Suicídio - mitos e verdades
comentada em 17/12/2020 18:18

dica : só entre nos detalhes da vida de um depressivo grave se você estiver muito bem emocionalmente. às vezes, e se for possível,  é melhor indicar que a pessoa procure alguém mais apto.

ele provavelmente vai tentar te convencer que a vida é uma merda, que todos são ruins, ou até mesmo que o culpado da desgraça é você.

Bem bacana. O que acabo vendo muito no caso 3 é pesoas que não sabem o que estão fazendo e acabam piorando a situação.

 

Quantas vezes o pessoal com depressão não fala que recebeu respostas como:

"Não fica triste"

"Não fica depre"

"É falta de deus"

 

Acho que esse é o real problema.

(Baseado em experiência pessoal, não sei se é a realidade mesmo)

Outra dica: não ache que você, enquanto amigo ou companheiro(a), tem a capacidade de tratar alguém com depressão apenas pelo fato de conversar ou dar atenção a ela. Embora nessas horas seja importante um braço amigo, a mera companhia não é um tratamento efetivo, apenas paliativo.

essa eh muito importante

"As pessoas que ameaçam se matar estão apenas querendo chamar atenção: FALSO. A maioria das pessoas que se suicidaram falaram ou deram sinais que desejavam morrer."

suicidas normalmente avisam
tentativa ou falar em suicidio eh razao de ir para o hospital e internação hospitalar
levem a serio

O que é o Suicídio? (para os pensadores)

"... um ato de heroísmo." (Sêneca)

"... um ato próprio da natureza humana e, em cada época, precisa ser repensado." (Goethe)

"... a destruição arbitrária e premeditada que o homem faz da sua natureza animal." (Kant)

"... uma violação ao dever de ser útil ao próprio homem e aos outros." (Rosseau)

"... admitir a morte no tempo certo e com liberdade." (Nietzsche)
"...uma fuga ou um fracasso." (Sartre)

"... a positivação máxima da vontade humana." (Schopenhauer)

"... todo o caso de morte que resulta direta ou indiretamente de um ato positivo ou negativo praticado pela própria vítima, ato que a vítima sabia dever produzir este resultado." (Durkheim)

“O suicídio é uma medida de pressão e tensões sociais” (Durkheim)



Dados Epidemiológicos:

- Mortes/ano é maior que nos conflitos armados

- 90% dos suicidas tem algum Transtorno Psiquiátrico

- 60% com depressão no momento do ato

- 12% dos com ideação suicida evoluem para tentativa.

- Maior prevalência : 15 a 45 anos
- BRASIL - 1,5 a 2 mulheres / 5,2 a 7,3 homens
- A cada 3 tentativas apenas 1 é atendida

- Homens 4 vezes mais que mulheres

- Os acima de 65 anos tem maiores taxas

- Jovens (15 a 24) – maior crescimento (1900%)

- Riscos aumentam 100x se tentou suicídio ou teve episodio de auto-agressão no ano anterior

- Métodos mais utilizados: Armas de fogo, Instrumentos cortantes e perfurantes, Envenenamento, Enforcamento, Precipitação de alturas, Atear-se fogo, Atirar-se em veiculos em movimento




Religiosidade e suicídio:

- Judaísmo: Talmud condena o suicídio e impede rituais fúnebres para o falecido

- Protestantismo: interpretação da bíblia, livre-arbítrio, supressão da confissão

- Islamismo: condena o suicídio. Os fundamentalistas “morte dá sentido a vida”

- Hinduísmo: Todas as ações de uma vida formam base para a próxima

- Budismo/xintoísmo: complexo sistema de honra. Suicídio pode ser ato de coragem

- Evangelicos pentescostais: condenam o ato

- Espiritismo kardescita: o suicida é a maior vitima do seu próprio engano

- Candonblé: orixás desisnteressados em censurar ou punir



É importante diferenciar se os pensamentos são passageiros (de que a vida não vale a pena) ou se existem preocupações intensas sobre porque viver ou morrer (Ideação Suicida)

Em psiquiatria avaliamos da seguinte forma:

1- Ideias de Morte: 
Seria melhor morrer? Como são esses pensamentos? Pensou em tirar a própria vida? Quando se iniciaram?

