiro ia ficar parado até o fim do grupo ou ser contemplado no grupo de desistentes.
* Previdências (no plural):
- Vários VGBL com resgate para 99 anos, vendido como uma forma de poupança pra ser resgatado quando precisasse. Se isso fizer sentido, alguém me explica.
* Empréstimo consignado descontado em folha (refinanciado inclusive):
- O refinanciamento inclusive foi motivo de grande desgaste e acabamos quitando em um acordo com o banco pela maneira ardilosa que foi vendido pra eles (ofereceram um refinanciamento com juros menor, mas para isso tinha que refinanciar o dobro do saldo devedor original, quitando ele e pegando um troco pra "por na poupança" pra render, mas nisso o banco ganhou outra comissão, meus pais pagaram outro IOF e o juros menor em cima do dobro da dívida não adiantou nada se somado com o "rendimento" da poupança)
* Seguros de vida (sim no plural):
- Depois que passa dos 70 anos, o valor é elevadíssimo. Passou dos 70 e/ou não tem dependente que não se sustente não faça seguro, não vale a pena.
- Outro ponto de alerta é que alguns dos seguros minha mãe achava que era atrelado à empréstimos do negócio deles como produtor rural (seguro obrigatório atrelado a cédula rural). Descobrimos que não, que o seguro daqueles empréstimos já haviam sido pagos, aqueles eram outras quinquilharias vendidas de forma casada que eles pagavam todo mês.
* Fundos de 1 ação:
- Minha mãe achava que tinha ações da Petro, Vale, BB, mas na verdade eram fundos de ações de 1 papel só. Ela surtou quando eu expliquei que aquilo não eram ações e ela ainda pagava taxa de adm. Se esse tipo de produto faz sentido, alguém me explica....
Com o fim da aposentadoria do meu pai, a renda da minha mãe caiu drasticamente, congelei e/ou cancelei o que dava para parar com a sangria e orientei ela a não comprar absolutamente nenhum outro produto bancário.
Conversando com amigos, percebi que as histórias se repetem.
Pode ser desgastante falar de finanças com os pais e avós, a finitude da vida fica evidente e o assunto vira tabú. Mas encorajo os amigos a buscarem maneiras de zelar por eles nesses assuntos. Foi triste ver minha mãe depois desse processo se sentir ludibriada. Ela era a "batedora" de meta dos gerentes de banco.
Há uma necessidade de educação financeira não só para os jovens, mas também urgente para a terceira idade.
Ah, o motivo de eu fazer esse post aqui. Recebi uma parte do seguro de vida do meu pai (o qual eu decidi dar pra minha mãe) e esse dinheiro está na minha conta até terminarmos o inventário. Semana passada me liga um gerente do banco (que eu nem sabia quem era) falando que notou um dinheiro parado na minha conta e se eu não queria comprar "títulos de capitalizações" hahahaha. Educadamente declinei a oferta.... Mas acabou de me ligar outra gerente do banco falando novamente que notou um dinheiro parado na minha conta se eu não queria ver opções de investimentos.... Me senti invadido.
Fazer parte do Bastter me ajudou muito nesse momento a fazer as coisas com clareza e assertividade.
Um abraço pra vocês,
Jen