A quantidade de desinformação cuspida por sites de “investimentos”, youtubers e instagramers em relação aos dividendos é uma parada que me deixa, no mínimo, desconfortável. Na verdade, isso nem é problema meu e eu não deveria me preocupar, mas é realmente triste ver esse desserviço prestado por “especialistas” em investimentos, que transformaram os dividendos em deuses do Olimpo, disseminando a mensagem pro sardinha desavisado que se sua carteira não está recheada de papeis que o pagam, "você está fazendo isso errado!". Não estou demonizando os dividendos, apenas defendo o fato de que distribuí-los não deveria ser critério de seleção pra um papel entrar na carteira de quem está construindo patrimônio no longo prazo. Sei que isso já foi MUITO discutido aqui no fórum e não quero ser repetitivo. Quem não faz a mínima ideia do que estou falando, é só ir no FAQ que está tudo lá.
O fato é que devemos encarar o recebimento de dividendos como uma “mini-venda” indesejada (é o que ela é, na verdade). Pra quem está construindo patrimônio no longo prazo, isso representa giro, perda de eficiência e tempo. Aqui mesmo no fórum há inúmeros infográficos que mostram a importância de reinvestir os dividendos, sempre comparando esse cenário com o cenário em que estes não são reinvestidos. Resolvi dar uma pequena contribuição e adicionar a curva de patrimônio caso a mesma empresa distribuísse (1) somente JCP e (2) não distribuísse nada (aqui fui obrigado a supor que essa grana não distribuída aos cotistas e reinvestida na própria empresa não causou retorno maior (na cotação) do que o retorno hipotético que arbitrei pra todos os cenários. Estamos a favor da segurança.).
Veja o gráfico com os cenários abaixo. Essas são as condições de contorno:
- Um único aporte inicial de R$1M rendendo durante 25 anos.
- Valorização do papel de 0,6% ao mês.
- Distribuição de dividendos (ou JCP) mensal no valor de 0,5% do patrimônio.
- Reinvestimento do dividendo (ou JCP) imediatamente após o recebimento deste (supondo que isso fosse possível).
- Taxas de corretagem nula. Taxa da B3 de 0,03%. Imposto de renda para o JCP de 15%.

O melhor cenário é aquele em que nada é distribuído. Por sua vez, o reinvestimento imediato dos dividendos causa uma perda muito pequena no montante final. A pancada grande vem considerando o desconto do Leão no caso hipotético de distribuição somente de JCP. Esse cenário pode ser nossa realidade daqui um tempo caso os dividendos passem a ser tributados também (:/).
Eu sei que alguns defendem a HIPÓTESE que o preço da ação “se recupera” rapidamente após o desconto do dividendo devido a “força do mercado” (?). Isso não me convence. Talvez persistirei assim até eu ver algum estudo sério que comprove isso (alguém já viu ou é igual unicórnio???).