Recuperação ativa de lesões
comentada em 24/12/2020 13:24

É isso mesmo, @Bastter
Como tudo na vida, não dá pra generalizar, mas muitas lesões não são mesmo indicativas de repouso absoluto.

O imobilismo trás efeitos deletérios que mais prejudicam do que normalmente ajudam, a não ser que estejamos falando de fratura ou determinadas doenças de alta gravidade ou complexidade.

Como você costuma dizer, o corpo dá um jeito, se adapta. Infelizmente poucas pessoas tem o bom senso de dosar as atividades na presença de dor. 

Há dez anos eu estava trabalhando como fisioterapeuta na área comum de musculação e desde aquela época venho lutando contra o afastamento total das atividades. Presenciei vários alunos que abandonavam os exercícios por causa de uma ou outra dor leve, e sempre tentava orientar para alterar o treino temporariamente. Você evita ao máximo o mecanismo que provoca a dor, faz reduzido mas vai lá e faz.

Muita gente acaba desmotivando ao se afastar e demora muito além do necessário pra retornar.

Concordo com você.

Depende muito da lesao, sempre tive mt lesao na lombar e tornozelo, sou leigo no assunto, um burro, nao imagino voltar a treinar sem.antes parar a dor, claro q posso estar errado, mas como desenvolver seu 100% com dor? Voltar a movimentar, da medo de piorar a situaçao... e como encontrar profissionais desse calibre? Q posso me auxiliar na recuperaçao ativa? Moro no interior, cidade minuscula.... sei la, prefiro n arriscar

Eu gosto de fazer recuperação ativa quando as dores são toleráveis. Trabalho os músculos auxiliares, pego mais leve no aeróbico. Até hoje tem me feito bem. 

@theus.stz recuperação ativa nao eh desenvolver 100%
eh fazer alguma coisa q a dor permitir

Como o @Vitor.Rezegue já falou muito bem, sim, repouso hoje não existe, salvo raríssimas exceções (fratura de platô tibial, por ex, 3 meses sem colocar o pè no chão. Mesmo assim não há repouso absoluto). Hoje o protocolo de recuperação muscular envolve mobilização ativa o quanto antes. Você tem um pensamento muito bom sobre isso, @Bastter, concordo com vc quando diz que o corpo se adapta. Musculação em lesão muscular sempre é mantido, respeitando as fases de reabilitação. Única coisa que não é legal (e não to dizendo que é o seu caso pois não sei nada sobre seu caso rs) seria quando com uma lesão na posterior continuar trabalhando o músculo lesionado, mesmo que com pouca dor. Lembrando que a dor diminui o padrão de contração muscular e ainda impede a total cicatrização do tecido. O que aumenta as chances de re-lesão ou falsa sensação de melhora.
No mais, é isso mesmo!

Em 1983 ....

  Esse negocio de desafiar a dor funciona.. eu tinha uma epicondilite medial que me enchia a paciência na hora de fazer barra. Fiz tudo, alongamento, fisioterapia, acupuntura, gelo etc.. só passou quando mandei ela pra pqp e continuei fazendo barra mesmo com dor.. vai entender 

@Gregorovich nao entendi isso pq parece contraditorio

"Musculação em lesão muscular sempre é mantido, respeitando as fases de reabilitação. Única coisa que não é legal (e não to dizendo que é o seu caso pois não sei nada sobre seu caso rs) seria quando com uma lesão na posterior continuar trabalhando o músculo lesionado, mesmo que com pouca dor. "

primeiro vc diz q musculação sempre eh mantido depois diz q em lesao de posterior nao se deve trabalhar o musculo lesionado

nao entendi

@Bastter , a musculação é mantida para os músculos não afetados. O músculo afetado não é trabalhado como motor primário. Ele realiza função apenas como sinergista ou motor secundário. Ex: os adutores da coxa tbm fazem flexão/extensão do quadril dependendo da angulação do movimento (motor secundário). Então se você fez uma lesão no adutor e tem dor para adução, é uma boa estratégia utilizar exercícios que os adutores estão agindo mas sem dor, sem exercer a função primária de adução. Entende? Não sei se consegui explicar agora. Qualquer coisa diga aí 

@Gregorovich @Bastter

como sempre entra a avaliação do Profissional para saber o "quanto" está lesionado e o "quanto" deve colocar carga na área lesionada.

eu já tive lesões (inclusive fratura) que na semana seguinte comecei a recuperar, outras que precisei ficar em repouso muitos dias (joelho do tamanho de um melão) pq doía muito.

até no Chat que fiz com @Gregorovich, tem algumas coisas que parecem contraditórias, mas é porque depende da situação apresentada especificamente.

eu acho que lesões são tão específicas quanto indivíduos.
misturando os dois vc tem a ação mais importante do Fisioterapeuta (e outros Profissionais se envolvidos) para avaliar e ver como tratar.

na MINHA opiniao, deve-se ao menos movimentar a musculatura e as articulações em volta, mesmo que não trabalhemos especificamente a área de lesão até que seja possível fazê-lo "o mais rápido possível".

qqr trabalho que não "piorar a lesão", vai ajudar a melhorar.

