Durante minha formação, pensava que um bom fisioterapeuta era aquele que dominava as mais variadas técnicas. Manipulação (os famosos estalos), mobilização, técnicas de liberação miofascial, osteopatia, quiropraxia, RPG, kinesio tape, etc.
Sempre busquei isso durante minha faculdade, investi um bom dinheiro em cursos e na época de estágio até era considerado um bom estagiário por onde passei. Só uma coisa me deixava curioso: os pacientes melhoravam mas logo em seguida, cerca de algumas semanas ou meses, eles voltavam. Isso me incomodava um pouco pois eu aplicava algumas técnicas bem avançadas e não melhorava 100%. Até que conheci a metodologia científica e a famosa PBE (prática baseada em evidência). Posso afirmar, foi um divisor de águas.
As pessoas me procuravam achando que EU iria RESOLVER o problema delas. E eu ACEITAVA que isso que eu deveria fazer: RESOLVER o problema.
Nada pior... pra mim e para o paciente...
Prática baseada em evidência se resume a: melhor intervenção científica disponível + experiência do terapeuta + interesse do paciente.
Hoje o que sabemos sobre tratamento e recuperação das desordens musculoesqueléticas é que a recuperação ativa é o padrão ouro de intervenção, ou seja, EXERCÍCIO é a chave! Adequar o exercício realizado à prática do paciente e intervir nos fatores intrínsecos e extrínsecos de cada indivíduo é o desafio do fisioterapeuta! Sem exercício físico é muito provável que sua lesão não se recupere e você estará colocando as chances contra você!
Tudo bem, mas por que você está escrevendo isso?
Pois ainda hoje somos bombardeados por pseudo-ciência, por tratamentos passivos , estes apresentando-se como segunda linha em evidência científica, sendo o carro chefe na nossa prática clínica. Quiropraxia, RPG, kinesio tape, etc não devem ser desconsiderados, porém não podem tomar a frente dos exercícios físicos quando o assunto é reabilitação. Quando isso é feito, além de não estar embasado cientificamente, você tira a responsabilidade do paciente do tratamento, o que é impensável!
Sempre brinco que o fisioterapeuta é responsável por 30% da melhora do paciente, os outros 70% se dá pelo interesse do paciente e mudanças de hábitos!
No mais, é isso! Por mais exercícios e mais ciência, menos intervenção passiva e achismos!
Bom ano novo a todos!