2- Ideação Suicida:
Os pensamentos persistem? Eles te assustam? Consegue afastá-los? Tem razões para continuar vivo?

3- Planejamento Suicida:
Pensou em como se matar? Informou-se sobre o método (Arma de fogo, medicamentos, venenos)? Já tomou providências prévias (testamento, cartas)?



FATORES DE RISCO


Fatores de Risco Psicológicos:

- Perda recente (emprego, separação, morte)

- Falta de habilidade em lidar com problemas

- Exposição ao suicídio de outra pessoa

- Traumas físicos/abuso sexual

- Eventos destrutivos ou violentos

- Instabilidade familiar

- Datas Importantes (ex. aniversário da morte de alguém próximo)



Fatores de Risco Psiquiátricos:

- Transtornos Mentais: Depressão, uso de substâncias

- Doenças psiquiátricas crônicas - Esquizofrenia

- Síndromes orgânico-cerebrais

- Tentativas de suicídio pregressa

- Doença Física/dor crônica

- Doenças terminais
- Transtornos de Personalidade

- Renais Crônicos – 400X


Fatores de risco predisponentes:

- Transtornos psiquiátricos

- Tentativa previa de suicídio

- Suicidio na família

- Abuso sexual na infância

- Impulsividade/Agressividade

- Doenças incapacitantes, incuráveis

- Isolamento social


Fatores de risco precipitantes:

- Desilusão amorosa/separação conjugal

- Derrocada financeira

- Perda de emprego

- Desonra/vergonha

- Embriaguez

- Fácil acesso a um meio letal


Fatores de risco sONciodemográficos:

- Sexo Masculino

- Adultos jovens – Idosos

- Viúvo, divorciado, solteiro

- Orientação homossexual ou bissexual

- Ateus, protestantes > católicos, judeus

- Grupos étnicos minoritários

Fatores de risco psicossociais:

- Abuso físico ou sexual/Violência doméstica

- Perda ou separação dos pais na infância

- Instabilidade familiar

- Ausência de apoio social/Isolamento social

- Perda afetiva recente/acontecimento estressante

- Datas importantes

- Desemprego/Aposentadoria

- Desesperança, desamparo

- Ansiedade intensa

- Vergonha/Humilhação (Bullying)/Baixa Autoestima

- Traços: agressividade, impulsividade, perfeccionismo

- Rigidez cognitiva/pouca flexibilidade de enfrentamento



Sinais de alarme em adolescentes:

- Mudanças marcantes na personalidade ou nos hábitos

- Comportamento ansioso, agitado, deprimido

- Piora do desempenho escolar, trabalho...

- Afastamento da família e amigos

- Perda de interesse em atividades de que gostava

- Descuido com a aparência

- Perda ou ganho inusitado de peso

- Mudança no padrão comum de sono

- Comentários autodepreciativos persistentes

- Negatividade com o ORUTUF, desesperança

- Disforia marcante

- Comentários sobre morte, interesse pelo tema

- Doação de pertences que valorizava

- Expressão clara ou velada de querer morrer



Fatores de Proteção:

- Flexibilidade cognitiva

- Disposição para aconselhar-se em decisões importantes

- Disposição para buscar ajuda

- Abertura à experiência de outrem

- Habilidade de se comunicar/solucionar problemas

- Capacidade para fazer uma boa avaliação da realidade
- Bom relacionamento interpessoal

- Senso de responsabilidade em relação à família

- Crianças pequenas na casa

- Pais atenciosos e consistentes

- Apoio em situações de necessidade
- Integração e bons relacionamentos em grupos sociais

- Adesão a valores e normas socialmente compartilhados

- Práticas religiosas e praticas coletivas

- Rede social que propicia apoio prático e emocional

- Estar empregado

- Disponibilidade de serviços de saúde mental





Crenças Errôneas:

1. Se eu perguntar sobre suicídio, poderei induzir o paciente a isso

2. Está ameaçando apenas para manipular

3. Quem quer, se mata mesmo

4. O suicídio só ocorre quando há uma doença mental

5. Em seu lugar, eu também me mataria

6. Da próxima vez faça mesmo!

7 Quem se mata é bem diferente de quem apenas tenta

8. Uma vez suicida, sempre suicida!

TODO E QUALQUER TRANSTORNO PSIQUIÁTRICO OU RISCO SUICIDA DEVE SER AVALIADO PELO MÉDICO ESPECILISTA EM PSIQUIATRIA PARA A TOMADA DA MELHOR CONDUTA, INCLUSIVE AVALIAR A POSSIBILIDADE DE INTERNAÇÃO (SE FOR NECESSÁRIA).