""recuperação ativa nao eh desenvolver 100%
eh fazer alguma coisa q a dor permitir""
por @Bastter

Sou leigo no assunto, mas tenho como lema de vida tentar o máximo de dedicação e esforço em tudo que faço, já que não tenho nenhum dom especial.

Com esporte e lesões claro que sempre fiz o mesmo. Quando tenho dor/lesão diminuo carga e/ou intensidade da atividade (jogo futebol, padel, corro e musculação). Não tô dizendo que é o certo (nem conhecimento tenho pra isso), mas esse mindset de dedicação pode ajudar. 

Lembro uma frase do @Bastter : "Esporte dói, não fazer esporte mata" (algo assim).

Nas lesões mais sérias que tive (LCA e fratura de tornozelo) a figura do  fisioterapeuta foi essencial e sou eternamente grato a eles. 

Obrigado @Gregorovich e @Mauro pela aula e indicações de trabalhar outras partes do corpo enquanto umas estão se recuperando. 

Há casos em que se deve fazer repouso sim.
Mas tudo deve ser avaliado por um profissional. 
Maioria das pessoas não tem essa condição de se auto avaliar.
Pode acabar machucando mais, mesmo na boa intenção. 

@Gregorovich agora entendi, obrigado

@Pat_Patriot o objetivo aqui nao é q as pessoas se avaliem e resolvam suas lesoes
tudo tem de ter bom senso
claro q se for algo leve pode ate ser

o objetivo é discutir como a recuperação de lesoes evoluiu do repouso para ativa
orientada por profissionais especialmente fisioterapeutas

por isso eu indiquei as duas series da amazon
q mostra o trabalho deles neste sentido

A máxima fazer esporte dói e não fazer esporte mata é verdadeira até certo ponto.

Mas antes é importante citar que utilizamos hoje um corpo desenvolvido milhares de anos atrás. Definitivamente, o repouso não era uma opção por questão de vida ou morte. Somos animais desenvolvidos para fazer movimento e nos adaptamos muito bem a isso. O corpo sempre da um jeito, mas nem sempre o jeito que o corpo da é o mais interessante pra gente.

O exercício por si causa pequenas lesões no corpo. Quando o descanso é proporcional ao estímulo existe a supercompensação. Ou seja, o corpo não volta para o que era, mas fica mais preparado, para caso haja o estímulo novamente, o estresse não seja tão sofrido. Basicamente o corpo fala: "Não sei quando esse maluco vai fazer isso novamente, então deixa eu me preparar."

É normal sentir dor depois de um treino de força, por exemplo. É plenamente possível realizar nova sessão de exercícios mesmo com dor sem nenhum risco. Uma rotina de treinos bem feita considera isso e separa as sessões de treinamento equacionando estímulo e descanso para que haja melhora do condicionamento total.

Todavia o corpo possui limites que se ultrapassados podem lesionar (machucar) o que também gera dor e este é o ponto. Por isso é importante definir lesão. Deixar lesão em aberto pode ser perigoso. Apelar para o bom senso é pior ainda. Eu não acredito mais em bom senso. Seromanos são seromanos.

Lesão pode ser uma bolha no pé, uma tendinite, uma contratura, um estiramento, uma fratura, etc. Sinceramente eu acho muito perigoso generalizar lesão e dizer que devemos suportar a dor porque esporte dói e pronto.

Caso haja uma lesão que precise de tratamento e você insista na prática do exercício pode ter um agravamento do quadro e demorar muito mais para ficar 100% depois. Pode ser uma estratégia suicida.

Uma entorce leve que estica os ligamentos, mas sem machucar gravemente é uma lesão que dói, mas não incapacita. Insistir em fazer exercício nesta condição é possível, mas provavelmente você naturalmente fará alguma adaptação para conseguir seguir. Vai mudar o padrão de corrida e sobrecarregar outra parte do corpo, por exemplo. É um jeito de seguir com dor, mas que pode machucar outra parte do corpo.

Outro exemplo comum é quando a bola vira e dedo do goleiro. Dói porque afrouxa os ligamentos e na maioria das vezes sem grandes consequências. É possível continuar, mas caso o ligamento seja necessário novamente não vai funcionar adequadamente por já estar "frouxo", o que pode gerar uma lesão ainda mais grave.

Já uma entorce mais grave que rompe um ligamento incapacita o membro e pode precisar de tratamento cirúrgico. Neste caso não da pra seguir. A menos que esteja numa guerra correndo pela vida, continuar seria burrice. 

Uma vez devidamente diagnosticada a lesão, realmente o repouso absoluto não é aconselhado visto que pode retardar ainda mais o processo de recuperação plena do atleta.

Por exemplo: uma fratura de antebraço devido queda e um atleta de voleibol. Possivelmente passará por cirurgia para corrigir a fratura e assim que tiver alta médica deverá voltar a treinar o quanto antes, pois o tempo inativo trás prejuízos de força, flexibilidade, resistência aeróbia, etc. Por isso concordo com os colegas acima que escreveram que é plenamente possível seguir com os treinos desde que respeitando os limites da lesão.

