Vou correr o risco de tocar nesse assunto novamente porque está ocorrendo uma interpretação equivocada dos resultados das vacinas.
Antes de mais nada eu sou a favor de vacinação. Meu comentário é uma reflexão sobre comunicação de risco e como ela está sendo feita de modo equivocado.
Ontem divulgaram alguns dados sobre a coronavac dizendo que ela tinha 78% de eficácia. Logo diversas mídias começaram com a seguinte afirmação.
“A cada 100 vacinados 78 estão protegidos de sintomas leves”
ERRADO
78% de eficácia é um número relativo. É uma redução de 78% em relação ao grupo que tomou placebo.
Pra entender melhor a diferença vou usar outro desfecho. Imagine que a vacina tenha sido avaliada para risco de suicidio. No grupo controle ocorreram 2 casos de suicidio, e no grupo vacina ocorreram 4 casos. O risco relativo aumentou 100%.
Pronto: “A cada 100 vacinados 100 morrem de suicidio”
CLARO que não.
Não estou dizendo que vacina em questão seja ruim. A efetividade dela só será comprovada quando estiver sendo usada no mundo real. Mas isso é comunicação inadequada de risco. Uma forma de inumeração que fará que decisões absurdas sejam tomadas. Bilhões sejam gastos com métrica equivocada.
Sugestões de leitura:
Innumeracy - John Allen Paulos
Calculated risk - Gerd Gigerenzer