Fala pessoal, tudo certo? Vamos falar um pouco sobre dor lombar hoje? O assunto é extenso e posso escrever uma redação do Enem aqui rs, mas acredito que seja de grande valia para a maioria aqui do site! Vamos lá!
Pela OMS, 7 em cada 10 indivíduos já experimentaram algum tipo de dor lombar. Ela se caracteriza por dor entre as regiões abaixo das últimas costelas até as nádegas. Algumas pessoas podem apresentar irradiação para os membros inferiores, acompanhando alguns sintomas neurológicos como dormência e diminuição da força.
Existe uma subclassificação da dor lombar em Específica e Inespecífica, qual é a diferença?
A dor lombar específica tem uma associação direta com o que chamamos de Red Flags (algo em que o fisioterapeuta precisa saber diferenciar muito bem na avaliação física e anamnese). São dores originadas a partir de um trauma com fratura, doenças inflamatórias, câncer, doenças metabólicas, entre outros. Ou seja, sabemos a causa exata da dor. Porém, apenas 5% das dores lombares são específicas, portanto, não é tão comum de encontrarmos na prática clínica.
A dor lombar inespecífica é aquela que não sabemos ao certo de onde vem a dor, ou seja, qual o mecanismo que está gerando a dor. Não temos atualmente muitas informações sobre ela, o que sabemos é que hábitos de vidas não saudáveis, como sedentarismo, alimentação ruim, estresse, problemas sociais estão relacionados com o surgimento da dor lombar crônica inespecífica.
Vamos a um mito muito importante e muito prejudicial quando o assunto é dor lombar? Exame de imagem! O Exame de imagem é necessário para pacientes com dor lombar?
Sim e não.
Durante a sua avaliação, você (médico ou fisioterapeuta) suspeitou que o paciente pode ter alguma red flag (sofreu queda recente, tem osteoporose, perda de apetite, etc) é interessante solicitar um exame de imagem e até mesmo mais alguns exames complementares para ter um melhor esclarecimento.
Porém, chega a você um paciente sem nenhum sinal de Red Flag, devemos solicitar exame de imagem? NÃO! Por quê? Pois provavelmente você achará ali uma falsa explicação para a dor. Como assim? Se fizermos uma ressonância magnética da coluna de todos os integrantes aqui da comunidade, 99% apresentará algum desgaste, degeneração, extrusão discal (hérnia), escoliose etc e muitos não referem dor. O que isso quer dizer? Isso quer dizer que não necessariamente uma hérnia de disco, artrose, degeneração discal seja a causa da dor.
Informação Nocebo:
Em meu pouco tempo de site, já li bastante coisas do tipo: ‘’Travei a lombar, fui fazer uma ressonância e constatou hérnia de disco.’’ ‘’Tenho hérnia de disco e não posso fazer tal atividade.’’ ‘’Tive uma hérnia de disco há x anos atrás e ainda sinto um pouco de dor de vez em quando.’’ Todos esses relatos são provenientes de Nocebo, o que é isso? Nocebo é exatamente o contrário do placebo. É quando você tem a crença de que algo irá te fazer mal e ela realmente tem interferência negativa. Quando você vê uma ressonância e lá está a bendita hérnia, logo você associa a dor à hérnia. E isso não necessariamente é verdade! Provavelmente se você fizesse a ressonância 1 semana antes do quadro ou evento doloroso, a hérnia já estaria ali! Os médicos e fisioterapeutas têm grande parcela negativa nisso, eles ‘’assustam’’ os pacientes em seus consultórios, tornando-os cinesiofóbicos, ou seja, com medo de se movimentarem. Isso é um efeito cascata, que só prejudicará ainda mais a recuperação do paciente.
Dor lombar aguda x subaguda x crônica
A dor lombar aguda é aquela que dura por volta de 4 semanas. É comum as ‘’crises’’ onde o paciente à vezes não consegue nem se movimentar.
A dor lombar subaguda é aquela que tem duração de 4 a 12 semanas. É comum a redução dos sintomas mas ainda a presença de dor para determinado movimento.
A dor lombar crônica é aquela que perdura por mais de 12 semanas. São dores constantes, de menor intensidade, que está sempre presente independentemente de qual atividade faça. Tem dias sem dor e dias com dores maiores. Na minha prática clínica, é o que mais aparece.
É muito importante lembrar que a dor lombar é multifatorial, as evidências cientificas mostram que o tratamento tem que levar em conta o modelo biopsicossocial. Devemos avaliar os fatores biológicos, psicológicos e sociais.
Já tive pacientes que só de sentar a mesa para avaliação e começarmos a conversar, contou todos os problemas, chorou e saiu sentindo-se melhor. Qual foi minha abordagem nesse caso? Alguns exercícios e indicação para um bom psicólogo, que iria proporcionar a esse paciente uma intervenção mais relevante que a minha neste caso.
Anti-inflamatório resolve?
Não há nenhuma evidência que anti-inflamatório melhore as dores provenientes de dor lombar inespecífica. Anti-inflamatório e exercícios tiveram o mesmo desfecho para melhora da dor!
E o tratamento?
Mais uma vez, o tratamento é multidisciplinar e devemos nos atentar à predominância do modelo do paciente para que determinado profissional tenha uma maior área de atuação. Médico, fisioterapeuta, psicólogo, nutricionista e Ed Físico devem andar juntos e assim promover a melhora da qualidade de vida do paciente. Não dá para resolver sozinho! Do ponto de vista da fisioterapia, o que realmente melhora é: EXERCÍCIO!
A pergunta pra quem sofre dessas dores constantes è? Você tem dormido bem? Como está seu nível de estresse? Tem feito atividades físicas regulares? Como anda sua alimentação?
Para mais informações e quem quiser ler mais artigos de excelente qualidade sobre o tema, vou deixar o link da The Lancet, uma das mais prestigiadas revistas científicas do mundo! Enjoy!
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