Já no caso de fraturas por estresse em um corredor, seguir correndo pode não ser boa ideia. O que não o impede de seguir treinando força, por exemplo. Aliás neste caso comprimir o osso num treino de força atraí osteoblastos e cálcio, pelo princípio da piezoeletricidade óssea, que são fundamentais para consolidação das microfraturas.

Enfim, caso sua lesão esteja devidamente diagnosticada e caso não haja contra indicação médica é plenamente possível seguir treinando preservando a área lesionada, mantendo assim o melhor condicionamento possível. Desta forma a recuperação plena será muito mais rápida. Definitivamente, recuperação ativa é diferente de seguir fazendo o mesmo exercício/movimento que causou a lesão apesar da dor.

Está muito mais relacionado com manter o condicionamento geral durante o tratamento da lesão do que tratar a lesão colocando carga em cima. Tipo você está machucado e sobrecarrega a lesão ainda mais para que dessa forma você se cure. Desculpe, mas isso é burrice severa e não funciona.

Como disse suportar a dor e insistir no mesmo exercício geralmente causa uma adaptação natural que vai acabar sobrecarregando a lesão e/ou outras partes do corpo que também podem se lesionar.

Já vi corredor machucar o joelho porque seguiu correndo com bolhas nos pés. Já vi corredor machucar o quadril porque seguiu correndo com lesão no menisco.

O treino de força é muitas vezes subestimado. Na academia podemos controlar muita coisa. É possível dosar carga, volume, ângulo de execução do exercício, estabilizar as articulações e trabalhar diferentes grupos musculares. Mas isso já foi muito bem escrito pelos colegas. 

@Leogato obrigado
excelente post
quando eu falei em recuperação ativa
nao quis dizer fazer a mesma coisa
acho q nao me expressei bem
quis dizer isso q vc falou

eu sou do tempo q colocavam em repouso absoluto
o corpo todo e nao a area lesionada
e isso q eu quis dizer q pelo conhecimento atual nao parece mais ser o certo

"Uma vez devidamente diagnosticada a lesão, realmente o repouso absoluto não é aconselhado visto que pode retardar ainda mais o processo de recuperação plena do atleta.

Por exemplo: uma fratura de antebraço devido queda e um atleta de voleibol. Possivelmente passará por cirurgia para corrigir a fratura e assim que tiver alta médica deverá voltar a treinar o quanto antes, pois o tempo inativo trás prejuízos de força, flexibilidade, resistência aeróbia, etc. Por isso concordo com os colegas acima que escreveram que é plenamente possível seguir com os treinos desde que respeitando os limites da lesão."

quando a frase esporte doi, falta de esporte mata

nao tem a ver com lesoes
mas com a dor natural do esporte q muitos querem evitar
e ai enveredam por esportes q nao doi, nao sua, nao cansa e ai nada acontece

Bom, tenho um caso real pra relatar sobre isso...
é claro que cada um tem um corpo, uma recuperação diferente, mas acredito que tenha ligação com não ficar parado, vamos la´.....

Meu tio, meu primo e eu tivemos a mesma lesão (luxação acromioclavicular), em épocas diferentes, claro. Meu tio tinha 40 anos, eu e meu primo 29. Ambos bem de saúde, praticantes de algum esporte.

Tio foi o que se lesionou primeiro, demorou a começar a fisioterapia, por orientação médica, e quando começou foi bem na manha... recuperou-se em 7-8 meses. 

Eu fui o próximo, um pouco mais grave que meu tio, deu tipo 5 a luxação... Meu médico me liberou rápido para fisio e eu afobado do jeito que sou, sofria com os movimentos, mas ia ao limite da dor para me recuperar o quanto antes, pois não conseguia ficar parado .... recuperei-,me em 3-4 meses.

Meu primo, ainda um pouco mais acelerado que eu, a lesão não foi tão grave.. deu o gás na fisio por indicação minha ( vai vendo rsrs) ... recuperou-se em 2-3 meses.

Outra coisa IMPORTANTÍSSIMA nas reabilitações (sou fisio tb) é a participação ativa do paciente.

Foi-se o tempo em que o paciente era passivo e não participava do processo. Sempre que vcs tiverem lesões, procurem por profissionais que expliquem os mecanismos de lesão e reabilitação, além de orientação para "autotratamento" DIÁRIO.

Ja reabilitei PO de protese de joelho de senhorinha de 70a com 1 sessão por semana
Na europa tem POs de protese de quadril que sequer é indicado esse tratamento "convencional", sendo o tto todo baseado no autocuidado

Claro que cada caso é um caso e depende da cultura do individuo, mas RECUPERAÇÃO ATIVA + EDUCAÇÃO DO PACIENTE é evidência cientifica forte em qualquer guideline atual

@Leogato

bem colocadas suas observações.

eu mesmo tenho vários problemas articulares que se eu tratasse propriamente na época da lesão, provavelmente hoje não estariam tão mal quanto estão.

Gostei das discussões....to aprendendo bastante.
Tenho uma duvida com relação aos tendões. No caso de alguma dor nos tendões seria melhor também a recuperação ativa?