REFERÊNCIAS:

Botega. Crise suicida – Avaliação e Manejo. Artmed

Botega, Rapeli e Cais – Comportamento suicida, in Pratica psiquiátrica no hospital Geral. Artmed

Mello MF & Kohn – epidemiologia das tentativas de suicídio e dos suicidios. In Epidemiologia da saúde mental no Brasil.

Michael H. Stone – A Cura da Mente.
Baldaçara e Cordeiro. Emergências Psiquiátricas. 2017.

Sinceramente, desculpem-me
Acho o tema  muito complexo, com muitas nuances e individualidades e não sei se este é o melhor lugar para abrirmos uma discussão. Vejo com preocupação esta hiper exposição de um tema ainda pouco compreendido pelas várias áreas do saber científico. Também preocupa-me a tentativa de generalização, pois os casos devem ser tratados individualmente e as pessoas tendem a dar opiniões que geralmente só repetem o senso comum, inclusive as que estão expostas acima. Não há nenhum dado científico que prove que campanhas públicas como o outubro amarelo ou discussões na internet sobre o tema realmente causariam impacto na diminuição( ou no aumento, como já aconteceu no passado - ver caso Werther -) nas taxas deste evento.

@hall9 e?

a recomendação importante foi dada
procure atendimento medico
leve a serio quando alguem falar em suicidio e leve para emergencia hospitalar

me desculpe mas o q vc falou nao faz a menor diferença

ninguem ta generalizando nada e foram colocados artigos serios

parece aquela coisa do discordar so por discordar

@hall9 existem estudos. Você poderia disputar os dados e os artigos publicados caso fizesse uma nova pesquisa que apontasse em outra direção.
Eles existem e negar a existência deles não faz o menor sentido.

Sim, o tema é complexo. Muito complexo. Quase todos os temas em saúde mental são complexos. Ainda assim fizemos avanços significativos nos temas nos últimos 30 anos. Graças a isso podemos afirmar algumas coisas com um grau bem grande de segurança. Não sabemos tudo mas sabemos muitas coisas.

É possível fazer análises sociais e individuais. Uma não exclue a outra. É uma falácia afirmar que pq cada caso tem peculiaridades não podemos fazer estudos das coisas em comum.
Muito pelo contrário, sabemos muito sobre as coisas em comum e existem estratégias de intervenção para elas.
E sabemos tanto que também sabemos muitas estratégias para várias particularidades.

No campo social também sabemos bastante.

Ciência não é sobre saber tudo nem sobre saber a verdade. É sobre ter uma compreensão melhor dos fenômenos, sobre sermos capazes de agir melhor no mundo.
Se dependesse de saber tudo para começar a fazer alguma coisa não tínhamos nem saído da pré história.

@mimimi_nomore

Muito Bom!
Direto e objetivo.
Obrigado.

@Dr.Money

nossa, virou livro...
mas otimos as dados, principalmente para mim, ja que gosto de estatistica

@TomW bem colocado! Não adianta dizer a uma pessoa que está depressiva (com o Transtorno Depressivo) coisas do tipo "Você tem tudo na vida", "Você é bonito", etc. Depressão é doença e precisa ser tratada. Claro que mudanças de hábitos de vida e na forma de pensar e agir são importantes, mas é diferente de simplesmente achar que é "falta de vontade da pessoa"...

@Dr.Money Perfeito! 

@mimimi_nomore

Vi isso e pensei nesse post..

@Charlito

muito interessante.

eh isso mesmo, o pessoal trata como "preguiça"mas eu entendo.

se vc nao passa por isso ou vive com quem passa por isso ou trabalha com isso, fica "quase impossível" de entender o que acontece com a pessoa.